De acordo com a infectologista Sandra Knudsen, a leptospirose é uma doença que apresenta casos na região todos os anos. No entanto, agora a situação é mais preocupante, em função das enchentes. Ela explica que a doença é transmitida pela urina de animais, principalmente ratos, mas também pode ser transmitida por cães, porcos e bois. “Com a enchente, a urina vem misturada na água, lama e lodo, e as pessoas acabaram tendo muito contato com esses materiais nesta situação de cheias”, diz a profissional.
Sandra alerta que é preciso ficar atento aos sintomas, que podem aparecer até um mês depois do contato com a água contaminada. Normalmente, os sintomas se apresentam em torno de uma semana após os primeiros contatos. Ela destaca que quem apresentar qualquer um dos sintomas (veja no box), principalmente se teve contato com a enchente, deve procurar imediatamente o atendimento médico. “A leptospirose é uma doença que, ao contrário da dengue, precisa iniciar rápido o tratamento com antibiótico. É preciso ser medicado adequadamente e avaliar o risco do caso clínico. A leptospirose pode ser leve, mas também pode ser grave, podendo levar à morte”, afirma a médica.
Animais peçonhentos
- A professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde (PPGPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e coordenadora do Projeto de Extensão Pró-Saúde, professora Lia Possuelo, alerta para os acidentes com animais peçonhentos, como aranhas e cobras, que podem ficar escondidos embaixo de entulhos.
- “Precisamos pensar em prevenção. A partir do momento em que vamos para casa fazer a limpeza, é importante usar luvas e botas emborrachadas. Se não tiver as botas emborrachadas, que se use outro tipo de proteção para as pernas, para os braços, até mesmo com um saco plástico duplo, amarrado, já ajuda bastante para evitar o contato da pele com água contaminada”, explica.
- Em caso de lesões na pele ou machucados, a pessoa deve procurar, com urgência, o serviço de saúde mais próximo e comunicar os detalhes do acidente ao profissional de saúde.
(Fonte: AI Unisc)
Segunda morte no estado
No Rio Grande do Sul, duas mortes por leptospirose já foram confirmadas. Além do morador da Capital do Chimarrão, outra morte foi registrada no município de Travesseiro. A vítima foi um homem de 67 anos, que teve a casa invadida pela água. A morte foi confirmada na segunda-feira, 20.
Sintomas da leptospirose
- Os sintomas são parecidos com a dengue: dor de cabeça, dor no corpo (principalmente nas panturrilhas, as batatas das pernas), fraqueza, náusea, vômito, mal-estar, febre alta e calafrios.
- Nos casos mais graves, evolui para hemorragias e sangramentos, que podem acontecer na conjuntiva dos olhos (a parte branca do olho) e ao tossir.
- Também pode aparecer amarelão na pele e olhos, urina escura e dificuldade ao urinar, assim como diminuição na quantidade de urina.
Dicas de cuidados
- Quando a segurança da água for questionável, coloque duas gotas de solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) para cada litro de água e aguarde 30 minutos antes de usar.
- Lave pisos, paredes, bancadas e quintais com água e sabão. Após, desinfete com água sanitária na proporção de 200 mililitros para um balde com 20 litros de água limpa, deixando agir por 30 minutos.
- Descarte medicamentos e alimentos que entraram em contato com as águas, mesmo que estejam embalados.