Neste sábado, 11, Venâncio Aires completa 133 anos. Será um aniversário diferente, sem festa, sem bolo gigante, sem Fenachim, sem mateada na Praça ou no Parque do Chimarrão. Será um fim de semana de alerta máximo, de volumes expressivos de chuva, mas também de muito trabalho e solidariedade. Aliás, essas duas palavras definem bem o povo venâncio-airense.
Vivemos dias tensos e dolorosos. Custa acreditar no que os olhos estão mostrando perto da gente e também nas imagens que tomam conta dos noticiários, sites e redes sociais. Em Venâncio, enquanto os moradores da região baixa da cidade retornam aos lares – ainda há moradores em abrigos -, a região serrana está em alerta para o risco de deslizamentos. Já em Vila Mariante, o cenário é desolador. “Está inabitável”, definiu o prefeito Jarbas da Rosa. A situação é tão dramática, que o chefe do Executivo anunciou que a reconstrução do distrito terá que acontecer em outro local. A intenção é criar um loteamento em Vila Estância Nova, no distrito vizinho, para abrigar moradores de localidades que foram ‘varridas do mapa’.
É uma decisão difícil quando se trata da área que abrigou os primeiros moradores do território que hoje forma Venâncio. Mas, com eventos climáticos extremos cada vez mais recorrentes, é preciso planejar uma reconstrução que priorize áreas seguras e estratégias para acolher regiões ou, em alguns casos, cidades inteiras.
Não podemos repetir erros. Não dá para projetar recursos para reconstrução tentando fazer como era antes. Essa fórmula não cabe mais. O debate sobre a ocupação destas áreas é urgente. Não podemos fechar os olhos para o recado que a natureza vem nos dando. A enchente de 2024, que já tirou a vida de mais de 120 pessoas no estado, é uma resposta das mudanças climáticas. Sim, estamos falando da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul e temos culpa por isso. Não podemos permitir que um dos mais dolorosos capítulos da história gaúcha desapareça da memória logo ali na frente. Precisamos de soluções. Precisamos de recursos bilionários para reconstruir o Rio Grande e reservas significativas para a prevenção.
Enquanto reunimos forças para recomeçar, precisamos nos abastecer de esperança e otimismo. E uma destas fontes é a rede solidária, que vem de todas as pontas e rompe fronteiras. É comovente ver a entrega dos moradores de Venâncio, de cidades vizinhas, de outros estados e até de outros países. Temos um longo trabalho pela frente, mas vamos reconstruir, com bravura e união. Como diz o hino venâncio-airense, “o teu povo labuta confiante, esperando um risonho porvir.”