Por Juan Grings e Taís Fortes
Com a presença do governador Eduardo Leite, foi oficializado, na quarta-feira, 6, o início da obra de duplicação da RSC-287. Nesta primeira etapa, do total de 204,5 quilômetros entre Tabaí e Santa Maria, serão duplicados pouco mais de cinco quilômetros que contemplam áreas de travessia urbana em Santa Cruz do Sul e Tabaí.
O investimento para a obra em todo o trecho concedido pelo Governo do Estado à Rota de Santa Maria deve superar R$ 3,6 bilhões e beneficiará 10 municípios. Para lideranças locais e regionais, o início dos trabalhos – que já estão em andamento desde o começo da semana – é de celebração e resultado de uma luta de décadas.
“Podemos dizer que é um momento de celebração e muito aguardado por todos nós da região. Tivemos muitos passos que antecederam esta solenidade. Lembro muito bem do período de mobilização das audiências públicas. Tivemos as lideranças da sociedade civil e políticas organizadas e unidas por esse pleito e na pressão junto ao Governo do Estado. E o governo, por sua vez, incluiu a duplicação [da RSC-287] no primeiro pacote de concessões dentro desse novo modelo”, avalia o presidente do Conselho de Usuários da RSC-287, Heitor Petry.
Ele, que também preside o Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede/VRP), lembrou sobre os danos causados na rodovia no mês de maio, quando aconteceu a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul, e que isso atrasou o cronograma de obras.
“Nesse sentido, toda a energia e a atenção da concessionária e do próprio Governo do Estado precisaram se direcionar para restabelecer as ligações interrompidas. De certa forma, isso nos frustrou em termos de tempo e das obras acontecerem com mais brevidade”, menciona, ao parabenizar o Estado e a Rota de Santa Maria pelo trabalho realizado.
Desenvolvimento
Presidente de um conselho que carrega no nome o desenvolvimento do Vale do Rio Pardo, Petry também não esquece desse importante benefício que a duplicação da RSC-287 promete oferecer. “Isso é básico e importante para nossa região. Precisamos considerar que aqui [em Santa Cruz do Sul, um dos pontos onde as obras iniciaram] temos um grande entroncamento da 287 com as BRs 471 e a 153, que liga a região da produção ao porto de Rio Grande”, ressalta.
Apesar de salientar o momento de comemoração pelo início dos trabalhos, Petry ainda observa que a duplicação causará transtornos para a região. Entre os exemplos citados por ele de preocupações estão os empreendedores do entorno da rodovia e produtores rurais. “Sabemos que as obras trazem seus contratempos. Então, torcemos e confiamos muito na sensibilidade da concessionária, do próprio governo, e na capacidade técnica, para que eles possam, de fato, ter condições para mitigar ao máximo esses impactos negativos. Acompanhamos todo esse processo e buscamos contribuir”, afirma.
Rodovia que conecta
Durante a solenidade, o governador Eduardo Leite salientou que a RSC-287 cumpre a função de conexão. Isso porque, conforme ele, a rodovia é um dos principais eixos de ligação da Grande Porto Alegre ao centro do estado. “No ano de reconstrução, de dificuldades, essa rodovia foi muito afetada e demonstrou a importância do processo de concessão. Tanto aqui [na RSC-287], quanto nas rodovias da Serra Gaúcha, dois blocos que nós já fizemos de concessão no nosso governo, nós tivemos muitos estragos, muitas intercorrências por conta das enchentes. E que bom que havia concessão, porque as concessionárias foram muito mais rápidas do que o Estado.”
Além de elogiar o trabalho e o esforço da Rota de Santa Maria, Leite saudou a mobilização da sociedade civil da região, que sempre foi muito intensa na luta por essa pauta. “Até o final dessa década se totalizará mais de 100 quilômetros de duplicação. E essa década, é bom lembrar, passa rápido, pois estamos quase em 2025”, observou.
O prefeito Jarbas da Rosa também salientou que o anúncio realizado na tarde de quarta-feira era esperado há muitos anos. “É claro que os eventos climáticos extremos, principalmente esse último de maio de 2024, alteraram muito o cronograma dessas obras, não só para Venâncio Aires e para nossa região do Vale do Rio Pardo, mas em toda a extensão, visto também que as pontes em Candelária e em Santa Maria caíram”, mencionou.
Valor inestimável
Para o deputado federal Heitor Schuch (PSB), a rodovia provou o seu valor de forma definitiva após a enchente de maio deste ano. Por conta dos trechos interrompidos ao longo da estrada, os motoristas que circulam por ela precisaram buscar alternativas – algumas delas em ruas bastante precárias – para chegar aos seus destinos. “Aqui, na região, é comum você ver ônibus saindo de Santa Cruz para Venâncio e vice-versa, como também as pessoas vão com seus veículos, que moram num município e trabalham no outro. Os negócios hoje são regionais, as empresas têm essa ação regional”, explicou.
“Eu acho que se a gente fosse falar de uma maneira pessimista, Diria que nós já estamos atrasados. Se fosse falar no sentido otimista, diria que vai ser a ‘salvação da paróquia’. Agora vamos ficar com os pés no chão e falar um pouco da realidade: vai ser uma obra que vai levar tempo. Fiquei feliz em ver que eles estão começando conforme diz o contrato. Mérito do Estado, que exigiu que fizesse nos municípios, na área urbana. Entre Venâncio, Santa Cruz, Vera Cruz e Candelária é o maior fluxo de movimento todo dia. Todos nós sabemos disso. Muito mais do que lá em Santa Maria”, concluiu o parlamentar.