Maiores aportes e redução da taxa de juros são as expectativas para o novo plano das indústrias

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na última segunda-feira, 22, a Nova Indústria Brasil (NIB), um plano de ações que até 2033 pretende impulsionar o desenvolvimento do país por meio de estímulos à inovação e à sustentabilidade em áreas estratégicas para investimento. Em Venâncio Aires, Administração Municipal e Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva) projetam mudanças positivas com o novo plano.

A nova política prevê o uso de recursos públicos para atrair investimentos privados. Entre as medidas, a criação de linhas de crédito especiais; subvenções; ações regulatórias e de propriedade intelectual, bem como uma política de obras e compras públicas, com incentivos ao conteúdo local, para fomentar o setor produtivo em favor do desenvolvimento do país.

Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda, em dados divulgados na Revista Perfil Socioeconômico 2023/24, a indústria representa 50,84% da economia da Capital do Chimarrão. De acordo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Marcos Hüttmann, como é uma política recém-anunciada, esta ainda tem pouco impacto efetivo, principalmente quando tem relação direta aos municípios.

Ainda assim, ele diz que a expectativa é que o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) tenha mais aportes financeiros e linhas de crédito e, sendo assim, será possível reduzir a taxa de juros para os investimentos na indústria. “É importante também enfatizar que o montante destinado ao financiamento à inovação dentro dos recursos do Finep/BNDES oportunizará mais acesso das startups às linhas de crédito, se isso se confirmar”, explica.

R$ 300 bilhões – em financiamentos estão previstos pelo BNDES até 2026

Conforme o vice-presidente da Indústria da Caciva, Vilmar de Oliveira, todo plano que priorize a retomada do crescimento da indústria é bem-vindo. “O grande desafio é que essas medidas efetivamente sejam implantadas em todos os setores envolvidos com políticas públicas bem definidas para facilitar o acesso”, detalha.

Expectativa

Segundo o Governo Federal, a expectativa é de que, colocadas em prática, essas medidas resultem na melhoria do cotidiano das pessoas, no estímulo ao desenvolvimento produtivo e tecnológico; e na ampliação da competitividade da indústria brasileira, além de nortear o investimento, promover melhores empregos e impulsionar a presença qualificada do país no mercado internacional.

*Com informações de Agência Brasil

Entenda

1. As metas estão agrupadas em seis missões. A primeira, que é a das cadeias agroindustriais, pretende garantir segurança alimentar e nutricional da população brasileira. O objetivo é chegar à próxima década com 70% dos estabelecimentos de agricultura familiar mecanizados. Atualmente, este percentual está em 18%, segundo o governo. Além disso, 95% dessas máquinas devem ser produzidas nacionalmente, o que envolverá a fabricação de equipamentos para agricultura de precisão, máquinas agrícolas para a grande produção, ampliação e otimização da capacidade produtiva da agricultura familiar.

2. O segundo é o da área da saúde, e tem como meta ampliar de 42% para 70% a participação da produção no país, no âmbito das aquisições de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, entre outros. A expectativa é de que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja fortalecido.

3. O terceiro grupo – bem-estar das pessoas nas cidades – envolve as áreas de infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis. Ele tem como conceito reduzir em 20% o tempo de deslocamento das pessoas de casa para o trabalho. Atualmente esse tempo é, em média, de 4,8 horas semanais no país, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE.

4. A transformação digital é o foco do quarto grupo, e tem como meta tornar a indústria mais moderna e disruptiva. Atualmente, 23,5% das empresas industriais estão digitalizadas. O propósito é ampliar para 90%, e triplicar a participação da produção nacional nos segmentos de novas tecnologias. Serão priorizados investimentos na indústria 4.0 [quarta revolução industrial, que abrange inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem] e no desenvolvimento de produtos digitais e na produção nacional de semicondutores, entre outros.

5. O quinto será focado na bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas. A meta é ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes. Atualmente os combustíveis verdes representam 21,4% dessa matriz. O governo pretende reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria nacional, que está em 107 milhões de toneladas de CO2 por trilhão de dólares produzido.

6. Já o sexto grupo de missões abrange a área da defesa. O plano pretende “alcançar autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas de maneira a fortalecer a soberania nacional”. Para tanto, priorizará “ações voltadas ao desenvolvimento de energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento, de propulsão e veículos autônomos e remotamente controlados.

Fiergs avalia de forma positiva o plano

Na avaliação da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), os objetivos do anúncio do plano Nova Indústria Brasil estão corretos e em sintonia com o trabalho realizado pelo Grupo de Política Industrial da entidade. “É importante que as autoridades máximas do país tenham reconhecido o papel da indústria como o setor básico para o desenvolvimento nacional”, destaca o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

Segundo Petry, a Fiergs vem posicionando a ‘centralidade’ da indústria no crescimento brasileiro, pois a agricultura de precisão, por exemplo, se consolidou através de máquinas e equipamentos fabricados pelo setor, assim como não existiria o comércio virtual sem a indústria da tecnologia de informação. “Portanto, estamos na base de qualquer processo de desenvolvimento efetivo e bem planejado”, avalia.



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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