O cuidado com a saúde mental tem sido pauta constante em Venâncio Aires, especialmente após o município ter sido atingido pela enchente de maio. Apesar de todas as atividades desenvolvidas para promover a vida e oferecer apoio para as pessoas que estão em sofrimento, os números de suicídios na Capital do Chimarrão preocupam.
Para a psicóloga Zamara Silveira, que atua na Vigilância Epidemiológica e no Centro de Atendimento de Doenças Infectocontagiosas (Cadi), a coordenadora de Saúde Mental do Município, Priscila Reginatto, e a coordenadora do Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios, Analuci Lenuzza de Oliveira Pesqueira, o impacto emocional causado pela catástrofe climática foi muito grande. Elas ressaltam que toda a população foi atingida direta ou indiretamente por esse episódio.
“Hoje, ninguém está bem”, define Priscila. As profissionais também lembram que o suicídio é multifatorial e resultado de um somatório de acontecimentos. “A prevenção precisa ter o envolvimento da família e amigos. É preciso saber reconhecer sinais de alerta pela fala”, completa. Hoje, Venâncio Aires tem casos de suicídio entre jovens e idosos e as mortes estão relacionadas, principalmente, ao público masculino.
Atividades de prevenção
O aumento no número de casos de suicídio tem preocupado os serviços de saúde. Por isso, Analuci, Priscila e Zamara ressaltam as ações promovidas no município para estimular os cuidados com a saúde mental e promover a vida. Uma das ações é o Encontro de Sobreviventes Enlutados por Suicídio, que acontece mensalmente.
A iniciativa é destinada a qualquer pessoa que foi impactada pelo suicídio de alguém – familiar, amigo ou colega de trabalho, por exemplo. Além disso, Zamara é responsável por entrar em contato, por telefone ou pessoalmente, com familiares que perderam alguém por suicídio. Priscila ainda salienta que a Prefeitura se preocupa com o número de mortes e busca não mascarar a realidade.
Outro projeto encabeçado pelo Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios é intitulado ‘Informar é Prevenir’. A proposta é promover minipalestras e um bate-papo em escolas e empresas que tenham interesse e façam contato com a entidade para receber a ação. As temáticas abordadas são variadas e pensadas conforme o público-alvo a ser atendido.
Orientações
A psicóloga Zamara Silveira, a coordenadora de Saúde Mental do Município, Priscila Reginatto, e a coordenadora do Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios, Analuci Lenuzza de Oliveira Pesqueira, reforçam a necessidade de um olhar empático sobre si e sobre o outro.
Além disso, ressaltam a necessidade de atenção aos sinais de alerta, como atitudes e falas de pessoas que estejam vivendo o adoecimento mental. “Não deixem de olhar para sua saúde mental, não deixem de se amar e nem de pensar em si próprio”, enfatiza Priscila.
Analuci também lembra que existem soluções para muitos problemas, mas que nem tudo vai ser possível resolver sozinho. “Procure a rede de atendimento. Não espere a situação chegar ao ápice, não deixe o copo encher. A cura emocional é um processo lento e que precisa de perseverança”, menciona.
Elas ainda lembram que é preciso ter atenção com quem está do lado, mas não esquecer de cuidar de si. “É como a máscara de emergência do avião. Antes de ajudar a colocar no passageiro ao seu lado, é preciso colocar em si. O mesmo acontece com a saúde mental”, compara Analuci.
Grupo de apoio a sobreviventes enlutados
- As próximas edições do Grupo de Apoio a Sobreviventes Enlutados por Suicídio, promovidas pelo Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios, estão agendadas para os dias 11 de setembro, 9 de outubro, 13 de novembro e 11 de dezembro.
- Os encontros ocorrem na sala 5 da Paróquia São Sebastião Mártir, na rua Tiradentes, número 748, ao lado do Pavilhão de Eventos São Sebastião Mártir, no Centro, das 14h às 16h.
- A atividade tem como objetivo oferecer um lugar de acolhimento e conversa aberta, formando uma rede de apoio a pessoas em luto pelo suicídio.