Pois, é, todo mundo gosta de dar palpite. Alias, sabemos que no Brasil temos mais de duzentos milhões de técnicos de futebol. Neste aspecto vale o mesmo para a medicina. Temos até um provérbio que diz que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Em outras palavras, devemos também ter quase duzentos milhões de entendidos em remédios. E olhem, o vizinho ou o amigo sempre costuma ter uma boa sugestão para aquele dor de barriga ou aquela ressaca.
Quero justamente levantar esta polêmica, pois, nos dias de hoje é cada vez mais frequente as pessoas leigas valerem-se do fácil acesso à internet para a obtenção de informações sobre tratamentos para os mais variados problemas. Há pesquisas mostrando que a propaganda de produtos farmacêuticos veiculada pela mídia pode causar grande motivação para o uso inadequado e prejudicial de muitos medicamentos. Assim, o Projeto de Monitorização da Anvisa, sugere que cerca de 90% destes comerciais apresentam algum tipo de irregularidade. A própria publicidade direcionada à classe médica, segundo este órgão fiscalizador, apresenta problemas muito sérios e que incluem desde a falta de advertência sobre contraindicações (14%) até a falta de uma efetiva comprovação científica (10%) de determinados resultados propagados.
Posto isto, vale lembrar que o acesso aos profissionais médicos tem sido facilitado a toda a população. Em hipótese alguma se devem seguir orientações de vizinhos, amigos ou parentes, sob a alegação de que determinado medicamento estaria trazendo este ou aquele beneficio. O mesmo vale para os balconistas das farmácias, os quais não costumam ter preparo especifico para esta função terapêutica. Chamo atenção para a diferença entre atendente de balcão de farmácia e a própria atividade de farmacêutico. O médico ao receitar determinados medicamentos dever conhecer eventuais contraindicações. Por outro lado, no momento da aquisição do medicamento, havendo dúvidas, ainda se pode solicitar orientação do farmacêutico do estabelecimento comercial. Este profissional tem um importante papel dentro do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária na notificação de eventuais efeitos colaterais decorrentes do uso do medicamento.
Vale, pois uma importante dica: Em hipótese alguma façam uso da automedicação. Em outras palavras, quem tem problemas de saúde deve sempre procurar por orientação médica.