“Natal é o momento de reunir a família e celebrar o significado da data”, considera Leoni Vogt Peiter, 59 anos, moradora de Linha Marechal Floriano, no interior de Venâncio Aires. Para ela, o dia 25 de dezembro tem um significado especial. Leoni reside com o marido, Albano Luiz Peiter, 62 anos, e o filho, Marcos André Peiter, 33 anos, ao lado do antigo campo da Sociedade Esportiva Floriano e próximo da igreja da Comunidade Evangélica da localidade.
O Natal carrega um significado único para cada pessoa, repleto de memórias, lembranças e tradições resgatadas ao longo de dezembro. Para Albano, uma das recordações mais marcantes é a dos encontros na casa do avô Schwingel, no bairro São Francisco Xavier, onde toda a família se reunia para celebrar a data. “Lembro de toda a família reunida na casa do vô. Uma pena que depois que ele faleceu isso se perdeu”, conta.
Em 2024, o casal vai comemorar o 36º Natal junto. Na propriedade onde eles moram, um dos principais símbolos da data, o pinheiro natural, é decorado com muito cuidado e carinho todos os anos. A importância de preservar a tradição natalina foi repassada pelos pais de Albano, Norberto e Amélia Peiter (já falecidos), que residiam no local. A árvore de Natal sempre foi montada pela família.
Atualmente, Leoni é a responsável por dar sequência na tradição. É ela que prepara o pinheiro natural que enfeita a casa entre os dias que antecedem o Natal e o início de janeiro. Para garantir que todos os anos haja um pinheiro para o Natal, o casal tem atenção com alguns cuidados. Após o corte, a árvore brota novamente. Muitas vezes, é preciso realizar uma limpeza, tirando os brotos mais fracos e deixar o mais forte, para que ele se desenvolva melhor.
A decoração da árvore é feita com bolinhas coloridas, uma mistura de enfeites novos e relíquias de família – algumas pertenciam à Amélia e têm mais de 60 anos. “Preciso ter cuidado na hora de montar, porque as mais antigas quebram fácil”, explica a agricultora, bem-humorada.
O presépio preparado por Leoni, embaixo do pinheiro, é montado com atenção. Além do Menino Jesus na manjedoura, de Maria e José, há um lago (feito com espelho) com patinhos, que enfeitam e dão um significado especial ao cenário.
CARDÁPIO
Outro elemento que não pode faltar no Natal dos Peiter é a cuca de coco, preparada por Leoni a pedido do marido e do filho. A cuca acompanha o café na noite da véspera do Natal, dia 24. Já o almoço do dia 25 tem como destaque o churrasco, preparado por Albano.
Há mais de 20 anos, o pinheiro da família Peiter enfeita a igreja de Marechal
O culto de Natal na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Linha Marechal Floriano sempre é celebrado no terceiro sábado do mês de dezembro – neste ano, será no dia 21. Há 28 anos, o cenário ao lado do altar recebe um pinheiro natural doado pela família Peiter. Pelo menos duas semanas antes da celebração, Leoni escolhe o maior e mais bonito pinheiro da propriedade para compor a decoração da igreja. Ela é secretária e também integra a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (Oase) da comunidade.
A agricultora aposentada explica que a tradição do Natal ser mantida na comunidade tem muita influência do pastor Lair Hessel, falecido em dezembro de 2019. “Por onde o Lair passou, ele deixou seu legado. O pinheiro também foi um incentivo dele. Desde que chegou, em 1985, realizou atividades e preservou a história”, comenta a moradora de Linha Marechal Floriano.
Alguns cuidados precisam ser tomados para que o pinheiro permaneça bonito. Ele pode ser cortado uma semana antes do Natal e colocado em um balde com água e cascalho no local onde será posicionado. Segundo Leoni, a árvore leva pelo menos dois dias para se recuperar após murchar com o corte. É necessário repor a água assim que ela for absorvida. Depois de a árvore de Natal estar posicionada na igreja, a responsável por enfeitá-la é Claudia Becker, que também mora nas proximidades da igreja.