As lembranças do DJ Jacson, precursor da cultura de rua em Venâncio

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O prêmio Fortalece Cultura de Rua recebido pelo eletricista Jacson Oliveira, 47 anos, no dia 19, por ter sido precursor do hip hop em Venâncio Aires, vai além do quadro que estará em destaque no apartamento onde ele reside com a esposa Claudete Metz, no bairro Bela Vista. A homenagem é um símbolo das conquistas, dos desafios e tabus quebrados desde que, no fim da década de 1980, descobriu o rap como forma de expressão e disseminou a cultura do hip hop entre tantos outros venâncio-airenses.

Como liderança da cultura de rua em Venâncio, ao longo de diversos anos, Jacson participou de formação da Central Única das Favelas (Cufa) (Foto: Arquivo pessoal)

O ano era 1989 e, por intermédio do irmão Mauro (já falecido), que participava de grupos de  breaking – dança de rua -, Jacson passou a ouvir rap e dar os primeiros passos como dançarino BBoy, inspirado também no ícone da cultura pop, Michael Jackson. “Fui me identificando e despertou em mim o interesse da dança”, conta ele, que se tornou DJ, participou de diversos eventos de rap e liderou grupos, especialmente, com jovens do bairro Battisti.

Ele lembra com carinho dos encontros realizados no Centro da cidade, ao lado da Igreja São Sebastião Mártir. “Começamos com duas caixinhas de som, amplificador pequeno, mesa com dois discmans e mixer de quatro canais. Com o passar do tempo, me tornei DJ”, ressalta ele, que hoje atua na Refrimate. Durante nove anos, foi comunicador na rádio comunitária Interativa FM.

Para Jacson, a cultura do hip hop é um dos principais meios de atrair a atenção dos jovens que enfrentam situações difíceis, como pobreza, preconceito e dependência química. “Seja pela dança ou pela música, com o rap, é uma expressão da comunidade, um salvador de vidas. Através dos grupos de dança que realizávamos vários jovens optaram por ter uma vida digna e hoje têm família, são bem-sucedidos”, ressalta.

Isso é motivo de orgulho para Jacson. “Estou muito feliz com esse reconhecimento da Coat. Não é apenas um prêmio meu, mas de todos que estiveram envolvidos nesse trabalho, que é uma das melhores formas de chegar na comunidade e salvar vidas.”

Jacson Oliveira faz questão de mencionar pessoas que foram especiais na trajetória: Robson Paraboa, vereador Benildo Soares, a ONG Coat e o jornal Folha do Mate, que sempre abriu espaço para a divulgação da cultura do hip hop. Ele também destaca o apoio da professora Cleiva Heck. “Ela sedia a academia dela para termos espaço para treinar”, relembra.

“O mais gratificante é saber que deixei um legado, uma história positiva, e que, através da dança, vários jovens optaram por uma vida digna.”
JACSON OLIVEIRA – Eletricista e DJ



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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