No próximo domingo, 25 de maio, vou participar do Circuito Estadual Unimed 2014, que ocorrerá em Santa Cruz do Sul. Adoro participar de competições de corrida, por um motivo muito simples: todos saem ganhando. Mediante pagamento de inscrição, os participantes costumam ser presenteados com camisetas, squeeze, mochilas, toalhinhas, medalha de participação e brindes diversos. Ou seja, não é preciso ser um super corredor para ser um ganhador. Aliás, é possível chegar em último e, ainda assim, levar uma medalha para exibir para os amigos.
Não tenho pretensão de subir ao pódium, mas pretendo manter minha média: cinco quilômetros em menos de 30 minutos (para efeitos comparativos, o vencedor da etapa de Lajeado, Daniel da Silva, fez o percurso em 14 minutos). Por isso, conversei com o profissional de Educação Física, Cássio Rauber, para que pudesse falar um pouco sobre esse tipo de evento esportivo, e também passar dicas a quem se interessa. Acompanhe a entrevista:
Nos últimos tempos, o incentivo à prática de atividades físicas fez com que aumentasse o número de corredores. Em paralelo, surgiram uma série de circuitos, rústicas e eventos do gênero. Como você avalia esse movimento pró-corrida?Quanto aos eventos, acredito que pode vir a ser benéfico, pensando em saúde pública, pois são em alguns eventos de prática esportiva que pessoas vêm a mudar seus hábitos de vida, tornando a mais ativa. Atualmente, estamos sofrendo com doenças relativamente fáceis de prevenir, como a diabetes, hipertensão, osteoporose e obesidade. Sabemos que elas podem ser controladas ou evitadas pela prática diária de exercício físico. Hoje, estudos mostram que uma pessoa sedentária já não pode ser considerada saudável, mesmo estando com seus exames clínicos em dia, pois temos funções fisiológicas que somente a atividade física é capaz de promover.
Para uma pessoa como eu, que corre por hobby e para manter a saúde, é recomendado participar de eventos como rústicas e corridas? Quais são as dicas para se preparar?O praticante assíduo de corrida, que está treinado e já tem um conhecimento de seu estado físico e seus limites, sim, pode participar. Ele consegue ter uma melhor ‘leitura’ sobre poder aumentar a intensidade ou reduzi-la durante a prova. Pessoas que não praticam exercícios físicos regularmente, principalmente a corrida, que é o assunto que estamos abordando, devem tomar mais cuidado, visto que uma competição pode exigir mais do nosso corpo – e ele ir além do que realmente está preparado.
Quais são as dicas para colocar em prática durante a prova?- Roupas leves e claras devem ser a preferência, para não desidratar, visto que roupas pesadas e escuras tendem a aumentar a temperatura corporal mais facilmente. Devemos deixar nosso corpo suar para não ter um aumento excessivo de temperatura. Calçados confortáveis, que esteja acostumado a usar nos treinos, devem ser os escolhidos.
– Em período pré-prova é preciso garantir a hidratação, porém, tome cuidado para não hiper-hidratar, e nem para hipo-hidratar. Os dois casos podem atrapalhar seu rendimento. Este tipo de questão é muito individual, mas em média, 300ml a 500ml de água pré-prova pode garantir a hidratação. A cada 20 minutos, durante a prova, em torno de 150ml seria suficiente. Após uma hora de exercício intenso, pode haver necessidade de repor sódio e carboidratos.
– Procure ter um respiração tranquila e sistematizada, não inspirando e expirando somente pela boca ou pelo nariz. Procure manter a mesma passada que utiliza nos treinamentos. Mudanças de estratégias biomecânicas podem atrapalhar o desempenho.
– Para muitos, o aquecimento deve ser posto em prática. O objetivo do aquecimento é, entre outros, aumentar progressivamente a demanda ou o consumo de oxigênio (O2), minimizando o tempo de adaptação e o déficit de O2 no momento que segue-se ao tiro de partida. A taxa de consumo máximo de O2 no aquecimento passa a ser quase igual à taxa de consumo de prova. Os primeiros 5 ou 10 minutos de uma corrida costumam ser desagradáveis em função desta adaptação do sistema respiratório, cardiovascular, muscular (temperatura inadequada, acúmulo inicial de lactato, vascularização deficiente…). Alguns livros chamam o fenômeno subsequente de ‘segundo fôlego’, que é o momento em que o sistema aeróbico estabiliza-se.
Uma pessoa que não corre, mas tem vontade de participar de uma prova, com quanta antecedência, em média, deve começar a preparar?O tempo de treinamento pré-competição vai depender da distância da prova, do condicionamento e do estado físico da pessoa no início do período de treinamento. Mas em média, podemos dizer um treinamento de três meses para realizar cinco quilômetros, seis meses para cumprir 10 quilômetros, e 12 meses para 21 quilômetros. Porém, a melhor dica que posso deixar para o leitor é:
Tenha uma vida ativa, comece a prática de exercícios hoje, procure um agente de saúde credenciado e obtenha orientações. Com certeza, quando surgir uma prova, ou estará com ‘meio caminho andado’, ou estará pronto para realizá-la.
