O menino do dente quebrado

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Foto: Rosilene Muller / Tudo e TodasO menino de dentes grandes
O menino de dentes grandes

Era uma vez um menino lindo de dentes grandes. Bastava esboçar um sorriso e lá estavam os dois anteriores brancos e brilhantes. Com pouco mais de um ano e nove meses, essa já era sua marca registrada. Até que um dia uma bruxa má ficou com inveja. Thomaz corria feliz pela casa e, do nada, na minha frente, caiu no chão. Quase não chorou, quase nem percebeu, mas eu logo vi que algo estava errado.

Fiz o que as mães fazem, peguei no colo meu menino, o acalmei do susto e pedi para que me mostrasse a boquinha. Havia um pequeno corte no lábio, os dois dentões haviam virado um e meio, e a metade faltante estava logo ali, caída no chão.

Ele continuava lindo, mas um pouco engraçado, e com uma faquinha afiada ameaçando um próximo acidente. Fiquei com o coração apertado, com dó do sorriso capenga. Precisávamos, urgentemente, procurar um profissional para avaliar o trauma e restaurar sua marca registrada.

Agendamos, nos organizamos, fomos família toda até o consultório. A primeira tentativa não foi nada fácil, o bebê se assustou, chorou, mas insistimos, o seguramos firme, achamos que era melhor consertar logo a falha. Mas não foi.

Thomaz não aguentou o tranco e o procedimento foi prejudicado. De tanto medo, de tanto despreparo, vomitou, quase no final, e o processo de secagem da massinha ficou inacabado. Poucas semanas depois, estávamos de volta. E a orientação veio da própria profissional. Isto seria trabalho para uma odontopediatra, pois além da parte técnica, era importante preparar o bebê para o procedimento.

Verdade, mesmo sendo uma criança querida e tranquila, ele precisava de atenção especial e um profissional de odontopediatria era o mais indicado. Assim mesmo, me assustava refazer o processo. Com a cartinha de indicação em mãos, liguei para o consultório da profissional Camila Deves e conversei com a secretária. Agendamos.

Optei por levar sozinha o Thomaz na consulta. Diminuir a expectativa, diminuir a plateia. Funcionou. Tivemos um primeiro contato mais calmo, e a consulta inicial passou por uma avaliação, uma ambientação e só. Era momento de acostumar o menino à ideia, de familiarizá-lo ao consultório. Uma frustração por não sair de lá com tudo resolvido, uma tranquilidade por vê-lo mais calmo, e a certeza de que na próxima consulta teríamos o resultado esperado. E assim foi. 

Foto: Paula Carvalho / Tudo e TodasCamila e Thomaz mostrando o lindo sorriso de volta
Camila e Thomaz mostrando o lindo sorriso de volta

Dias depois, retornamos, com o menino menos assustado, com a mãe mais tranquila. Tudo deu certo. O sorriso estava lindo e completo de novo. Mas sabíamos que era preciso cuidado, que estava mais frágil. E como cuidar de um bebê com menos de dois anos?

***

A bruxa má não nos deu sossego, vendo de novo o sorriso lindo e largo, foi planejando o ataque. Passaram-se mais alguns meses, até que, num passeio que fizemos a Araranguá, numa ocasião festiva com reunião de colegas de trabalho do Cristiano, ela aproveitou um momento de bobeira e aplicou o feitiço.

Thomaz estava começando o processo de desfralde, orgulhosamente, levei meu moço ao banheiro que, como toda criança, quis dar a descarga, se apoiou no cano e ocasionou um alagamento. Enquanto eu tentava consertar, ele resolveu lavar as mãos sozinho na pia baixa, um leve resvalo e o dente estava de novo pela metade. Ai, ai… No dia seguinte, um tombo no café da manhã e um corte no lábio.

– Socorro, Camila.

Mais uma consulta e uma restauração, desta vez com o paciente bem mais tranquilo. Ufa!

E como essa história é daquelas que não tem final. E como a bruxa vive nos rondando, antes do Natal do ano passado, ela apareceu de novo lá em casa. Foi durante um banho de piscina que ele se atirou no meu colo, bateu a boquinha e lá se foi a mesma metade do dente.

– Socorro, Camila.

Foto: Paula Carvalho / Tudo e TodasNa sala de espera, pronto para consertar o sorriso
Na sala de espera, pronto para consertar o sorriso

Mais uma consulta e um restauro em plenas férias da odontopediatra. Mas com toda a atenção e carinho do mundo, obrigada! Nos dias seguintes, saímos de viagem com o coração tranquilo e distribuindo sorrisos. 

Em fevereiro, foi a vez da revisão. Thomaz estava feliz da vida, além de um parabéns, ganhou uma nova escova de dentes, do Bob Esponja, o que até briga deu em casa porque o irmão também queria. Como havia levado dois dinossauros para a consulta, os amigos de borracha ganharam uma escova amarela. E os três foram juntos escovar os dentes.

– Uérrrr!!!

Tudo estava indo muito bem. Antes da Páscoa, porém, ele caiu de novo, e como o dentão é seu parachoque, foi-se novamente. O detalhe é que agora Thomaz já se acostumou com as consultas e com o procedimento. Vai tranquilo visitar a amiga Camila, se diverte com a caixa de brinquedos da sala de espera, toma dois ou três copos de água do bebedouro, que ele considera uma atração à parte, e deita, sozinho e tranquilo, na cadeira do consultório. A mãe, toda convencida, acha que ele é o paciente mais lindo de todos.

O que não tem solução, solucionado está. O que tem, a gente conserta. Não é mesmo, Camila?

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