Uma iniciativa de Venâncio Aires quer dar um fim aos fios emaranhados nos postes de luz. A startup Organiza Cabos, de Júnior Bohn – também proprietário da FB Net -, lançou uma ferramenta que pode representar um passo importante no embelezamento e na segurança das vias públicas dos municípios Brasil afora.
Trata-se de uma peça que é capaz, de acordo com Bohn, de juntar de 15 a 20 fios de diferentes origens, como de eletricidade ou de provedores de internet, por exemplo. “Essa peça a gente desenvolveu por um bom tempo. Inclusive, fizemos variações dela, tendo outros modelos. Essa peça faz parte de uma estrutura que cria o sistema que nós batizamos de SOF [Sistema Suspenso de Organização de Fibras]”, disse ele, em entrevista ao programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM, na quinta-feira, 21.
De acordo com ele, é possível colocar vários destes em um mesmo poste, com o intuito de aglutinar o máximo de cabos possível. O produto, que não é condutor de eletricidade, segundo Bohn, facilita a manutenção das empresas, uma vez que, para tirar um fio preso na ferramenta, não é necessário nenhuma máquina especial. “Outra coisa interessante é que, mesmo que o cabo arrebente, ele não sai de dentro dessa estrutura, não cai no chão”, esclareceu.
Fiação subterrânea
Embora a solução ideal para evitar os problemas com fiação apontada por especialistas seja fazer toda a infraestrutura subterrânea, esta seria uma medida vista de altíssimo investimento. Em entrevista à Rádio Terra FM em janeiro, após o temporal que derrubou uma série de árvores e postes na Capital do Chimarrão, o gerente de Relacionamento com o Poder Público da RGE, Cristiano Pires, informou que a alternativa é 10 vezes mais cara que os fios aéreos, o que praticamente inviabiliza a ideia.
Bohn avaliou que o produto da Organiza Cabos se posiciona como um meio-termo entre os riscos dos fios soltos nas vias públicas e o cenário ideal – porém, de alto custo – da fiação subterrânea. Durante o programa, ele informou que acredita que a sua criação é cerca de 20 vezes mais barata que uma instalação subterrânea, embora o produto ainda não tenha sido precificado.
“Eu estava até debatendo na Câmara de Vereadores essa semana sobre isso. Há de se ter também uma mudança na nossa cultura como povo brasileiro. Quando a gente começar a utilizar cabo subterrâneo, com até 16 mil volts circulando, não pode ir uma retroescavadeira e começar a fazer buraco em qualquer lugar. Vai causar muito acidente e muita morte. Mas hoje nós temos uma solução que simplifica essa estrutura, deixa ela mais bonita, mais organizada. Pode ser também algo para ser utilizada de imediato, enquanto se planeja no futuro enterrar esses cabos”, afirmou.
Mercado
Ainda durante o programa, Bohn afirmou que não encontrou nenhum produto no mundo com a mesma iniciativa e que, por isso, acredita que haverá procura por parte das prefeituras em um futuro próximo. “A gente acredita também que as próprias concessionárias de energia elétrica terão interesse. Inclusive, já estamos conversando com algumas, porque para elas também é interessante, aumenta a segurança. Quando há um cabo no chão, elas são as primeiras que são acionadas, porque a pessoa que está passando ali não sabe se é um cabo de fibra ou é um cabo elétrico”, comentou.
A proposta da startup, neste momento, é oferecer a possibilidade aos interessados, mas o empresário reconheceu que é necessário haver um debate na sociedade para definir como é a melhor forma de adquirir o equipamento. “Provavelmente não é uma tecnologia que vai ser usada em todos os lugares. A gente acredita que primeiramente os municípios queiram instalar em locais talvez mais turísticos, em áreas centrais, onde aquela questão visual incomoda bastante”, completou.
Responsabilidade é das empresas
Uma lei municipal aprovada pelos vereadores de Venâncio Aires em 2021 impõe que a responsabilidade pelos fios emaranhados é das empresas. A medida visava proporcionar que a Prefeitura pudesse também fiscalizar e notificar – em caso de irregularidade – as companhias, seja de luz, internet, telefonia ou outro ramo, que instalaram os cabos.
Segundo o assessor administrativo da secretaria de Planejamento e Urbanismo, Eduardo Luft, a atuação do Executivo atualmente se dá por ações em conjunto com as empresas. Ele explica que, em dias específicos, são realizados cortes e remoções de fios soltos. “No início, a gente começou através de uma modificação na lei, que teria que tirar e remover esses fios que estão caídos. A gente chamou a RGE para uma conversa e foi notificada por uma série de pontos, onde havia fios que a gente identificou. Todos os provedores donos desses cabos foram notificados para fazer a remoção”, explicou.
Nova ação
Ainda segundo o servidor da Prefeitura, o Município está organizando uma nova ação nos próximos dias, com a participação de todas partes envolvidas. Luft afirma que serão removidos cabos soltos em pontos em que a ouvidoria tem recebido denúncias. “Quem quiser fazer uma solicitação, que tenha locais com fios e cabos soltos, que está ocasionando risco, pode passar para nós através das redes sociais ou pelo canal de ouvidoria. Nós vamos até esses pontos e fazemos a remoção”, informou. O telefone disponível é o (51) 2183-0296.