No início da noite de terça-feira, 30, a cidade foi sacudida com a notícia de que Pedro Schwengber, 71 anos, o Pedrão, diretor-executivo da Escola do Chimarrão, tinha falecido, em casa. “Ele estava bastante gripado, não almoçou na terça e foi descansar. Como não saía do quarto, fui ver, depois das 17h, e encontrei ele sem vida”, me contou o filho Tiago, ontem, durante o velório. “Ele sofria de apneia do sono, mas a suspeita médica é de infarto”, acrescentou Tiago, sem ter um laudo oficial ainda, que vai sair hoje.
A Escola do Chimarrão foi fundada em 1998, por iniciativa da diretora da então ervateira Rainha dos Pampas, de Linha Travessa, Rejane Rüdiger Pastore. Em 2003, Pedro, que é primo de Rejane – as mães são irmãs – e também nasceu em Travessa, perto da ervateira, foi dar consultoria na empresa. Dali surgiu a ideia de criar o Instituto Escola do Chimarrão. Foi um divisor de águas na vida dele. Dos negócios mal-sucedidos, Pedro encontrou na promoção do chimarrão a sua realização pessoal e fez disso o seu meio de vida nos últimos 20 anos. Simpático, bonachão, de cuia na mão, rodou pelo Brasil, promovendo o chimarrão, tradição dos gaúchos que virara símbolo de Venâncio Aires com a criação de Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), em 1986, pelo então prefeito Almedo Dettenborn (PMDB). Pedro era ‘embaixador’ do município e se transformou na pessoa mais conhecida de Venâncio pelo Rio Grande, pelo Brasil e pelo mundo.
Carismático, ele transformou o chimarrão em símbolo ainda maior do que já era para os gaúchos. Criou o famoso chimarrão de 11 segundos, que a maioria das pessoas adotou para fazer o seu. Eu tinha um embate, saudável, com Pedro, de que o meu chimarrão, o tradicional, com a erva acomodada na lateral da cuia, com tampa, ou com a mão mesmo, ficava mais saboroso do que o de 11 segundos dele. Isso rendeu boas prosas e risadas. E, como lembrou a rainha da Fenachim 2022, Veridiana Röhsler, na sua homenagem de despedida a Pedro, em rede social, “ele tinha uma saída genial: dizia que não existe chimarrão errado, errado é não tomar chimarrão.”
Que descanse em paz o amigo Pedrão, e que prossiga, agora, com mateadas celestiais. Nós ficamos com as lembranças e o legado que ele deixa de ter tornado o chimarrão mais nobre e simbólico.