Por Letícia Wacholz e Júlia Brandenburg
Quem passa pelas lavouras de tabaco no Vale do Rio Pardo já enxerga os pés da planta bem desenvolvidos e o movimento intenso de trabalhadores envolvidos na colheita para a safra 2024/25. Já faz algumas semanas que as famílias deram início a essa tarefa.
Em Venâncio Aires, segundo maior produtor de tabaco do Rio Grande do Sul, mais de 3,6 mil famílias se dedicam a essa cultura que, deve ter área e produtividade ampliadas para a nova safra. Os fumicultores iniciaram a colheita com a expectativa de valorização. Eles esperam que um bom preço seja pago na hora da compra, a exemplo da safra anterior.
Para marcar esse fase importante da cadeia produtiva, a região sedia na próxima sexta-feira, 8, a Abertura Oficial da Colheita do Tabaco no Rio Grande do Sul. Neste ano, o evento ocorre no Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo. A solenidade está agendada para as 14h. A programação, que integra o calendário de eventos do Estado, é uma organização das Secretarias de Estado de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e SindiTabaco.
O presidente da Afubra, Marcilio Drescher, enfatiza que é uma solenidade importante para o produtor de tabaco, pois demonstra que o Governo do Estado reconhece a importância do setor. “É em nosso Parque que realizamos a Expoagro Afubra e levamos ao produtor as alternativas de diversificação, bem como informações sobre novas tecnologias que ele pode usar para melhorar a sua propriedade”.
A estimativa de produção da atual safra será divulgada pela Afubra na segunda quinzena de novembro, mas a entidade já tem informações apuradas junto a produtores indicando que haverá aumento de plantio. “Os preços do último ano podem ter contribuído para o pessoal se animar e plantar mais em 2024/25, assim como a baixa de preços de outras culturas, como milho e soja, então o pessoal plantou mais tabaco”, observa.
Aumento da produção
Conforme o chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin, a safra de tabaco 2024/25 de tabaco deve registrar crescimento na produção em virtude do aumento da área plantada. A entidade projeta cerca de 400 hectares a mais em relação à safra anterior, com uma produção que pode chegar a 19.800 toneladas em Venâncio. Projeta-se uma área de cerca de 8,8 mil hectares de tabaco para a nova safra, com uma produtividade média de 2,25 toneladas por hectare.
“Esperamos que o tabaco seja valorizado na venda, assim como foi nos últimos três anos”
Em Vila Arlindo, no interior de Venâncio Aires, a família Possamai está na época da colheita do tabaco. Neste ano, o casal Nelvi Solange Kist Possamai, 51, e Jair Antônio Possamai, 53, administra uma produção de 110 mil pés. Ambos vêm de famílias produtoras de tabaco e, ao se casarem, há 30 anos, decidiram produzir juntos.
A expectativa para esta safra é de uma boa venda, já que o tabaco se desenvolveu bem. Apesar de algumas perdas causadas pelo vento registrado em outubro, a qualidade da secagem está dentro do esperado. “Esperamos que o tabaco seja valorizado na venda, assim como foi nos últimos três anos. É possível notar que o interior se desenvolveu muito nos últimos tempos por conta do preço bem pago pelo produto. Valorizar nosso produto na hora da venda é valorizar o agricultor e a propriedade dele também”, avalia Nelvi.
ESTUFA E MAIS CONFORTO
Um dos últimos investimentos da família foi a instalação de uma estufa de carga contínua, de oito portas, para facilitar o trabalho e também ao mesmo tempo, diminuir a mão de obra. “Notamos a diferença com a estufa de carga contínua. Embora seja necessário colher um pouco todos os dias, o desgaste é menor do que seria para encher uma convencional. O esforço para pendurar o tabaco também é menor. Antes, o ambiente era muito abafado lá dentro”, explica o produtor.
A previsão é que a colheita termine até a última semana de dezembro, diferente de anos anteriores, quando ainda estavam colhendo ao final do ano e nas duas primeiras semanas de janeiro. Essa antecipação se deve tanto ao adiantamento do plantio quanto às melhorias na infraestrutura. Um exemplo prático é a manhã desta segunda-feira, 4, quando três pessoas colheram, em pouco tempo, a quantidade suficiente para carregar a estufa.
“Colhemos 60 ‘trochas’ e, à tarde, conseguimos fazer outro serviço. Antigamente, passávamos o dia todo ocupados com o trabalho de encher uma estufa convencional”, comenta Nelvi.