Ele é um guri dos anos 2000 que apreciava as músicas sertanejas que os pais ouviam nos anos 1990. Gostava de inventar frases e versos para cantar e gravava no toca-fitas para não esquecê-las. As letras e as melodias de duplas como Zezé Di Camargo e Luciano e Leandro e Leonardo foram, lá atrás, uma inspiração para Mateus Eduardo Pereira, hoje com 24 anos, começar a escrever versos e poesias. Isso foi em 2011, quando num caderno com capa de Luan Santana, outro cantor sertanejo do qual gosta das músicas, o menino começou a arriscar as primeiras frases.
Cada página do caderno que ele destacava tinha uma poesia, escrita a lápis (para conseguir apagar caso errasse), e que ele foi dobrando dentro da caixa onde veio um All Star. Foi nessa caixa de sapato, guardada na gaveta do quarto, ainda na casa dos pais João e Bárbara, em Vila Palanque, que o jovem reuniu cerca de 170 poesias, todas elas separadas por ano. Em 2023, 60 delas foram transformadas em um livro.
“Sou tímido e nunca ‘fui pra frente’ em querer aprender música em si, mas sempre tive vivo algo relacionado a ela. Foi então que comecei a escrever meus primeiros poemas”, relata Mateus, que trabalha em uma ervateira em Vila Palanque. Lá, faz de tudo um pouco, desde embocar erva verde na esteira, ajudar no frete e até mesmo carregar os caminhões com erva já seca.
Ele conta que no início eram apenas versos perdidos em várias folhas de papel. Versos de um adolescente, vezes apaixonado, vezes iludido. Em outras, meio com raiva de alguma situação da vida, às vezes até depressivo. Fatores que foram moldando muitos dos versos que escreveu. “A ideia inicial de transcrever alguns deles em um livro veio inspirada em um parente que também tem alguns livros impressos, o Leandro José de Souza. Até então eu não fazia questão de procurar, ou então me inspirar em correr atrás para fazer o livro. Ali vi que era possível.”
A obra
O livro de Mateus chama-se ‘Meus Singelos Versos – dos primórdios à atualidade’. Tem cinco capítulos, desde o começo, em 2011, até os dias atuais. São 60 poemas em 92 páginas e, entre cada capítulo, há algumas observações do que esperar nele. É possível comprá-lo na loja virtual da Uiclap, a editora que tornou a publicação possível, pelo preço de R$ 26,95. O autor também tem alguns exemplares com ele, por R$ 25. O contato é o 51 99650-8339. “Tem um exemplar na Biblioteca Pública de Venâncio, para quem quiser dar uma olhada nele também”, comenta Mateus.
Saiba mais
• O primeiro poema de Mateus é ‘Sentimento’, escrito em 2011, quando tinha 12 anos. Nos primeiros tempos, ele conta que as poesias falavam mais sobre sonhos e romances. Hoje, falam sobre questões cotidianas, de histórias que conhece, como se fossem crônicas.
• Entre as poesias que integram o livro, está ‘Primeiro encontro’, que ele fez para a namorada, Suelen Taís Barden, 26 anos, sobre quando se conheceram, em 2016. Os dois moram em Vila Santa Emília, com os pais de Suelen, Loivi e Aloisio Barden, leitores e assinantes da Folha do Mate.
• Natural de Palanque, Mateus fez o Ensino Médio na escola Frida Reckziegel. Sobre cursar alguma faculdade, revela que já pensou na possibilidade de estudar algo relacionado às letras, para aprimorar seu lado escritor.
• “Não que logo fosse querer viver desse propósito. Longe disso. O livro é uma realização, de uma obra que fiz na vida. Foi uma oportunidade de mostrar para muitas pessoas aquilo que sei fazer e que posso aprimorar muito ainda com algum estudo de letras.”