Nos últimos anos, a incidência de carrapatos nos pets – cães e gatos -, tem aumentado na área urbana de Venâncio Aires. A constatação é do médico veterinário Luciano Frozza. O profissional ressalta que até alguns anos, a infestação de carrapatos era restrita à área rural, mas hoje se vê disseminada em todo o território da Capital Nacional do Chimarrão e também há surto em outros municípios.
O médico explica que tanto cães como gatos podem ser acometidos pelos parasitas, mas devido à população canina ser maior na região, os cães são os mais afetados. Segundo Frozza, é difícil explicar os motivos. Normalmente, os animais com carrapato que chegam às clínicas são aqueles resgatados das ruas, com histórico de vida livre, cães e gatos de ‘porteira aberta’ com livre contato com a rua e outros animais. Em animais domésticos, criados em casas ou apartamentos, a incidência é menor.
O médico veterinário inclusive menciona que a quantidade de animais abandonados e resgatados por ONGs ou pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), depois da pandemia de coronavírus, é maior do que antes, e esse é um fator importante para o aumento da infestação de carrapatos.
A identificação dos carrapatos é, em grande parte, visual. Os tipos de carrapatos que mais afetam os pets são dois: o Boophilus Microplus, conhecido como o carrapato do boi, tem casca dura e tamanho maior; e o Rhipicephalus Sanguineus, que é o carrapato do cão, um pouco menor. “Na zona urbana, pode ter a contaminação cruzada. Apesar de acometer mais bovinos, também pode afetar caninos e outras espécies. O mais comum de ser encontrado na cidade é o segundo tipo, que é menor, mesmo que o tamanho dele dependa do ciclo e do estágio que está, e se já se alimentou ou não”, observa.
Entre os cuidados que os tutores de pets devem ter é fazer uma frequente inspeção visual, pois apesar de o carrapato ser pequeno, é possível vê-lo. Também ficar atento aos sintomas como coceira, alergia, queda de pelo no local da picada e feridas pelo corpo. Entre os locais mais afetados estão orelhas, pescoço, axilas e cauda, mas pode acometer qualquer lugar do corpo do animal. Para tratar, é preciso fazer a remoção dos carrapatos e um acompanhamento visual com terapia tópica ou oral.
O tempo de vida do carrapato nos animais ou ambiente é muito variável, podendo durar semanas ou até meses. Então, depois da eliminação, ainda podem ficar ovos contaminando o ambiente. “Importante manter a limpeza de pátios, grama baixa e uma vistoria permanente nos animais”, recomenda.
Ação no corpo do animal
1 Frozza explica que é preciso entender o ciclo de vida do carrapato, do ovo até a fase adulta, e o crescimento pode levar semanas, de acordo com fatores ambientais e hospedeiros. O carrapato que contamina é a fêmea que está na fase adulta, e precisa se alimentar do sangue dos pets. Depois as fêmeas caem ao solo e colocam novos ovos, começando o ciclo novamente.
2 Os carrapatos precisam de um hospedeiro para se alimentar, no caso os cães e gatos, para também conseguirem se reproduzir. É nesta alimentação do sangue, que há risco de transmissão de uma série de doenças, não só parasitárias, mas coceiras, lesões de pele e anemia.
3 O grande problema, segundo o veterinário, são as doenças hemoparasitárias, transmitidas pelo carrapato aos cães, como anaplasmose, babesiose, erliquiose, e nos gatos a hemobartonelose, que causam inúmeros transtornos e podem levar a óbito se não tratadas da forma correta.
4 O veterinário destaca que a erliquiose é uma doença grave, com sintomas como febre, letargia, perda de apetite, problemas articulares, sangramentos, anemia profunda e pode levar a óbito. “É importantíssimo o controle do parasita”, reforça.
Risco para os seres humanos
- Além de contaminar os animais, os carrapatos também trazem riscos de saúde para aos humanos. É um outro tipo de carrapato que ocasiona isso, e uma das doenças provocadas é a doença de Lyme, quando o carrapato se torna transmissor de zoonoses. A doença provoca incômodos de coceira, prurido, alergias e diversas alterações dermatológicas.