O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) de Venâncio Aires completa 89 anos de fundação nesta segunda-feira, 22. Embora a instituição ainda tenha visível, em meio às paredes, muito de uma história quase nonagenária, a estrutura evoluiu e, na fase mais recente, importantes obras saíram do papel, como serviços de ampliação da hemodiálise, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e a ressonância magnética. Para falar dos projetos, dos rumos e dos desafios do hospital, a Folha do Mate convidou o presidente, Marcelo Farinon, que traz sua avaliação do presente e da expectativa futura.
Folha do Mate: Desse primeiro ano de gestão sua como presidente, quais foram os principais desafios?
Marcelo Farinon: Os desafios diários não só aqui no São Sebastião Mártir, mas como em qualquer outra instituição hospitalar, deveriam ser os que se somam para o desempenho das funções voltadas à saúde dos pacientes. Todavia, sem sombras de dúvidas, o dia a dia, não só do presidente, mas da diretoria como um todo e, principalmente, os funcionários dedicados, é mais dispendioso e árduo na busca do equilíbrio do déficit financeiro, que temos por vezes como apontamento mensal ou anual, mas que é vivido nas 24 horas de cada dia.
O que você considerava importante fazer e que conseguiu executar nos últimos meses?
A primeira tarefa quando assumimos era de fechar o ano voltando as expectativas aos pleitos de fluxo financeiro e mantermos a qualidade dos serviços sem aumentar o déficit, trabalhando e tentando desenvolver políticas de gerenciamento e aqui, volto a frisar, a dedicação dos funcionários. Sem a aplicação de cada um não seria possível.
Qual o objetivo para este próximo ano, já quando o HSSM se encaminha para os 90 anos?
Ainda finalizando a linha de pensamento dos outros questionamentos, preciso ressaltar que o final do ano passado e início deste ano foram marcados de maneira diferente pelos acontecimentos climáticos ocorridos. De certa forma, desnortearam todo o sistema político e também financeiro, cenário de incertezas, agravado no final de abril deste ano. Cada passo e alternativa que se tivesse planejado com antecedência, precisava ser repensado e reanalisado antes de qualquer decisão. Essa incerteza geral de mercado principalmente fez com que a cautela fosse a medida mais importante. O ano ainda não acabou. Na verdade estamos agora, justamente agora, nos encaminhando para os meses mais decisivos, onde certamente precisaremos levar em consideração o agravamento do déficit acumulado para seguirmos com o planejado. Uma coisa é fato: o HSSM precisa crescer e para isso tem vários sentidos. Ele pode crescer em números de leitos, em unidades, em expansão física. Isso é fato e vem sendo discutido por outras gestões. Parte dos esforços estão debruçados em cima da avaliação e das possibilidades deste crescimento.
O HSSM está sempre atrás de alternativas para atenuar o déficit. Qual o valor dele atualmente e quais são as próximas alternativas a curto, médio e longo prazo para aliviar a questão financeira?
O déficit mensal continua na casa de R$ 800 mil/mês na média, visto que temos as sazonalidades e nem todo mês se chega a esse valor, e em alguns períodos ele se dá em valores maiores. A curto prazo, as negociações bancárias para diminuição de taxas e alternativas de prorrogação de prazos são as adotadas. A médio e a longo prazo não podemos deixar de mencionar que as emendas federais e também estaduais (senadores, deputados federais e deputados estaduais) são as alternativas mais impactantes no somatório financeiro, mas obviamente temos também em desenvolvimento projetos, principalmente, de readequação dos valores do SUS que discutimos e tentamos colocar em prática a cada sinalização e movimentação a âmbito do Ministério da Saúde e também de esfera da Secretaria Estadual de Saúde, analisando sempre os programas e ficando atentos a alternativas.
Quanto à aprovação do Programa Pró-Hospitais, pela Assembleia Legislativa, ele seria uma alternativa importante enquanto a tabela SUS não é a reajustada?
Certamente essa aprovação sinaliza que, além de o projeto ter sido muito bem elaborado, visto que foi aprovado com celeridade, também teve êxito na articulação política. Sinaliza, sim, uma alternativa muitíssimo importante em relação à defasagem do Serviço Único de Saúde, que de conhecimento de todos é o que mais agrava as situações dos hospitais filantrópicos, como no caso do São Sebastião Mártir. A possibilidade de destinação de valores oriundos de ICMS coloca as instituições que trabalham com seriedade, transparência e eficiência na vitrine para recebimento desse crédito.
Sobre a obra junto à esquina do antigo necrotério, a qual, no futuro, permitirá a ampliação do hospital. Como está a obra e quais as próximas etapas?
O cronograma se mantém, embora teremos que ver a partir de agora o restante do tempo programado para conclusão, tendo em vista que tivemos praticamente dois meses de precipitações de chuva justamente na fase de escavação e fundação. A fundação é a etapa que está em prática no momento.
No último ano, o HSSM implementou a UTI Pediátrica, a ressonância magnética e conta com a ampliação da clínica de nefrologia. O quanto a melhora na qualidade dos serviços em saúde contribui para o hospital?
Toda e qualquer sinalização de melhoria impacta na qualidade dos serviços e as três mencionadas são fundamentais no âmbito geral da instituição. A implantação da ressonância e revitalização do CDI [Centro de Diagnóstico por Imagem], além da questão estética visual, nos garantem assertividade e agilidade em todos os processos de diagnóstico. A remodelação da nefrologia coloca a importância desse serviço em local adequado a sua prática, ambiente e condições de trabalho dignos em espaço moderno, deixando o HSSM com uma das unidades mais lindas em sua finalidade. Coloque isso em avaliação aos pacientes e temos um retorno maravilhoso na qualidade, no bem-estar e no resultado. A UTI pediátrica é inquestionável o ganho, são ‘vidas de criança’, ponto. Poderia só mencionar isso, mas de certeza o ganho é muito maior, a qualidade é um processo constante, cíclico e que um serviço puxa o outro. Mas em todos e em cada um dos serviços, o que precisamos destacar são as pessoas, os funcionários, colaboradores, todas as pessoas envolvidas nesses processos.
Seu primeiro mandato como presidente vai encerrar em maio de 2025, pouco antes do HSSM completar 90 anos. Como você vislumbra chegar neste momento?
Sim, o desejo é único, que ao final alcance o sentimento de dever cumprido, a entrega é com esse único objetivo e que os acertos sejam maiores que os erros, sabedor de que o todo é o que importa, mas sempre objetivando melhoria.
“O hospital pode crescer em números de leitos, em unidades, em expansão física. Isso é fato e vem sendo discutido por outras gestões. Parte dos esforços estão debruçados em cima da avaliação e das possibilidades deste crescimento.”
MARCELO FARINON – Presidente do HSSM