A prevenção e o cuidado periódico são etapas importantes contra o desenvolvimento de doenças e cânceres. Entre os tipos de câncer está o de garganta, que pode se desenvolver em qualquer parte da boca (língua, lábios, bochechas) e no fundo da boca. Segundo o otorrinolaringologista Renato Fragomeni, o câncer pode ser visto quando estamos diante do espelho com a boca aberta, região que inclui a base da língua, o palato mole, a úvula, as amígdalas, os pilares amigdalianos, as paredes laterais e posterior da garganta.
O local é formado por vários tipos de células e tecidos, nos quais diferentes tipos de tumores podem se desenvolver. Fragomeni explica que para diagnosticar o câncer de garganta, o médico poderá usar algumas abordagens. Inicialmente, é feito o exame de oroscopia, quando o médico especialista examina todas as partes da boca e orofaringe, e também utiliza o video-faringo-laringoscopia, um aparelho com câmera que transmite as imagens para uma tela que examinará a parte mais profunda da garganta e a laringe (onde ficam as cordas vocais).
Se durante os exames for detectada alguma anormalidade, o passo seguinte é a realização de uma biópsia, quando é coletada uma amostra do tecido e enviada para análise, chamado de exame anatomopatológico, que diagnosticará o tipo do tumor. “Confirmado o diagnóstico, é necessário fazer o estadiamento, ou seja, descobrir o grau da doença. Exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética ou PET Scan, poderão ser solicitados para determinar a extensão da doença e verificar se ela afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos”, afirma o médico.
Tratamento
O otorrinolaringologista ressalta que a escolha do tratamento mais adequado é baseada em fatores como a localização do tumor e seu estadiamento, tipos de células presentes, se há infecção pelo HPV, estado de saúde geral do paciente e preferências pessoais. Os possíveis procedimentos são a cirurgia, que normalmente é a abordagem inicial, a depender da localização e do estágio em que o câncer se encontra, além das condições de saúde do paciente, para poder ser realizada, e a radioterapia, que é indicada para cânceres de garganta pequenos ou que ainda não se espalharam para os linfonodos.
Pode ainda ser associada à quimioterapia ou à cirurgia e, em estágios avançados da doença, auxilia a reduzir os sintomas e deixar o paciente mais confortável. A quimioterapia, geralmente feita junto com a radioterapia, tem o objetivo de matar as células cancerosas.
Fragomeni enfatiza que equipes multidisciplinares são necessárias no tratamento do câncer de garganta. Normalmente, atuam oncologista clínico, cirurgião de cabeça e pescoço, radio-oncologista, fonoaudiólogo, dentista, fisioterapeuta e enfermeiro. “Eles acompanham o paciente de uma forma global, participando ativamente do tratamento e da reabilitação, já que será preciso recuperar a capacidade de engolir, ingerir alimentos sólidos e mesmo de falar”, explica.
Sintomas
- Dor de garganta.
- Dificuldade para engolir.
- Engasgos frequentes.
- Presença de lesões esbranquiçadas ou avermelhadas persistentes nessa região (no interior da boca e nas amígdalas) por mais de três semanas.
- Ínguas no pescoço igualmente persistentes (por período superior a três semanas).
- Tosse frequente.
- Alterações na voz, como rouquidão ou dificuldade para pronunciar as palavras claramente.
- Dor de ouvido.
- Perda de peso não intencional.
- Dificuldade para respirar.
Incidências
- Entre os cânceres mais frequentes, o da cavidade oral ocupa a oitava posição. Em homens, é o quarto tipo mais comum. E, na região Sul, ocupa a sexta posição. Entre as mulheres, está em 16º lugar.
- No Rio Grande do Sul, a estimativa para este ano, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é de uma incidência de 5,79% em homens e 1,12% em mulheres (a cada 100 mil habitantes) do câncer de cavidade oral, e de 4,46% em homens e 0,45% em mulheres do câncer de laringe.
- O câncer de laringe ocupa a 18ª posição entre os mais frequentes. “É muito mais frequente entre os homens do que entre as mulheres, com as taxas de incidência mais elevadas nas regiões Sul e Sudeste”, explica Fragomeni.
- Em homens, o câncer da laringe é o 13º mais incidente na região Sul, com 7,37% por 100 mil habitantes e, entre as mulheres, é o 19º mais frequente, com 1,31%.
Cuidados e prevenção
O médico reforça que não existe uma maneira cientificamente comprovada de prevenir que o câncer de garganta aconteça, mas alguns cuidados podem ser úteis na redução do risco, como:
- Evitar o tabagismo.
- Evitar bebidas alcoólicas (destiladas) em excesso.
- Evitar chimarrão em temperatura acima de 60 graus.
- Ter dieta balanceada rica em frutas e verduras e evitar alimentos industrializados.
- Hidratação – tomar bastante água.
- Ter uma boa higiene dentária.
- Proteger-se contra o HPV – utilizar preservativo em todas as relações sexuais e discutir com seu médico sobre a vacina contra o HPV, que diminui o risco de infecção e potencialmente evita o câncer de garganta, assim como outros tipos de neoplasias associadas a este vírus, como o câncer do colo uterino.