Neste domingo, 7 de janeiro, é comemorado o Dia do Leitor. A data foi criada como uma homenagem ao jornal cearense ‘O Povo’, fundado pelo poeta e jornalista Demócrito Rocha, em 1928. Um ano depois, Rocha lançou o suplemento ‘Maracajá’, que se tornou um espaço de divulgação do movimento modernista literário cearense nas primeiras décadas do século XX. Feita a pequena referência histórica, fato é que, até mesmo para quem lê com frequência, é difícil explicar umas das questões mais comuns quando o assunto é leitura: como desenvolver esse hábito? Afinal, é de conhecimento geral que a leitura ensina, provoca a refletir, dá argumentos e é um excelente exercício para o cérebro. Ok, mas como começar?
No caso do advogado Fernando Ferreira Heissler, 39 anos, antes de ser um prazer, a leitura foi entendida como algo que integra o ‘pacote’ dos bons hábitos diários para uma vida mais saudável, como se alimentar bem, dormir bem e se exercitar fisicamente. “Foi durante a faculdade que comecei a ler mais e, nos últimos cinco anos, a leitura é rotina. Acordo, tomo café, me exercito. Depois chego no escritório e vou ler a Folha do Mate. Além disso, dedico de 30 minutos a uma hora por dia para ler livros. Considero uma necessidade básica, importante para nutrir nosso intelecto.”
Sobre a leitura do jornal, Heissler, que é assinante, entende que a informação local é fundamental. “Para a gente que vive em Venâncio Aires, é inegociável não se informar sobre o que acontece aqui e a Folha consegue trazer isso muito bem. Contempla todos os assuntos e se preocupa com a profundidade. Vai além das expectativas”, avalia. Embora tenha acesso à leitura digital da Folha do Mate, diz que gosta mesmo de folhear o jornal. Tanto que aos sábados, sai de casa de manhã cedo para buscar o impresso no seu escritório de advocacia, onde recebe as edições da semana.
O leitor também considera que a Folha oportuniza às gerações mais novas, acostumadas com redes sociais, um canal de informação confiável. “Me preocupa quando vejo certa ingenuidade nos mais novos, que se baseiam muito pelo que veem nas redes sociais. Na maioria das vezes são informações rasas, com pouca profundidade. A informação precisa ter credibilidade. Também acho muito importante a função de registro que a Folha do Mate tem, porque ela é um acervo para a história do município.”
Pelo exemplo
Perguntado sobre ‘como começar a ler’, Heissler acredita que a formação de novos leitores passa pelo exemplo. Ele, que tem um filho de 14 anos, entende que não é pela imposição que a motivação vai acontecer. “Se as crianças nos verem lendo, quem sabe elas também vão despertar para isso. Acho que o maior incentivo é pelo exemplo.”
Lista de livros
Leitor assíduo, também, de livros, Fernando Heissler conta que participa de um clube de leitura on-line, onde são listadas obras para ler durante um ano. Além disso, ele mesmo vai incluindo títulos que têm como meta e recebe muitas sugestões do amigo Tom Pereira, outro grande leitor. Em 2023, por exemplo, Heissler leu 26 livros. Mas aqui, diferente do hábito do jornal impresso, conta que se habituou a ler no Kindle (para leitura de e-books, os livros digitais), pela praticidade.
Entre as preferências estão biografias e gostou muito de ‘Ayrton Senna, a face do gênio’, de Christopher Hilton, e ‘Arnold Schwarzenegger, a inacreditável história da minha vida’, autobiográfico. O autor favorito é o português José Saramago, que escreveu ‘Ensaio sobre a cegueira’, um dos livros prediletos de Ferreira e que já releu algumas vezes.
Outro que lhe marcou muito foi ‘A peste’, do francês Albert Camus. “Tem coisas na literatura que foram escritas há décadas, mas cujos temas e ideias são sempre atuais.” Entre os brasileiros, cita Carla Madeira, autora de ‘Tudo é rio’. Atualmente, está lendo ‘Conversas difíceis’, de Bruce Patton.
220 – é o número aproximado de livros que Fernando Heissler já leu.
O valor da leitura
Entendo que a leitura para o jornalista é algo caro. É fundamental. Muitos vão para essa profissão por causa da leitura, pois ela faz pensar, questionar, faz borbulhar as ideias e, naturalmente, motiva a comunicação e a escrita. Foi assim comigo e ainda é. Mas para além da profissão, considero que a leitura é, concordando com a opinião de Fernando Heissler, um dos bons hábitos que precisamos cultivar para uma vida mais saudável, independente da idade ou das ocupações.
Há alguns dias recebi mensagem de uma leitora da Folha contando que o filho dela, de 9 anos, leu uma matéria de cunho histórico que publicamos (em duas páginas) e queria mais! Que alegria e orgulho saber que essa criança lê e lê a Folha do Mate. Mostra a importância do jornal, que traz a informação e vira registro, e da leitura, que instiga a curiosidade e o aprendizado.
Muitos me perguntam como me tornei leitora. Comecei com os gibis da Turma da Mônica, os quais fizeram eu destinar quase todas as moedas da minha infância para o Big Bem, a saudosa banca do Yegor. Lembranças à parte, acho que a regra é a mesma para qualquer coisa que precisamos fazer por alguma necessidade: apenas comece. A obrigação vai virando hábito, que vai virando prazer e os resultados aparecerão. Sobre o que ler, acho que gosto é particular, mas me permito sugerir as obras de Erico Verissimo, para mim, o maior de todos. E, naturalmente, que leiam a Folha. Se um jornal impresso circula há mais de 50 anos é porque se consolidou como fonte de informação e sempre teve algo a contar, perguntar, ensinar e, claro, ajudar na formação de leitores.
