Turno integral e união: ‘segredos’ da Escola São Judas Tadeu, destaque no Ideb

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A pequena e charmosa Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São Judas Tadeu, no bairro Grão-Pará, recebeu uma grande notícia nas últimas semanas. A escola foi destaque no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com a média de 7,8 nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º), a melhor classificação de Venâncio Aires.

Os acanhados corredores, que acolhem 114 alunos entre a pré-escola e o 5º ano do Ensino Fundamental, são marcados por murais e desenhos, que aumentam o sentimento de acolhimento do espaço. Além disso, o educandário ainda conta com brinquedos, pracinha, ginásio esportivo, refeitório e salas de aula, mas o principal é a animação dos alunos – a turma do, agora, 3º ano do Fundamental, que participou da prova ano passado, é uma das mais empolgadas (inclusive, com um sorriso no rosto e expectativa por aparecer no jornal) – e do corpo docente e diretoria.

O resultado não é por acaso. Este é o primeiro educandário da Capital do Chimarrão com turno integral para todas as turmas, além da união entre diretoria, professores, alunos e família, que é uma marca da escola. Criada em abril de 1953, a São Judas passava por momentos difíceis em 2015, quando tinha menos de 80 alunos, ainda disponibilizava turmas até o 8º ano do Ensino Fundamental e corria risco de ser fechada pelo baixo número de estudantes.

Pois naquele ano, a partir de incentivo do à época também secretário municipal de Educação, Émerson Elói Henrique, no governo do prefeito Airton Artus (PDT), surgiu a possibilidade de implementação do turno integral na instituição de ensino. A novidade, que consiste nos alunos se manterem nos dois turnos na escola, com atividades complementares no turno oposto, foi o ‘salvador da pátria’ para Emef São Judas Tadeu, que se reinventou em 2016, com quase 70 anos de história.

Animada turma do, agora, 3º ano do Ensino Fundamental, teve as provas aplicadas no ano passado (Foto: Leonardo Pereira)

A partir da implementação, as turmas entre 6º e 8º anos foram sendo encerradas aos poucos e, com isso, ela se tornou a primeira de Venâncio Aires a disponibilizar turno integral em todas as turmas, da pré-escola ao 5º ano do Ensino Fundamental. A diretora Lisiane Siebeneichler, a Lica, como é carinhosamente conhecida, diz que o turno integral, com alunos que passam até nove horas na escola, é um momento de sanar dúvidas e realizar atividades de reforço.

“Este índice mostra que a escola está no caminho certo e deixa a diretoria muito feliz. Para chegar aqui, tivemos muitos incentivos por parte da Secretaria Municipal de Educação e muito apoio das famílias e dos professores”, explica a líder do educandário desde 2012 e integrante da escola desde 2002.

Segundo ela, atualmente a São Judas Tadeu atende alunos de praticamente todas as localidades e, há cerca de dois anos, houve um maior crescimento no interesse de famílias do interior. “O primeiro Ideb foi em 2021, quando tivemos média de 6,3, ou seja, há um crescimento, que tem de ser mantido e melhorado, mesmo que não seja fácil, mas vamos tentar”, afirma.

Colaboração

Conforme Lica, entre os tópicos responsáveis pelos bons índices está a colaboração com as famílias. Ela destaca que os pais são “essenciais, pois com essa interação, proximidade, preocupação e até cobrança pelo melhor aprendizado é que podemos evoluir”. Algo reforçado pela professora e mãe de aluna, Liziane Beatriz Simon, que é mãe da Amanda Sehnem, de 10 anos, atualmente no 5º ano do Ensino Fundamental.

Segundo ela, o acolhimento, a atenção com aprendizagem tornam o turno integral menos cansativo, e ter o reforço no conhecimento é muito importante. “Com propostas diferentes entre os turnos, como atividades lúdicas no turno oposto, jogos, brincadeiras e projetos de pesquisa, mas com regras e limites definidos. E as famílias participam muito, por isso a escola não anda sozinha”, explica.

Outro ponto destacado pela diretora como essencial para o resultado é a união do corpo docente. São 20 professoras (com uma estagiária e uma monitora), além de três agentes escolares, que buscam a melhor interação para cobrir lacunas do aprendizado dos estudantes. Lica enfatiza que as professoras são parceiras e trocam informações. “As professoras de diferentes turnos buscam complementar o ensino, com reforços e atividades diferentes.” Além disso, ainda há a inclusão da tecnologia em sala de aula, com os chromebooks recebidos do Município e que são usados para pesquisa. “Nada de copia e cola ou celulares, apenas para aprofundar o conhecimento”, completa a diretora.

Prova

1 Responsável pelas turmas de 2º ano do Ensino Fundamental, a professora Jéssica Priscila Campos da Silva conhece bem a turma que fez a prova. Segundo ela, são ótimos alunos, nivelados no aprendizado, o que é positivo para a nota. “No dia da prova, não temos acesso ao conteúdo e nem à sala de aula, é uma professora de fora que aplica”, relata.

2 A prova foi aplicada para 18 alunos no segundo semestre de 2023 e, além desta nota, ainda é contada a taxa de aprovação e o número de faltas de turma avaliada. Jéssica afirma que o objetivo é sempre que todos os alunos terminem o 2º ano alfabetizados e que costuma aplicar provas no cotidiano. “Para que os alunos tenham entendimento e autonomia para colocar em prática o conteúdo aprendido. E os alunos têm interesse, gostam de ler e aprofundar os conteúdos.”

“Acreditamos muito no ensino em turno integral”

O secretário de Educação, Émerson Elói Henrique, que estava na gestão municipal que possibilitou o turno integral na Escola São Judas Tadeu, em 2015, diz a sugestão da modalidade no educandário surgiu como possibilidade de manter o espaço ativo. “Era inconcebível que uma escola tão próxima da cidade, com asfalto, não tivesse alunos suficientes”, frisa.

Segundo Henrique, a Administração acredita muito no ensino em turno integral, pois os alunos ficam o dia todo na escola e há um acompanhamento dos estudos pelos professores, um horário regrado para as tarefas e descanso. “Hoje, a grande dificuldade para avançar com o turno integral, é a falta de espaço físico, as escolas estão cheias, além de mais profissionais e professores.”

Para dar todo o suporte, ainda seria necessária uma flexibilização, para a contratação de oficineiros para expandir as atividades, como dança, música, artes e outros projetos. “Mas temos planos de avançar, acreditamos que é muito importante”, completa.

19 – é o número escolas municipais que contam com turmas em turno integral. São 14 escolas de educação infantil (Emeis), a Emef São Judas Tadeu – estas com todas as turmas – e as Emefs Professora Odila Rosa Scherer, Cidade Nova, José Duarte de Macedo e Otto Gustavo Daniel Brands, com algumas turmas disponibilizando a modalidade.



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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