A água nunca tinha chegado aqui. É uma cena de terror. Perdemos tudo. A frase, dita pela dona de casa Neusa Fischer, de 55 anos, é uma das mais repetidas pelos moradores da parte baixa de Venâncio, que na manhã desta sexta-feira, 3, arregaçaram as mangas e começaram a contabilizar as perdas e a limpar suas casas.
Ao lado do marido, o mecânico Astor Fischer, de 63 anos e demais familiares, abriram as casas, na rua Júlio de Castilhos, no bairro União, e tiveram a certeza de que perderam tudo o que havia nos imóveis. “Moramos aqui, com a minha sogra, de 83 anos, nosso filho mora nos fundos e a sogra da minha filha mora na casa ao lado. Ainda tem um primo nosso que mora aqui do outro lado. Tudo foi perdido, mas salvamos as nossas vidas”, agradeceu.
Neusa recorda que na segunda-feira, 29, quando a chuva aumentou, ela e o marido ainda se mantinham calmos, mas atentos, já que residem naquele local há 40 anos e apenas em 2014 enfrentaram uma pequena enchente, mas sem perdas.
Porém, na manhã de terça-feira, 30, Astor notou que a água atingiria a casa deles e então resolveram ir para a casa de um parente, que mora ao lado e que projetou a casa para evitar que a água entrasse.
“Fiz o almoço e por volta das 13h30min vimos que a água vinha com força, fazendo barulho. Os bombeiros vieram e retiraram a minha sogra e quando notei, já estava com água quase no pescoço. Fui salva pelos bombeiros”, relembrou.
Astor seguiu auxiliando as pessoas a serem retiradas das casas e depois eles se refugiraram na casa de parentes, onde ficaram até a manhã desta sexta, quando voltaram aos imóveis e se depararam com tudo perdido e muita sujeira. “Acho que deu mais de 2 metros dentro da nossa casa”, observou Astor, levando em conta as marcas que ficaram nas paredes.
Algumas famílias, que residem mais próximos ao Centro da cidade e que também foram atingidas pela cheia histórica, a maior já registrada em todo o Rio Grande do Sul, já haviam iniciado a limpeza e a contabilizar os prejuízos na manhã de quinta-feira, 2.