Decreto restringe a venda de armas e impõe limites aos clubes de tiro

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Decreto assinado pelo presidente Lula (PT) e publicado no Diário Oficial na sexta-feira, 21, altera diversos itens no Programa de Ação na Segurança (PAS), tendo como alvo principal os caçadores, atiradores e colecionadores (CACs). O documento restringe o funcionamento de clubes de tiro e a fiscalização passará a ser da Polícia Federal e não mais do Exército. A partir de agora, Civis (para uso de defesa pessoal) poderão ter até duas armas de uso permitido, além de 50 munições por arma, anualmente.

A efetivação do decreto, que visa reverter a flexibilização proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) é uma promessa de campanha de Lula e prioridade do ministro da Justiça, Flávio Dino. Pelas novas normas, o número de armas por CACs cai de 60 para 16. Os clubes de tiro não poderão funcionar próximos de escolas e o horário limite vai ser às 22h. O governo também acabou com a permissão de portar arma municiada entre a residência e o local de atividade de tiro esportivo.

Alterações

Muitas são as alterações do decreto. A partir de agora, os caçadores poderão ter, no máximo, seis armas e até 500 munições por arma, no período de um ano, com a devida autorização do Ibama.

Aos colecionadores é permitida até uma arma de cada modelo, mas estão proibidas armas automáticas e as longas semiautomáticas de calibre de uso restrito cujo primeiro lote de fabricação tenha menos de 70 anos.

Aos atiradores, o governo estabeleceu uma divisão de níveis. Os atiradores nível 1 são aqueles com oito treinamentos ou competições em clube de tiro, em eventos distintos, a cada 12 meses. Eles podem ter até quatro armas de fogo de uso permitido e 4 mil cartuchos por ano, entre outras restrições.

Os atiradores nível 2 possuem 12 treinamentos em clube de tiro e quatro competições, das quais duas de âmbito estadual, regional ou nacional, a cada ano. Eles podem ter até oito armas de fogo de uso permitido e até 10 mil cartuchos, por ano, entre outras restrições.

O atirador nível 3 é aquele com 20 treinamentos em clube de tiro e seis competições, das quais duas de âmbito nacional ou internacional, no período de um ano. Ele tem direito a possuir até 16 armas de fogo, sendo 12 de uso permitido e até quatro de uso restrito, podendo adquirir até 20 mil cartuchos por ano, entre outras restrições.

Prejuízos

O decreto do Governo Federal, além de alterar drasticamente a legislação vigente, impacta diretamente na economia dos clubes de tiro e lojas legalizadas que comercializam armamentos e munições. Para se ter uma ideia do impacto causado pelo decreto do governo Lula, esta semana a Taurus demitiu 100 funcionários.

Uma das empresas atingidas na Capital do Chimarrão é a Turco Armas, localizada na rua Henrique Vila Nova, no bairro Cidade Alta. A Loja de armas e que possui um clube de tiros funciona diariamente das 8h às 12h e das 13h30min às 18h. Por isso, a limitação do horário do funcionamento dos clubes de tiro, definido pelo decreto presidencial, proibindo o funcionamento durante as 24h, não afeta a empresa.

No entanto, explica o despachante da Turco Armas, Daniel Vargas, a partir de agora há uma limitação às pessoas que querem frequentar o clube de tiros. Antes, cada sócio do clube de tiro (são mais de 200 pessoas) podia convidar uma pessoa para ir até o estande praticar o tiro recreativo. Ou seja, as pessoas podiam ir até o local, construído dentro das normas exigidas pelo Exército, para aprender a atirar.

Com o decreto, só atiradores com Certificado de Registro (CR) pode ir ao clube praticar o tiro ao alvo. “Essa alteração fez diminuir o movimento do clube de tiros em mais de 50%”, explica Vargas.

O estande de tiros da Turco Armas tem 15 metros de extensão, três alvos móveis e tem como instrutor Eduardo Janisch, de 26 anos.

A loja da Turco Armas, assim como todas os estabelecimentos legalizados que funcionam no Brasil, sofreu restrições na venda de armas e munições. Agora, algumas armas não podem mais ser comercializadas, como as pistolas 9 milímetros, a .40 e a 45 milímetros.
Também há proibição para a venda de armas longas, como as espingardas calibre 12, semiautomáticas.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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