A Emater do Rio Grande do Sul divulgou nesta semana que o estado deve colher 22,24 milhões de toneladas de soja, em uma área plantada de 6,68 milhões de hectares. Se isso se confirmar, será o maior volume colhido na história gaúcha. Na safra 2022/23, a produção foi de 12,9 milhões de toneladas em 6,65 milhões de hectares, ou seja, a tendência é de um aumento de 71,52%.
Se a projeção é positiva no estado, ainda mais depois de ciclos que sofreram muito devido à estiagem, em Venâncio Aires a expectativa também leva para um recorde na soja: segundo a Emater local, os 6.650 hectares cultivados podem render 23.940 toneladas, que seria o maior volume já registrado no município. “Houve um aumento de 200 hectares em relação à safra anterior e aumento de 600 quilos na quantidade por hectare. Outro fator dessa safra é que, mesmo com o atraso no plantio, as lavouras estão com bom crescimento e sadias. A colheita deve começar pelo dia 25 de março”, comentou Vicente Fin, chefe do escritório da Emater de Venâncio.
Ainda de acordo com Fin, o plantio da soja começa na metade de outubro, mas, devido aos volumes de chuva naquele período em 2023, o ciclo atrasou. Tanto, que cerca de 800 hectares foram plantados depois do dia 10 de janeiro. “Essa safra 2023/24 poderia ser ainda maior, mas o excesso de umidade atrasou o trabalho. Além disso, como vínhamos de estiagens seguidas, cerca de 150 hectares foram ocupados agora pelo arroz.”
Poderia ser mais
Entre os produtores de Venâncio Aires, Evandro da Rosa, 47 anos, plantou 130 hectares de soja nesta safra. Morador de Vila Estância Nova, ela relata que só conseguiu semear em dezembro, mais de um mês depois do ideal. “Atrasou muito por causa do clima. A chuva acabou atrasando também o preparo da terra. Por isso acredito que só vamos colher a partir do fim de abril.”
A expectativa dele é chegar a cerca de 40 sacos por hectare, o dobro do que colheu na safra anterior, que foi duramente impactada pela estiagem. “Ano passado variou entre 17 e 20 sacos. Foi uma pena. Nós viemos de quatro colheitas ruins, a seca foi muito forte desde 2019. Então considerando o que tínhamos, agora a expectativa é que a produtividade seja maior, com certeza.”
Embora projete o dobro, Evandro da Rosa relata que a colheita poderia ser ainda melhor, mas parte da lavoura foi atingida por um temporal com granizo e 140 milímetros de chuva em meia hora, registrados em 29 de janeiro, e outra chuvarada na metade de fevereiro. “Aplicamos bioestimulantes e parte da soja se recuperou. Se não tivesse os problemas do clima, daria para fazer 60 sacos por hectare. Mas quando a indústria é a céu aberto, as coisas são assim mesmo.”
257 – é o número de famílias que cultivam soja em Venâncio Aires. De acordo com a Emater, cerca de 50 delas começaram a produção nos últimos cinco anos.
Produção em Venâncio
• 2021/22 – 3,6 mil kg/hectare – 6,3 mil hectares – 22,68 mil toneladas colhidas
• 2022/23 – 3 mil kg/hectare – 6,45 mil hectares – 19,35 mil toneladas colhidas
• 2023/24 – 3,6 mil kg/hectare – 6,65 mil hectares – 23,94 mil toneladas colhidas (projeção)
Preço
Em 2023, a contribuição da soja dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) foi de R$ 35,6 milhões. O número é menor que 2022, quando alcançou R$ 42,7 milhões. Segundo Vicente Fin, a explicação passa pelo preço. “Em 2021/22 se pagava R$ 180 a saca. Depois baixou para R$ 123 e hoje em torno de R$ 108. Então mesmo com boa colheita, a questão do mercado influencia.”
Esse ponto também foi comentado por Evandro da Rosa. Conforme o produtor de Vila Estância Nova, quando ocorre uma queda no preço, ela é maior e mais rápida do que o aumento. “Quando se tem um valor um pouco melhor, o aumento é lento e gradual. Podemos ter mais grão agora, mas o preço está baixo.”