Um dos locais mais lembrados no bairro Bela Vista é a Escola Estadual de Ensino Médio Wolfram Metzler, ainda conhecida por muitas pessoas como Escola Agrícola. O educandário já teve internato e hoje oferece o curso técnico em Agroindústria, integrado ao Ensino Médio, além do ensino Fundamental e Médio regular. No entanto, conserva o perfil agro e os diferentes aprendizados rurais em uma localização já urbanizada.
A instituição foi inaugurada em 1957 como Escola Prática de Agricultura, atendendo 20 alunos internos, tendo Willibaldo Ertel como primeiro diretor. Em 1959, recebeu o nome Escola Agrícola Wolfram Metzler em homenagem ao deputado com o mesmo nome. O objetivo da implantação do educandário foi devido à necessidade de um espaço para atendimento de filhos de agricultores em regime de internato, com ensino sobre o setor primário, que envolve a pecuária e agricultura, com disciplinas como técnicas agrícolas.
Com o aumento de área, mais tarde também foram implementadas outras culturas no ensino, como piscicultura, suinocultura, avicultura, apicultura, horticultura, fruticultura, silvicultura e produção de pães e itens de agroindústrias. Nesta Escola Agrícola, o processo de ensino-aprendizagem vinculava a teoria à prática, procurando educar o futuro agricultor a aplicar técnicas viáveis de manejo, produção e rentabilidade.
Presente
Daiane Soda é a atual diretora da escola, que atende 542 estudantes, divididos em Ensino Fundamental anos iniciais (em tempo integral), Ensino Fundamental anos finais, Ensino Médio regular e Ensino Médio Integrado com curso Técnico em Agroindústria. O colégio também oferece atendimento em Sala de Recursos nos turnos da manhã e tarde. São 57 professores e 15 servidores.
Daiane explica que, com o passar dos anos, a escola manteve a característica agrícola com a realização de projetos educativos como horta, frutíferas e animais, no entanto, o perfil das famílias e estudantes atendidos na sua grande maioria mudou, sendo residentes da parte urbana e bairros próximos e não mais do interior.
“Estar na direção da Escola Wolfram Metzler é ter a oportunidade e a responsabilidade de, todos os dias, alimentar sonhos e criar possibilidades de crescimento aos nossos estudantes. Sinto-me honrada em, junto com toda equipe, estar à frente de uma escola tão especial e importante para a nossa comunidade.”
DAIANE SODA
Diretora
Criação de animais e produção de alimentos
Ao todo são 62 hectares de área atual. Apesar dos espaços tradicionais de uma escola como salas de aula, refeitório e laboratórios, devido ao perfil da escola, a Wolfram conta com sala de processamento animal e vegetal e unidades educativas na área técnica para a realização das práticas dos projetos.
Entre os animais criados na escola estão seis cabeças de gado de corte, 15 ovelhas, em torno de 130 aves de postura e 200 de corte, 20 codornas, cinco coelhos e quatro porcos. Além disso, a escola possui cinco caixas de abelhas para produção de mel. Muito do que é produzido vai para a merenda escolar, ou são realizadas feiras internas para venda de produtos. Para dar conta de todo o serviço, são quatro técnicos atuando na escola e nos fins de semana, a equipe realiza plantões para cuidado com os animais. No patrimônio da escola também são dois tratores e diversos implementos e ferramentas, como roçadeiras, semeadeiras e plantadeiras.
Contato com a escola em diferentes épocas
Ex-aluno e atual servidor da escola como técnico agrícola, João Antônio Soares, 57 anos, faz parte da história da Wolfram Metzler. Ele é formado como técnico em Agropecuária pela Escola Agrícola Visconde de São Leopoldo e, na Wolfram, cuida da parte técnica das plantações e criações de animais, além de auxiliar os professores do curso técnico.
Soares estudou na Wolfram de 1979 a 1983 – na época, as séries oferecidas eram as que equivalem hoje do 5º ao 8º ano do Ensino Fundamental. O técnico agrícola recorda que o educandário recebia alunos de todo o Rio Grande do Sul. Apesar de na época ter o internato, Soares não permanecia no local, já que morava próximo, em Linha Barbosa. Ele lembra que tinha uma estrada que passava no meio da escola para acesso às lavouras.
Hoje, ele ainda mantém uma chácara na localidade, mas reside no bairro Coronel Brito.
Ele destaca que gostava de estudar na Escola Agrícola pois foi onde, apesar de já ser do interior, teve contato com lavouras de milho, hortas, pastagens, frutíferas, arvoredo e criações de animais. O ex-aluno explica que quem ficava no internato tinha meio turno de aula nas disciplinas tradicionais e no outro meio turno trabalhava na lavoura e com os animais, incluindo também os fins de semana. Já são 12 anos como servidor da escola e, na equipe de trabalho, ele é responsável pelas aves e coelhos. “Gosto de estar com os alunos, como são gerações e épocas diferentes, sempre temos o que aprender e o que ensinar.”
Soares reforça que a escola se torna especial por proporcionar diferentes experiências e práticas às crianças, com mais liberdade. Ele destaca inclusive que crianças com condições especiais, como autistas, costumam se acalmar em contato com os animais.
Despedida
Felipi Fredrich, 18 anos, é aluno do terceiro e último ano do curso técnico em Agroindústria, integrado ao Ensino Médio. Morador de Linha Picada Treib, o jovem ingressou na escola no 6º ano do Ensino Fundamental e se forma no fim de 2024. Ele explica que, no curso, aprende sobre processos como o corte de carnes e processamentos de alimentos, como as conservas e a produção de geleias.
Ele ressalta que o curso técnico também tem contribuído muito com o conhecimento da parte teórica, como a produção de relatórios finais, o que levará como bagagem para uma futura graduação. “Gosto do lugar amplo que tem a escola e o jeito o descontraído e diferente de aprender os conteúdos.”