Falar sobre gastos com diárias, seja na Prefeitura ou na Câmara de Vereadores, é sempre delicado. O assunto não é do gosto dos políticos, pois a comunidade em geral não aceita com tranquilidade os argumentos de que diária é investimento. Fato é que o mecanismo é esse e os detentores de cargos públicos precisam utilizar os valores para custear despesas referentes a transporte, alimentação e pernoite, quando é o caso, já que são representantes oficiais. A diária tem preço fixo – dependendo do destino – e foi a melhor forma encontrada pelo poder público para custeio e prestação de contas.
Nas páginas 20 e 21 desta edição, a Folha do Mate está publicando matéria com informações a respeito das diárias da Prefeitura e da Câmara de Vereadores em 2023. Nos dois casos, os gastos são superiores ao ano passado, fato que, inicialmente, leva o cidadão a entender que os políticos gastam demais. Há ainda quem acredite que os beneficiários podem elevar os salários com a ‘economia’ de diárias e reversão da diferença para o próprio bolso. Sim, é verdade que tudo isso faz parte do contexto das diárias, mas não podemos partir do pressuposto de que todo mundo que está na política pensa só em benefício próprio. Aliás, em Venâncio Aires, mesmo em momentos de aumento de valores, jamais se constatou abuso na utilização.
Ao mesmo tempo em que gastar com diárias motiva críticas da população, na política, quem não está perto das pessoas que têm recursos para destinar – sejam parlamentares, gestores ou intermediários de ministérios, em Brasília – costuma ficar chupando o dedo. Reforçando, há um incremento do gasto em 2023, mas também há uma série de emendas já garantidas, recursos encaminhados e comunidades atendidas em suas demandas. Nos últimos anos, muito do que entrou no caixa do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), por exemplo, foi oriundo de emendas buscadas em Brasília pelos políticos de Venâncio Aires.
Sem sombra de dúvida, os gastos com diárias devem ser sempre acompanhados – até para que tenhamos uma média considerada tolerável de recursos a serem liberados -, mas não é de bom tom crucificar agentes políticos que fazem uso do mecanismo legal. Se os valores continuarem se transformando em boas notícias para a Capital Nacional do Chimarrão, não há porque criticar o tempo todo.