O mês de agosto é conhecido pela campanha Agosto Dourado, de incentivo ao aleitamento materno. Neste último fim de semana do mês, decidi dedicar um espaço da coluna para falar sobre este tema que tem feito parte da minha rotina desde o nascimento da Laura, há quase um ano.
Ao mesmo tempo que não há nada mais natural do que uma mãe amamentar seu filho, ainda há muitos mitos, dúvidas e inseguranças sobre o assunto, que podem dificultar e até mesmo inviabilizar amamentação. A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que os bebês recebam o leite materno, exclusivamente, até os seis meses. Até essa idade, de forma geral, não há necessidade de nenhum outro alimento.
O leite materno tem todos os nutrientes que a criança precisa para se desenvolver e contribui de forma significativa com o sistema imunológico, para prevenir infecções respiratórias, alergias e diarreia. Isso, sem falar no vínculo entre mãe e bebê. Amamentar também é um fator de proteção para a mulher na prevenção do câncer de mama, e auxilia na recuperação após o parto.
Mas é preciso dizer que amamentar não é fácil. Não falo isso para desestimular. Muito pelo contrário: conhecer as dificuldades e poder se preparar para elas é uma estratégia a mais para alcançar o sucesso. Durante a gravidez busquei muitas informações sobre amamentação e elas foram aliadas importantes para compreender o que funcionamento do meu corpo, para persistir mesmo diante dos desafios e, especialmente, não duvidar sobre o potencial do leite materno, quando surgiram as dúvidas e os dilemas naturais da maternidade e comentários que, mesmo sem querer, desestimulam a amamentação.
Tive uma rede de apoio muito importante e que contribuiu muito para conseguir amamentar até hoje. Por isso, desejo que esse texto também seja lido por homens, por companheiros, familiares e amigos de gestantes e mulheres que estão amamentando. Esse é um assunto de todos e não deve ficar restrito às consultas médicas e grupos de gestantes.
Apenas a mãe pode amamentar, mas todos que estão próximos podem contribuir para isso – e acredito que isso é um dever, se considerarmos a importância da amamentação e os reflexos no desenvolvimento da criança e de toda a sociedade. Se o leite materno tem benefícios confirmados para a saúde da criança, em uma grande escala, isso também pode representar menos gastos com saúde pública, menos vírus circulando nas escolas, menos ausência das mães no trabalho, mais qualidade de vida. Todos ganham com isso.
De forma prática, há diversas ações possíveis: alcançar um copo d’água para a mãe que está amamentando; respeitar o momento entre mãe e filho, sem interrupções; levar um lanche quando for visitar a família com um recém-nascido; oferecer-se para auxiliar em um trabalho doméstico, enquanto a mãe descansa; apoiar a mãe na escolha de amamentar.
Na vida corrida que levamos, de fato, é difícil conciliar a amamentação – um processo fisiológico da nossa natureza como animais mamíferos – com as diversas outras atribuições do mundo moderno que temos, com rotinas e horários que nem sempre são condizentes.
A legislação garante que até os seis meses – período mínimo de aleitamento materno recomendado pela OMS – a mãe tenha uma hora a mais de intervalo na carga horária de trabalho para amamentar o filho. Também é possível ir às escolas de Educação Infantil amamentar, assim como ordenhar e enviar o leite para que seja oferecido à criança na creche. A Secretaria Municipal de Educação de Venâncio Aires tem feito um trabalho importante de divulgação dessas possibilidades nas escolas e sobre a importância do aleitamento materno. Aos poucos temos tido conquistas, mas ainda é preciso avançar mais. É um assunto para ser naturalizado, estudado e estar na pauta não apenas em agosto, mas todos os dias.