Quatro anos depois do primeiro julgamento, os quatro denunciados pela morte do bancário Júlio Assmann Marder voltam a sentar no banco dos réus. Salete de Azevedo, Márcia Rejane Kist Severo, Marcos Roberto Cottes Figueiró e Antônio Alcides Oestreich foram condenados na primeira sessão, realizada no dia 5 de maio de 2019, mas o Tribunal de Justiça (TJ) anulou o julgamento e determinou a realização de um novo júri. O pedido de anulação foi feito pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, por entender que a pena de Oestreich não condizia com o crime por ele praticado.
Na sessão de 2019, Salete foi condenada a 22 anos de reclusão, Márcia e Figueiró a 18 anos cada um e Oestreich a 2 anos e dois meses. Em plenário, Oestreich confirmou que foi o executor do plano e, no entendimento do promotor Pedro Porto, não poderia ter recebido uma pena tão baixa. A exceção do mecânico, os outros réus foram levados a casas prisionais, mas acabaram soltos.
A denúncia
A denúncia apresentada e sustentada pelo Ministério Público diz que Salete foi a mentora e contou com a ajuda da amiga Márcia e do namorado dela na época, Figueiró, para contratar Oestreich, que foi o executor do crime. Ele foi colocado dentro da casa da vítima e, por isso, quando o bancário voltou de uma janta que teve com um grupo de amigos, foi surpreendido por Oestreich. A denúncia diz que ele estava escondido e o atacou com uma faca.
Marder morreu no local e no dia seguinte, pela manhã, Salete foi até a Brigada Militar, onde disse que encontrou o companheiro morto. O corpo estava próximo do quarto onde ela dormia (eles dormiam em quartos separados).
A cena do crime foi isolada e horas depois o delegado Felipe Staub Cano representou pela prisão preventiva de Salete, por entender que ela tinha participação.
A sessão de hoje inicia às 9h30min, no Fórum de Venâncio Aires. Salete segue sendo defendida pela banca do advogado Ezequiel Vetoretti, de Santa Cruz do Sul, e Márcia e Figueiró, pelo advogado Gustavo Bretana, de Venâncio. A defesa de Oestreich será da defensora pública Bibiana Arcari do Espírito Santo, da Defensoria itinerante, de Porto Alegre.
Ao falar sobre o julgamento de hoje, Gustavo Bretana disse que pretende mostrar as provas existentes no processo. “Não vamos discutir o que achamos, mas unicamente mostrar as provas do processo, para que os jurados possam julgar de acordo com as suas consciências.”
O criminalista disse que a morte do bancário tomou notoriedade, mas que há fatos a serem esclarecidos. “Trata-se de um fato que acabou sendo conhecido sob um único ponto de vista e temos o compromisso de esclarecer os fatos”, sintetizou Bretana.
Procurado, o advogado Ezequiel Vetoretti disse que se manifestará somente depois do júri.
A acusação dos réus será feita pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto. Ao comentar a sessão de hoje, foi categórico: “Estou plenamente confiante de que será feita justiça ao assassinato de Julio Assmann Marder, sendo condenados todos os denunciados, conforme requerido na denúncia do Ministério Público.” Os trabalhos são presididos pela juíza Cristina Margarete Junqueira.
Relembre o caso
O bancário Júlio Assmann Marder, então com 58 anos, foi morto no final da noite do dia 26 de outubro de 2017, instantes após chegar na casa onde morava com a companheira, Salete de Azevedo, próximo ao estádio Edmundo Feix, no bairro Aviação.
A denúncia do Ministério Público diz que ele foi morto com golpes de faca desferidos pelo mecânico Antônio Alcides Oestreich, que estava escondido dentro do imóvel e surprendeu o bancário. Ainda conforme a denúncia do MP, o plano foi arquitetado por Salete e a amiga Márcia Rejane Kist Severo, com a ajuda do namorado dela na época, Marcos Roberto Cottes Figueiró, e foi executado pelo mecânico.
Depois do crime, Oestreich saiu com a caminhonete do bancário e a levou até Linha Coronel Brito, onde foi buscado, conforme a denúncia, por Figueiró. A intenção era simular um assalto e afastar o crime premeditado. No entanto, no dia seguinte o delegado da época, Felipe Staub Cano, viu contradições no depoimento de Salete e então ele representou pela prisão preventiva dela. No decorrer das investigações, os policiais chegaram aos nomes de Márcia e de Figueiró e, por último, do mecânico. O promotor Pedro Porto denunciou os quatro e eles foram levados a júri no dia 5 de junho de 2019.