Saúde. Cinco letras, um significado e uma infinidade de pessoas que clamam por ela todos os dias. De fato, sem saúde não é possível realizar nenhum outro sonho que se tenha. Saúde física, mental ou emocional. Muitas vezes não se percebe sua grandeza ou importância, mas na falta dela percebe-se o quanto é necessária.
Foi em 2023 que Orvalina dos Santos, 49 anos, conhecida como Nega, recebeu a notícia do reestabelecimento da saúde que tanto buscava: a cura do câncer. O diagnóstico da doença chegou ao acaso, após procurar o posto de saúde Central para tratar uma infecção urinária. A equipe de enfermagem orientou a realização do exame preventivo e mamografia recomendados para pacientes com mais de 40 anos. Com o resultado da mamografia, o diagnóstico: nódulo na mama esquerda.
A trajetória de tratamento no Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, começou em dezembro de 2021. Na cidade vizinha, fez todos os exames de praxe e foi dado o diagnóstico de câncer de mama maligno nível III. “Foi um susto porque eu não esperava, não tinha nenhum sintoma. Mas o que eu fiz foi aceitar a doença, aceitar o tratamento, já é meio caminho andado”, salienta.
De imediato, começou com 16 quimioterapias, quatro vermelhas e 12 brancas. Nega tinha o cabelo bem longo e a chance de perdê-lo foi algo que mexeu com ela. Por isso, as amigas se uniram e ajudaram no pagamento da utilização da touca que evita a queda dos fios. “Usei algumas vezes, mas o cabelo estava fraco. Um dia estava com muita febre e tomei banho antes de sair para consultar e acabei passando condicionador, o que não podia. O cabelo ficou um nó, precisei raspar no mesmo dia”, relata.
Com o apoio que recebeu de familiares e amigos, não ter cabelos se tornou algo natural. O período de quimioterapias foi relativamente tranquilo, com poucos efeitos colaterais. Nega encerrou essa etapa em novembro do ano passado, quando bateu a tão esperada sineta de finalização do ciclo de quimioterapias, um momento esperado e comemorado. “Sempre fui muito bem atendida, todos muito atenciosos e prestativos, foi importante ter essa acolhida”, ressalta.
Em janeiro deste ano, foi realizada uma cirurgia para retirada do nódulo. “Ele já tinha diminuído muito com a quimioterapia, foi muito tranquilo”, comemora. Alguns meses depois, deu início a 25 sessões de radioterapia, quando passou por dificuldades. Ela teve uma lesão grave devido a queimaduras no local da radiação, o que acarretou em uma infecção. Precisou tomar antibiótico por três semanas e lidar com o desconforto na região.
Com a finalização do tratamento, a venâncio-airense vive a alegria de concluir esta etapa. Precisa seguir realizando exames a cada seis meses, para acompanhar qualquer mudança no organismo e monitorar o esôfago, já que os exames mostram alterações que, no momento, não causam preocupação, mas precisam ser acompanhadas. “O que levo disso tudo são as amizades que fiz e o agradecimento a todos que me ajudaram de alguma forma. A gente só dá valor quando adoece”, reflete.
“Fui forte pelo meu filho”
Nega tem dois filhos, Leonardo Mello Willms, de 25 anos, e Gabriel Mello Willms, 24, que é autista, não fala e é muito dependente da mãe. Quando soube da doença, ela pensou muito nele e que precisaria de força para superar tudo. “Eu nunca neguei minha doença. Nem sempre foi fácil, mas fiz o que precisava ser feito e fui forte principalmente pelo meu filho que precisa de mim”, salienta.
Ela sempre fez tudo que os médicos orientavam, se alimentava bem para se manter forte. Quando esteve em tratamento, contou principalmente com a ajuda do filho mais velho, Leonardo, para os cuidados com o irmão.
SONHOS
Além da saúde, Nega tem alguns sonhos. No próximo ano, conclui um curso de cuidadora de idosos. A intenção é conseguir voltar ao mercado de trabalho, já que está há anos afastada para se dedicar ao filho integralmente. “Temos que agradecer cada amanhecer, por tudo o que a gente tem, do jeito que a gente tem. Valorizo o que conquistei até aqui e quero seguir fazendo o que gosto, tomando meu chimarrão, conversando com as amigas e comemorando cada conquista”, acrescenta.