Águas da cheia foram embora, mas deixaram palometas em Venâncio

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O desequilíbrio ambiental após a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul no mês de maio já causa efeitos diretos em Venâncio Aires. Anteriormente encontradas no rio Taquari e em pequenos arroios próximos a Vila Mariante e Vila Estância Nova, agora as palometas – uma espécie de piranha de água doce -, também são avistadas em açudes na região de Picada Nova, no distrito de Vila Estância Nova, local que também foi atingido pelas cheias.

Os agricultores Adelaide Silvana Gonçalves, de 67 anos, e Cândido Saraiva Gonçalves, de 73 anos, que residem localidade, avistaram a exótica espécie. Segundo Adelaide, a família tem dois açudes e as águas da enchente invadiram e levaram quase todos os peixes, mas ficaram algumas tilápias e duas palometas. “Abrimos o açude pra retirar qualquer resquício dos peixes da enchente. Em um açude dos vizinhos também apareceu palometas, mas deve ter em vários outros. Agora, precisamos arrumar os açudes, fazer cercas e não tem mais pastagens, então, as palometas acabam sendo o menor dos nossos problemas no momento”, relata.

Conforme o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Gustavo Von Helden, a pasta ainda não recebeu relatos sobre a aparição de palometas em Venâncio. “Claro que a preocupação sempre existe”, completa.

Entenda

  • Originárias de regiões como o pantanal do Centro-Oeste brasileiro, locais que, corriqueiramente, são marcados por enchentes, as características das palometas são parecidas com as piranhas de água salgada, mas a principal diferença é a cabeça, que é mais triangular. As palometas, no entanto, não são risco para os seres humanos, pois o maior foco da espécie são outros peixes, principalmente aqueles capturados em redes.
  • De acordo com o biólogo e professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Köhler, é possível pescar a espécie, mas é recomendável que não seja devolvida para o curso d’água, podendo ser abatida ou até usada como alimentação para animais. “Aliás, a palometa é comestível para os humanos, só que tem muitas escamas. Na Amazônia e Pantanal, o pessoal come frito para eliminar as espinhas, ou ensopado. Eu já testei, mas não gostei”, brinca.
  • Com relação ao repovoamento com espécies predadoras das palometas, ele afirma que é um processo complexo, porque poderia trazer problemas até maiores. Segundo Köhler, está sendo discutida a inserção de dourados, por serem predadores naturais, mas a reintrodução em maior escala tem problemas técnicos e educacionais. “O maior problema é a parte financeira, existem muitas ideias, provavelmente viáveis, mas quem para a conta para isso é o problema”, completa.


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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