A partir da recuperação das nascentes, o cuidado com o meio ambiente

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Além de garantir água de qualidade para famílias do interior, as obras de recuperação de nascentes têm um impacto ambiental positivo. De 2018 até agora, são 39 vertentes já contempladas com o trabalho, coordenado pelo Comitê das Nascentes de Venâncio Aires, além das duas que estão sendo abrangidas, atualmente.

Integrante do Comitê, o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, explica que, em todas as obras, a água captada direto da fonte (sem a possibilidade de contaminação externa) é direcionada, por meio de um cano, para uma caixa d’água que abastece a família.

Um fator importante citado por ele é a utilização da boia, que faz com que não haja desperdício de água – quando o reservatório está cheio, para de puxar água. Assim, o excedente pode seguir o curso normal da vertente, até desembocar no arroio.

“A tendência é que essas famílias desperdicem menos água. Quando se tem uma caixa d’água maior, também há reserva na época de pouca chuva. Com um bom volume acumulado, há uma menor demanda da fonte”, comenta o engenheiro agrônomo.

Fin também observa que, com o cano que direciona a água da nascente para a caixa d’água e diretamente para o consumo da família, é eliminado o uso de mangueiras. “Com isso, se evita que a água da nascente verta em tanques, açudes e até mesmo em chiqueiros, reduzindo a chance de desperdício e de contaminação, já que muitas vezes eram mangueiras furadas”, comenta.

Outra ação que tem sido incentivada junto aos produtores rurais é a construção de esterqueiras cobertas, para evitar que os dejetos sejam carregados pela água da chuva e acabem poluindo os cursos d’água.

Infográfico mostra como é feita a intervenção nas fontes de água (Foto: Divulgação/Emater)

Plantio de árvores no entorno da vertente

A preservação da mata próxima das nascentes é outro aspecto que ganha destaque no trabalho de recuperação das vertentes no interior de Venâncio Aires. Para o chefe da Emater, Vicente Fin, esse é um dos principais ganhos ambientais do projeto. “É muito importante repor a mata ciliar próximo da nascente e dos corredores de água”, ressalta. A mata ciliar atua como uma barreira natural, evitando o assoreamento no local. Em alguns casos, é preciso plantar mudas de árvores, enquanto em outros, basta cercar o local para impedir a invasão de animais e permitir que a mata se regenere.

Em Linha Marechal Floriano, o agricultor Antônio Derli Nunes da Silva, 62 anos, já havia plantado mudas de árvores próximo da nascente antes mesmo da obra de recuperação da vertente. Depois de ter sido contemplado com a iniciativa, há cerca de três anos, ele plantou mais algumas mudas e o objetivo é ampliar o pomar, que já tem árvores de goiaba, ameixa, acerola e araçá, entre outras espécies.

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Derli e Amneris plantaram diversas árvores frutíferas no entorno da nascente do arroio Castelhano (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

“É um projeto muito bom esse que fizeram para as nascentes. A água é tudo. E o que foi feito fica para sempre, é bom para a gente, para os filhos e netos”, considera Derli, como é conhecido. Na propriedade, onde reside com a esposa, Amneris dos Santos da Silva, 59 anos, e o filho caçula, ele cultiva tabaco, feijão, milho e verduras, além de mais de cem pés de frutas. Outra ação já planejada pela família, para proteção da nascente, é cercar a área.

O produtor rural garante que a qualidade da água consumida pela família melhorou muito desde a recuperação da nascente. Antes, era utilizada água de um poço. Ele comenta que, com a seca, houve redução da quantidade da água, mas isso não chegou a afetar o abastecimento.

Em andamento

• Atualmente, duas nascentes em Linha Cipó estão recebendo o trabalho de recuperação. Uma obra é viabilizada com recursos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Habitação, na propriedade de Noeli Weslling e do filho Leandro Weslling, e a outra com investimento da empresa CTA Continental Tobaccos Alliance, na propriedade de Arceli Lineu Henn. São a 40ª e 41ª nascentes contempladas pelo trabalho. No mês passado, foram concluídas outras duas: uma em Cipó e outra em Linha Julieta.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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