Ele não passa despercebido – e nem pretende. O servidor público e motorista Elígio Daniel Weschenfelder, o Muchila, 54 anos, é mais um dos vereadores reeleitos, com 629 votos, para a Câmara de Vereadores de Venâncio Aires. Único representante do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na próxima legislatura, Muchila não pretende mudar a forma de fazer política e seguirá ‘falando alto’ em busca de soluções para os problemas vividos pela comunidade.
Conhecido pelos debates acalorados na Casa do Povo, ele enfatiza que sempre pode melhorar e evoluir, mas sem perder a ‘coluna dorsal’. “Meu objetivo não é ofender os colegas, mas temo por Venâncio Aires com a nova formação da Câmara. Com maioria absoluta da situação, é ruim para a democracia e para a comunidade”, avalia.
Muchila afirma que a principal motivação como vereador é contribuir para a comunidade e fazer a diferença. “O vereador precisa ser esse elo entre o problema e a solução, entre a população e o Executivo”, destaca. O parlamentar reeleito acrescenta que, os próximos anos serão de reestruturação no partido – após eleger apenas um vereador e perder a majoritária com Giovane Wickert como candidato a prefeito –, para encontrar os erros e buscar as soluções.
Objetivos
Para o segundo mandato, Muchila pretende defender projetos voltados à educação, em especial a implementação de uniformes escolares na rede municipal de ensino. Segundo ele, com dois kits para cada aluno será possível maior igualdade e integração nos educandários da Capital do Chimarrão.
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Weschenfelder ainda pretende destinar emendas e projetos voltados para a cultura e esporte que, de acordo com ele, são essenciais para a sociedade. O vereador ressalta que manterá contato próximo com as comunidades, sempre à disposição para escutar os problemas e buscar soluções. “Quero fazer um excelente mandato, que terá aprovação de todos.”
“Sou polêmico e brigão mesmo e vou seguir assim. A minha briga é pela comunidade, para buscar uma solução.”
ELÍGIO WESCHENFELDER, O MUCHILA
Vereador reeleito
História de Muchila
Natural do bairro Brígida, em Venâncio Aires, Muchila teve uma infância marcada pelas dificuldades financeiras e por sonhos almejados. Aos 6 anos, perdeu o pai Manoel Antônio, conhecido como Aleijadinho, e se mudou com a mãe Maria Odila (já falecida) para a rua 1º de Março, onde fixaram residência junto com os outros quatro irmãos.
O pai era o dono de uma casa de comércio, no entanto, após o falecimento, a família ‘perdeu’ o estabelecimento e as crianças precisaram trabalhar para ajudar a mãe. Aos 10 anos, Muchila teve seu primeiro emprego informal, como servente de pedreiro. “A gente não tinha energia elétrica, era uma casa de ‘chão batido’. Então, a gente aproveitava para brincar na rua até escurecer”, relembra.
Na infância, estudou nas escolas Monte das Tabocas e Professor José de Oliveira Castilhos. Aos 12 anos, assinou a carteira de trabalho como faxineiro e, aos 18 anos, com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em mãos, começou a colocar em prática o grande sonho de sua vida: ser motorista. Antes disso, também serviu ao Exército Brasileiro.
Após muitas tentativas, a oportunidade como motorista surgiu no antigo Expresso Cruzador. Começou no depósito, ajudando a carregar os veículos e, posteriormente, teve a chance de assumir como motorista. “Viajei o Brasil inteiro”, completa. Quando estava no 3º ano do Ensino Médio, trancou os estudos porque trabalhava como caminhoneiro.
Em maio de 1999, foi decretada a falência da empresa e, Muchila teve passagens como motorista na Scapini Transportes e Real Tabacos, até passar no concurso público de motorista da Prefeitura de Venâncio Aires. Quando passou, decidiu retomar os estudos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Monte das Tabocas.
Na sequência, também foi bolsista do Fies e se formou em Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus Venâncio, já com 40 anos e é advogado aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Posteriormente, o motorista foi cedido para o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, o qual integra a diretoria. Muchila é pai de Vinícius e Rodrigo e é casado com Clarice. “Quando estou em casa, gosto de passar tempo com a ‘patroa’, um chimarrão com ela é sempre bom. Além disso, gosto muito de ir para a praia.”
- Muitos se perguntam sobre a origem do apelido Muchila. Segundo Elígio Weschenfelder, a alcunha remonta aos primeiros anos como caminhoneiro, no extinto Expresso Cruzador, quando ainda era aprendiz. “Transportava de tudo, dentro de uma mochila. Aí todos os caminhoneiros sempre falavam ‘vou ter que carregar o mochila de novo’. Pegou e levei pra vida”, relembra.
Trajetória política de Muchila
• Durante o curso de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), quando tinha 40 anos, Muchila aumentou seu interesse pela política local. Ainda que sempre tivesse uma ‘veia’ comunitária, por participar das festas e ser ativo nas comunidades, com o maior conhecimento das leis, a vertente política também aflorou – o Sindicato dos Servidos Públicos Municipais também foi parte essencial nesse interesse.
• Elígio Weschenfelder se filiou ao PT, não por ideologia partidária, mas por convite e admiração ao ex-prefeito Giovane Wickert (à época, PT, e hoje PSB). Logo na sequência, mudou de casa e se filiou ao PSB, junto de Giovane.
• Na primeira eleição, em 2016, já pelo PSB, fez 346 votos, desempenho que não foi suficiente para garantir uma cadeira no Legislativo. No entanto, naquele pleito o partido teve uma grande vitória, com a eleição de Giovane Wickert como prefeito, com isso, Muchila assumiu como coordenador do Parque Municipal do Chimarrão.
• Em 2020, Muchila voltou a tentar uma cadeira na Casa do Povo e obteve 511 votos, sendo eleito.
• Neste ano, o parlamentar colocou novamente seu nome a disposição da população e recebeu 629 votos, sendo reeleito e o único representante do PSB na Câmara.
A reportagem da Folha do Mate convidou os candidatos a escolherem o lugar onde seria realizada a entrevista: Elígio Weschenfelder escolheu a sede campestre do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais. Confira o motivo para a escolha e curiosidades do vereador eleito.
