O consumidor que gosta de comer melancias nos dias mais quentes certamente notou que ela está mais salgada. Mas não no gosto, e sim no preço. Uma pesquisa da reportagem da Folha do Mate pelos mercados venâncio-airenses detectou que o preço médio do quilo da fruta tem custado em torno de R$ 4. Ou seja, para comprar uma melancia grande, de 13 quilos, o cliente teria que desembolsar mais de R$ 50.
A explicação, segundo os especialistas, é a chuva. “Nas regiões produtoras, como Butiá, Arroio dos Ratos, São Jerônimo, Triunfo e Barão do Triunfo, houve muitas perdas com as chuvas e não foi possível plantar na época correta, porque não se conseguia fazer o preparo do solo”, explicou o engenheiro agrônono da a Gerência Técnica da Central de Abastecimento S/A (Ceasa), Léo Marques, em participação no programa Folha 105 – 1ª Edição, da Terra FM, desta segunda-feira, 8. Já o chefe local da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, afirmou que a falta de luminosidade também atrapalhou a polinização das melancias, que é feita pela abelha e outros insetos. Sem a luz, a fruta florescia, mas não era polinizada.
Fin adicionou que a melancia tem um agravante em relação a outras frutas, que é o fato de não haver produção local: “O produtor tem que tirar os custos de produção. O caminhoneiro tem que cobrar um pouco mais porque, como intermediário, ele tem que ganhar acima do custo. Quando chega ao mercado, à feira ou à tenda, esse pessoal tem uma margem de 30% a 35% de lucro da qual eles não vão abrir mão”.
Outro ponto muito importante para entender a elevação no custo é que a dificuldade na produção diminuiu a oferta, mas a procura pela fruta, que no verão é sempre muito alta, seguiu alta. Conforme Marques, o volume ofertado em dezembro de 2023 respondeu apenas a 25% da oferta da melancia gaúcha em 2022 no Ceasa. “Os atacadistas, para conseguirem atender à demanda por melancia, foram buscá-las na Bahia. Mas é mais cara pelo custo de frete. Entrando no mercado, ela impulsiona o valor para cima”, esclareceu.
PIOR JÁ PASSOU
Porém, também é consenso de que o pior período em relação aos preços já passou, que foi a segunda metade de dezembro. O engenheiro explicou que os produtos que deveriam chegar em dezembro estão sendo comercializados agora e que, por conta disso, a oferta está normalizando, o que deixa o preço mais acessível ao consumidor. Da mesma forma em relação à qualidade da fruta, que também deve aumentar.