Meia-lua, o chima favorito do Pedrão

O meia-lua era o chimarrão favorito do Pedrão. Apesar de ensinar e perpetuar 36 formas diferentes, era esse o modelo que ele considerava o mais bonito.
Mas foi com o chimarrão de 11 segundos, que é o tradicional, que ele ficou conhecido Brasil afora.
Pedrão sempre prezou pela facilidade, por isso, dizia que para ganhar o mundo, era preciso tornar o chimarrão uma bebida democrática, de fácil preparo. Suas dicas também ficarão sempre na memória de quem já acompanhou uma palestra, aula ou entrevista.
O cuidado com a temperatura da água e a dica infalível de manter a erva-mate na geladeira ou congelador, carrego sempre comigo, a cada vez que eu preparo um chimarrão. E assim vai continuar.

Para o menino da porteira…

Essa foto impressa (algo um tanto raro nos dias de hoje), estava guardada na minha casa para eu entregar ao Pedrão. Nos encontrávamos nas mateadas por aí, mas eu sempre esquecia de entregar essa dedicatória.
Essa foto é o registro de um dos momentos mais especiais da minha vida e que originou a forma como eu costumava chamar Pedro Schwengber: o menino da porteira.
No concurso que elegeu as soberanas da 12ª Fenachim, em novembro de 2011, foi ele que abriu a porteirinha que tinha no palco e recebeu as candidatas com um modelo de chimarrão que seria usado no desfile individual. O meu foi o China Pobre (o chimarrão com pouca erva-mate) e que eu tive que mencionar na hora do desfile, com aquele Poliesportivo lotado. O fato sempre rendia risadas quando lembrávamos daquele dia.
De lá pra cá, o que não faltam são lembranças especiais, da Fenachim e de tantos outros eventos. Como o dia que ele derrubou erva-mate no tapete do Palácio Piratini, do voo apertado ao meu lado, a caminho de Brasília, do carreteiro preparado nos fundos do ônibus da escola e daquele papo que tivemos com uma menina que ficou encantada de saber que era aquele senhor do outdoor, na entrada da cidade.
Todas as vezes que nos falávamos, não faltava abraço apertado e, ao Lauro, dizia que não precisava sentir ciúmes. Era um paizão!
No domingo, durante a quermesse em Linha Brasil, nos vimos pela última vez. Foi essa também a última vez que Pedrão esteve em um evento oficial da Escola do Chimarrão na Capital do Chimarrão, berço deste projeto que tanto nos orgulha.
Naquela manhã nublada e fria, ele veio ao meu encontro e me cobrou porque eu não tinha ainda lhe dado um abraço e eu respondi: “acabei de chegar, capaz que eu não iria lhe dar um abraço de urso. Te vi de longe”, respondi.
Ficamos uns segundos abraçados, minha mãe ainda elogiou nossa amizade e ele contou da agenda que teria no dia seguinte, em Rio Grande. Era sua despedida.
Obrigada por tudo, Pedrão! Obrigada por tudo, menino da porteira!



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há mais de 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora. A jornalista coordena a produção jornalística da redação integrada com a Rádio Terra FM. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso e apresenta o programa Folha 105 - 1ª edição, de segunda a sexta-feira, ao vivo, das 11h às 12h.

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