Somado aos prejuízos em cerca de 600 casas (pelo menos 30 delas parcialmente ou completamente destruídas pela água), as perdas na região de Vila Mariante também são contabilizadas no comércio, na indústria e na agricultura, ainda que seja cedo para saber o real impacto financeiro em cada setor.
A comerciante Leonice Garcia da Rosa, que tem uma agropecuária e floricultura no centro da vila, ainda ontem não sabia exatamente tudo que perdeu na enchente, já que os últimos dois dias foram concentrados na limpeza. “Salvamos muita coisa, mas perdemos muita coisa, porque é pouco tempo para levantar e socorrer. Ninguém esperava água nessa proporção. Aqui se perdeu ração, milho, farelo”, comentou Leonice, durante entrevista ao repórter Ismael Stürmer, da Terra FM.
O prédio onde funciona o comércio foi construído 40 centímetros acima do nível alcançado por uma outra grande enchente, mas, dessa vez, não foi suficiente e a água invadiu o espaço. Em meio ao trabalho de limpeza, ontem, a agropecuária estava aberta para, de uma forma ou de outra, atender quem precisava. Muita gente, por exemplo, foi atrás de botas de borracha. “Todo comerciante aqui foi prejudicado. A gente está aberto. Precariamente, mas está, tentando ajudar e servindo quem precisa”, destacou Leonice.
Frigoríficos
Entre as indústrias, a Granja Avícola Bom Frango, em Picada Nova, está entre as afetadas e a expectativa é retomar a produção na próxima segunda-feira, 11. O frigorífico Boi Gaúcho também foi seriamente impactado e, segundo o diretor de vendas da empresa, Jaison do Nascimento, nos setores de almoxarifado e informatização a perda foi quase total. “Desde quinta-feira conseguimos fazer uma força-tarefa para limpeza e já estão em funcionamento o carregamento e a sala de desossa. A expectativa é voltar com os abates já neste sábado”, informou Nascimento.
Quanto aos animais, ele relatou que foram perdidos oito terneiros e uma vaca, mas que não faziam parte do lote de abate. “Conseguimos tirar a tempo 339 cabeças e levar para o Parque do Chimarrão. Outros 250 ficaram na mangueira, mas se salvaram.”
O frigorífico tem quase 200 funcionários e mais de 90% são moradores de Vila Mariante ou têm alguma relação familiar com a localidade. “Em todos os setores, todo mundo aqui foi afetado de alguma forma. Temos a preocupação de levantar a autoestima de todos e vamos dar todo apoio possível”, afirmou Nascimento.
“Os prejuízos são enormes e Vila Mariante vai ter que começar tudo de novo. Temos que ter fé e garra, porque é uma batalha difícil. Mas temos que agradecer por estarmos vivos. Isso é o mais importante.”
NERI DO NASCIMENTO – Proprietário do Frigorífico Boi Gaúcho
Agricultura
As perdas na agricultura também ainda são contabilizadas, mas, uma análise inicial aponta prejuízos em muitas culturas. Segundo o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, ainda não é possível estimar valores, mas ele mencionou que a água destruiu pastagens e lavouras de milho, trigo e tabaco. “Também foram perdidas muitas cabeças de gado, aves, suínos coloniais, madeira, lenha e hortas domésticas. Tem produtor que perdeu até 100 caixas de abelha. Além de peixes, já que os açudes também foram tomados pelo rio.”