A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) lançou um aplicativo para auxiliar no levantamento de dados sobre os prejuízos sofridos por produtores rurais em razão da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul. Em Venâncio Aires, os cadastros estão sendo concentrados no Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR).
Em entrevista ao programa jornalístico Terra em Uma Hora da Terra FM 105.1, realizada na terça-feira, 4, o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, explicou que a ferramenta foi criada para entender a real dimensão das perdas vivenciadas pelos agricultores. “Estávamos com dificuldade de conseguir fazer esse levantamento e precisamos ter os dados produtor por produtor para saber o que ele perdeu”, relatou.
A busca por informações envolve prejuízos com galpões, casas, produção e animais, por exemplo. “Facilita o trabalho dos sindicatos e dos técnicos para termos os dados mais fiéis possíveis”, acrescentou. Silva também lembrou que os problemas vão além de perdas estruturais, pois muitas propriedades estão impossibilitadas de serem usadas, em razão de deslizamentos.
Munida das necessidades repassadas pelos agricultores gaúchos, a Fetag vai buscar auxiliar na busca de recursos tanto com os órgãos públicos quanto com empresas e outras entidades dispostas a colaborar. As parcerias já sinalizadas envolvem o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que disponibilizou R$ 100 milhões para ajudar na reconstrução da unidade produtiva dos agricultores, e a Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja), que destinará R$ 2 milhões para a compra de utensílios aos produtores que perderam tudo.
Autoestima do produtor rural
Em meio aos números referentes aos prejuízos dos agricultores, há dados que não são possíveis quantificar. “A qualidade da saúde, o ânimo das pessoas e a vontade de conseguir continuar não conseguimos quantificar. São perdas que vamos ter que conviver. Entendemos que os governos municipal, estadual e federal vão precisar investir muito em saúde e em atendimento a essas pessoas”, ressaltou o presidente da Fetag.
Nesse sentido, ele lembrou que o meio rural conta com muitas pessoas idosas e que será necessário um trabalho intenso para auxiliar na autoestima desses agricultores, para que tenham vontade de reconstruir. Ele ainda reforçou que é necessário a suspensão definitiva da cobrança das dívidas dos agricultores.
“Até agosto está resolvido e para depois disso precisamos encontrar uma solução definitiva. As dívidas deste ano precisam ser anistiadas para os produtores que perderam tudo e as dos outros anos prorrogadas por 15 anos para eles conseguirem recomeçar”, sugeriu. Silva mencionou que é essencial haver recursos suficientes nas linhas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
“Ainda estão faltando algumas coisas que estamos cobrando, como o auxílio emergencial nos moldes do que aconteceu na pandemia e trazer milho de outros estados para alimentar os animais, porque não temos aqui”, observou. Com relação ao atendimento das demandas, Silva está otimista. “Os governos federal e estadual estão entendo as necessidades dos agricultores.”
“As perdas dos nossos agricultores são muito grandes. Agora, queremos saber no que vamos precisar atuar de verdade.”
CARLOS JOEL DA SILVA
Presidente da Fetag-RS
Levantamento em Venâncio
- Na Capital do Chimarrão, os agricultores que tiverem interesse em participar do levantamento podem procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), localizado na rua Osvaldo Aranha, 181. Segundo o presidente da entidade, Cláudio Fengler, o processo é bem simples e rápido. Inclusive, é possível responder a pesquisa pelo telefone (51) 99882-2781.
- Inicialmente, equipes do STR tentaram ir até as propriedades rurais, mas encontraram dificuldade de acesso, por isso decidiram mudar a estratégia. Além disso, para responder o questionário não é necessário ser associado à entidade.
- Até a tarde da quinta-feira, 6, cerca de 130 pessoas já tinham participado. “Nesta semana o movimento foi bem grande”, relatou Fengler. Não há prazo para encerrar a realização do levantamento, mas a orientação é que os agricultores procurem pelo atendimento o mais breve possível.