Depois de mais de um mês sem aulas, os estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Mariante voltaram às atividades ontem. O local para estudo não é o mesmo que deixaram antes das enchentes acontecerem, em Vila Mariante. A partir de agora, todos estão acolhidos e voltaram à rotina pedagógica do ano letivo de 2024 na Escola Estadual de Ensino Médio Adelina Isabela Konzen, em Vila Estância Nova.
A mudança de local foi necessária, já que após as cheias do rio Taquari, o prédio da Escola Mariante foi muito prejudicado e não tem condições de receber os estudantes. Inicialmente, a intenção era de realocar os estudantes e professores no campus de Venâncio Aires da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), mas devido ao grande número de transferências de estudantes – eram 170 e ficaram 92 -, foi feita a integração dos educandários.
Os ônibus, que mantiveram o transporte dos estudantes com mudanças nas rotas, chegaram aos poucos, assim como os estudantes, professores e equipe diretiva, que se encontraram e trocaram abraços e palavras de saudade e consolo. É um novo começo, uma nova etapa, como mencionou a diretora da Escola Mariante, Naira Elisabeth da Rosa, no discurso antes do início das aulas.
A diretora da Escola Adelina, Adriana Dornelles Jantsch Kroth, destacou o acolhimento necessário aos alunos e equipes da Escola Mariante. Ela afirmou que os próximos dias serão de desafios, mas também de agradecimento pela oportunidade de viverem uma nova história. “Assim como todos recebem visitas nas suas casas, nossa equipe vai bem receber todos da Escola Mariante. Não tem mais os alunos da Adelina e os alunos de Mariante, são todos nossos alunos”, comentou.
Naira ressaltou a alegria de receber novamente os estudantes e poder recomeçar. “É diferente, mas é preciso voltar à rotina, é preciso continuar os aprendizados e a integração entre colegas e professores, que é muito importante neste momento. Agradeço ao acolhimento de todos da Escola Adelina”, disse, emocionada.
Esperança
Após os pronunciamentos das diretoras e apresentação das equipes de cada escola, todos ouviram juntos a música ‘Laços’, de Nando Reis. Um dos trechos da música diz: ‘Só amor é capaz de dar a vida. E encontrar uma saída. Pra esperança vir de novo a cada novo amanhecer’. Este foi o trecho destacado para marcar o recomeço de todos.
Os estudantes da Escola Mariante, Maila Beatriz Wessling, 16, Vinícius Ariel Guedes Ilha, 17, e Henrique Chaves de Araújo, 17, todos da turma do 2º ano do Ensino Médio, destacaram que, apesar de uma rotina diferente, foram bem acolhidos na nova escola. “Já conheço mais pessoas da Escola Adelina. O que mas queríamos era voltar para nossa escola, mas nesse momento não sabemos se isso um dia será possível”, afirmou Maila. Vinícius, que é morador de Vila Mariante, ainda está na casa de familiares e Maila e Henrique, que moram em Picada Mariante, já retornaram para suas residências.
“Será uma nova experiência. A felicidade é ver esse ambiente cheio e alegre. Somos agora duas escolas, mas com os mesmos objetivos: acolher, ensinar, evoluir e ter uma convivência positiva.”
ADRIANA DORNELLES JANTSCH KROTH
Diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Adelina Isabela Konzen
Adaptações
- A diretora da Escola Mariante explicou que ainda são seis estudantes que permanecem no abrigo de Linha Mangueirão e vão para a escola com o ônibus que passa pelo local. Os demais estudantes já voltaram para suas casas, principalmente nas localidades próximas de Vila Mariante, estão em casas de amigos e familiares ou foram beneficiados com aluguel social.
- Para organização da merenda escolar dos estudantes da Escola Mariante, os educandários juntaram os recursos para compra de alimentos. Na Escola Adelina foi preciso adiantar o horário de início do lanche para que todas as turmas possam, na sua vez, fazer a refeição. São 248 estudantes da Escola Adelina e mais os 92 vindos da Escola Mariante.
- A Escola Adelina tem 34 pessoas na equipe pedagógica e, agora, recebeu mais 24 profissionais que atuavam na Escola Mariante. Dois professores da Escola Mariante foram realocados para atuar nos municípios em que residem. “Estamos trabalhando juntas, nos conhecendo e dividindo tudo”, ressaltou Adriana, sobre a parceria com a diretora Naira.
- Os estudantes da Escola Mariante foram agregados às turmas já existentes da Escola Adelina com vagas disponíveis. Apenas três turmas novas tiveram que ser abertas para realocar os estudantes, no 3º e 6º anos do Ensino Fundamental e no 1º ano do Ensino Médio, que tem ensino integral, o que seguirá também na Adelina.
O dilema do ginásio
- Há mais de 10 anos interditado devido ao risco de uso e necessidade de estudo do solo, o Ginásio Esportivo e Recreativo Adelina (Gera) da Escola Adelina segue sem poder ser utilizado pelos estudantes. No entanto, com o aumento da demanda pela chegada dos estudantes da Escola Mariante, a diretora Adriana espera que agora a mantenedora tenha um olhar especial para o educandário e a situação do ginásio.
- “A esperança é grande. Nas falas da equipe da 6ª CRE [Coordenadoria Regional de Educação] senti que terão um olhar especial para as obras da Escola Adelina agora, para melhorar a prática pedagógica”, comentou Adriana. Atualmente, as aulas de Educação Física são feitas no pátio da escola.
Limpeza do prédio
- A diretora Naira afirmou que a equipe da 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop) já esteve no prédio da Escola Mariante, em Vila Mariante, realizando vistorias. Nesta quinta-feira, 6, o Corpo de Bombeiros e apenados da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) devem ir até o local para iniciar a limpeza. Após, será analisada a possibilidade de reaproveitamento de equipamentos e materiais.