Para a família Schuck, amendoim é possibilidade de diversificação

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Seja para preparar o tradicional cri-cri ou a rapadura, acompanhar o chimarrão ou servir como petisco e acompanhamento na hora das refeições, o amendoim pode ser um companheiro para muitas horas. Para a família Schuck, de Linha Santana, no interior de Venâncio Aires, além dessas funções, o alimento é visto como possibilidade de diversificação na produção rural e uma fonte de renda extra.

Na propriedade familiar, Tatiana Schuck, 47 anos, cultiva amendoim há cerca de 15 anos, com o auxílio dos pais Elmiro e Helena Schuck, de 70 anos e 67 anos, respectivamente. O trabalho é desenvolvido junto com o plantio de tabaco e cana-de-açúcar. A colheita do amendoim na propriedade iniciou há aproximadamente um mês e a família já comemora o resultado. “Levando em conta o que plantamos, estamos colhendo uma supersafra”, relata Tatiana.

A quantidade é considerada positiva porque a lavoura renderá entre 25 e 30 sacos de amendoim. Além disso, o tamanho dele também chamou atenção dos Schuck. “O clima colaborou. Acho que o amendoim não gosta muito de chuva”, comenta Elmiro. A família vende o amendoim de duas maneiras: descascado, ao valor de R$ 15 o quilo, e com casca selecionado, por R$ 10 o quilo.

A comercialização é feita para pessoas conhecidas e para dois clientes que são de Campo Bom e Porto Alegre. Segundo Tatiana, o plantio da leguminosa pode ser feito entre agosto e outubro. Ela sempre procura realizá-lo no mês de setembro. Já a colheita inicia entre o fim de abril e início de maio.

Os moradores de Linha Santana também destacam que o período da colheita do amendoim exige dias de sol, especialmente para que ele não pegue umidade e perca qualidade. Depois dos pés serem arrancados, a família costuma deixá-los por dois a três dias na lavoura para que as vagens sequem enquanto ainda estão no pé. Após, elas são retiradas e colocadas em outro local para que continuem secando ao sol. O próximo passo é realizar a limpeza.

Por fim, as vagens são selecionadas e abertas conforme a necessidade. “Este ano o amendoim foi grande e bonito. Um ‘safrão’”, salienta Tatiana. Há quatro anos a família lembra que também colheu bastante amendoim, quando foram 70 sacos na safra.

Produção em Venâncio

Em Venâncio Aires, conforme dados do chefe do escritório municipal da Emater, Vicente João Fin, o amendoim é cultivado em uma área de 30 hectares, levando em consideração agricultores que plantam apenas para consumo próprio e aqueles que comercializam a leguminosa. A produtividade geral do município é de três mil quilos por hectare. Quando levado em consideração apenas os 25 produtores que plantam o amendoim com foco na venda, a produtividade sobe para 3,8 mil quilos por hectare e a área de cultivo reduz para 5,2 hectares.

Segundo Fin, um fator que tem dificultado a manutenção de lavouras na Capital do Chimarrão é a presença de animais nativos, como a mão-pelada, quati, roedores em geral e cachorro-do-mato, que estragam os pés de amendoim.

“A orientação é que os produtores que têm condições coloquem cerca elétrica ao redor para evitar que os animais invadam, principalmente a partir do momento que começa a granação [enchimento e formação do grão]”, observa. O engenheiro agrônomo explica que normalmente esses animais cavocam junto aos pés, o que causa prejuízos.

Orientações para o consumo adequado do amendoim

De acordo com a nutricionista Tainara Neves, moradora de Vila Santo Antônio, no interior de Mato Leitão, o amendoim é um alimento classificado como leguminosa oleaginosa e é muito utilizado por ser de valor acessível. “É rico em vitaminas, fibras, proteína e gordura instaurada (‘gordura boa’). Pode ajudar a controlar o colesterol, melhorar o funcionamento intestinal e prevenir câncer, por exemplo”, informa.

Ela menciona que, por ser rico em vitaminas do complexo B, que ajudam na formação de neurotransmissores, como a serotonina, o amendoim é capaz de auxiliar na melhora do humor. “É um bom alimento do ponto de vista nutricional, mas é importante ressaltar que é altamente calórico. Logo, deve ser consumido com moderação”, destaca.

A nutricionista também lembra que é comum a utilização do amendoim como forma de petisco, com temperos e sabores em reuniões com amigos, por exemplo. Mas alerta que esse consumo pode ser arriscado. “Estamos distraídos e acabamos consumindo grandes quantidades e, por consequência, muitas calorias, que pode ocasionar o ganho de peso, se feito com frequência. O ideal é consumir o amendoim puro, sem estar acrescido de mais produtos, compondo uma receita”, orienta.


Nutricionista Tainara Neves explica características do alimento

Segundo Tainara, a porção diária recomendada é de aproximadamente 30 gramas. Ela ainda esclarece que para a maioria das pessoas não há contraindicações para o consumo, no entanto, o amendoim é um alimento com alto potencial alergênico, ou seja, muitas pessoas acabam desenvolvendo alergia a ele. “Alérgicos ao amendoim não podem consumi-lo, para evitar um choque anafilático ou outras reações fisiológicas”, ressalta.

A extensionista rural social da Emater da Capital do Chimarrão, Viviane Röhrs, observa que além de apresentar uma alta qualidade nutricional, o amendoim é considerado uma rica fonte de energia e de aminoácidos. “É um alimento funcional, mas deve ser consumido em quantidades adequadas. Uma leguminosa bastante versátil, podendo ser utilizada em diversas preparações culinárias, como doces, saladas, sobremesas, lanches e bolos”, avalia.



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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