As dificuldades e os obstáculos encontrados na vida de Patrick Hermes, 21 anos, morador de Linha Araçá, no interior de Santa Cruz do Sul, não são desculpas para ele deixar de correr atrás dos sonhos que almeja. Nos treinos na estrada de chão, faça chuva ou sol, ele se esforça para conquistar os objetivos. Na sexta-feira, 18, o jovem corredor atingiu a marca mais importante de sua trajetória até agora. Em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, Patrick esteve no lugar mais alto do pódio na categoria sub-23 dos 10 mil metros.
Embora a distância fosse grande e a viagem tivesse sido de ônibus, com 24 horas para ir e 24 horas para voltar, o esforço foi recompensado da melhor forma. “Às vezes passo por perrengues bem grandes. Em São Bernardo, o clima estava muito bom, um pouco chuvoso, e, para a minha surpresa, consegui fazer o tempo de 31 minutos, 20 segundos e 61 milésimos. Com isso, assumi o ranking brasileiro, com a melhor marca”, comemora.
O gosto pelo esporte começou há três anos, quando ele tinha como objetivo perder peso. Com isso, a rotina de corridas diárias se tornou um hobby. O assunto passou a ficar mais sério quando ele teve seu primeiro treinador, Claudio Freitas. Nesse período, o
atleta foi medalhista brasileiro na Copa Brasil de Cross Country em Cotia, São Paulo, em 2021.
Filho dos agricultores Rogério Hermes e Lisete Hermes, o atleta auxilia na produção de tabaco na propriedade e concilia o trabalho na lavoura com a rotina de dois treinos ao dia. Entre as dificuldades que enfrenta está a falta de opções para realizar os treinos. “Treino duas vezes por dia, de manhã e à tardinha. Um dos lugares que gosto de treinar é em
Venâncio Aires, no Acesso Grão-Pará, que é um bom local para treinos. Também vou duas vezes por semana para Lajeado, na Univates, onde tem uma pista em que dou 100% nos treinos. Embora a distância seja de 50 minutos, vale muito a pena todo o esforço”, comenta.
O atual treinador do corredor é o cubano Lázaro Pereira Velásquez, e ele treina pela Associação Noroeste Runners (ANR) de Ijuí. Com dois meses de trabalho, conseguiu diminuir 25 segundos de seu tempo. Além dessa última marca, em agosto deste ano, Patrick foi campeão gaúcho adulto na Sogipa, em Porto Alegre. Para o resto do ano, o atleta terá descanso e algumas provas de corridas de rua, preparando-se para o próximo ano. “Serão quatro anos até a Olimpíada de Los Angeles, quando, em 2028, pretendo tentar fazer o índice ou alcançar a qualificação pelo ranking mundial. Sei que preciso melhorar muito, e eu vou melhorar, pois conheço minha capacidade”, afirma.
