A chef de confeitaria Luísa de Oliveira Jungblut, de 34 anos, foi a vice-campeã do programa Masterchef Confeitaria, uma produção da Endemol Shine Brasil exibida pela TV Bandeirantes. A grande final do programa foi transmitida na quinta-feira, 19.
Natural de Porto Alegre e moradora do Rio de Janeiro há quase seis anos, Luísa tem vínculos familiares em Venâncio Aires. Filha de Mauro Jungblut, natural da Capital do Chimarrão, e de Isabel Cristina de Oliveira, tem alguns familiares ainda no município, como os tios Yegor e Rosane. Os avós paternos da chef são Erlita e Arthur Jungblut (já falecidos), que foram proprietários da Padaria Central, que ficava localizada em frente à Prefeitura.
Com formação da Le Cordon Bleu de Paris, Luísa trabalha no ramo de confeitaria há 14 anos. Na trajetória profissional, já atuou em Fortaleza, França, Espanha e Índia. “Já tive minha confeitaria em Porto Alegre e me mudei para o Rio de Janeiro trabalhando em restaurantes duas estrelas Michellin. Depois, assumi a chefia da confeitaria de uma rede de hotéis de luxo no Rio e em São Paulo”, acrescenta.
Essa foi a primeira vez que participou da seletiva do programa, já que foi a edição exclusivamente voltada para confeitaria. “Decidi me candidatar, pois quero voltar a empreender e acreditava que esse destaque seria muito importante na minha carreira nesse momento”, diz.
Nas redes sociais, a chef declarou a realização pela participação no programa. “Não foi dessa vez que ganhei o troféu. Mas ganhei muito mais do que isso. Ganhei a capacidade de admirar plenamente o meu trabalho. Tenho orgulho de cada uma das sobremesas que apresentei, da técnica, dos sabores, da escolha de ingredientes e da história”, escreveu.
Como foi a experiência no programa?
O Masterchef foi umas das experiências mais intensas que já vivi. As gravações são muito mais longas do que parecem e ficamos isolados por muitas horas na Band. É uma montanha-russa emocional muito forte, pois é uma edição voltada a profissionais e todos já tinham seus nomes consolidados. Logo, todos temos um receio e sofremos mais quando recebemos críticas ou não vamos tão bem, porque temos mais coisas em jogo. Meu maior objetivo sempre foi conseguir ser autêntica e mostrar um trabalho no qual eu acredito no programa, independentemente do resultado.
Qual teu vínculo com Venâncio Aires? Alguma experiência vivida no município moldam a pessoa que é hoje?
Eu sou neta da Elita e do Arthur, que tinham a Padaria Central, e sobrinha do Yegor, que tinha a Big Ben. Eu cresci em Venâncio Aires, sempre passei Natais, sempre viajava quase todo mês com meu pai e minha mãe, a gente pegava a estrada pra ir. Venâncio faz parte da minha infância, da minha adolescência. Eu morando em Porto Alegre, ia muito pra Venâncio Aires quando era adolescente, porque no interior eu podia aproveitar mais com a minha prima, Helena. Fiz muitos amigos na minha adolescência em Venâncio e tive dois namorados venâncio-airenses também, que loucura (risos). Faz parte da minha história.
Qual a importância da Padaria Central na tua trajetória?
Toda a família tem histórias muito divertidas na padaria. Acho que a padaria do vô e da vó fez parte da história de todos os filhos e de todos os netos. A gente já se acostumava a dormir na casa da vó e acordar e ficar com medo na madrugada, quando ouvia o barulho dos padeiros entrando. A cozinha lá dos fundos da padaria era tão grande quando eu era criança, até tinha medo de entrar. E a vó dentro da cozinha, do que ela nos ensinou, sempre foi muito peculiar. Ela gostava muito de economizar. Eles começaram com origens mais simples, então eles tinham essa coisa de economizar muito. A gente tem muitas brincadeiras com isso. Eu acho que é o ensinamento de quem passou dificuldade, batalhou para conquistar as coisas. E a cuca de uva até foi a sobremesa que eu fiz, foi uma reinvenção da cuca de uva da vó, foi a sobremesa que eu fiz no meu primeiro teste da seletiva do Masterchef, e que de uma certa maneira já conquistou. Tinha cuca de uva e outros elementos, então foi de uma certa maneira algo que já conquistou aí para conseguir entrar no programa, foi uma inspiração. A vó levava muito a cuca de uva quando nos visitava em Porto Alegre. Levavam sempre biscoito de amendoim que eles faziam na padaria, a nega maluca, saquinho de bala e de pirulito. A gente cresceu ali nos fundos da padaria, ajudando a vó.
Quando surgiu o amor pela cozinha?
Eu sempre cozinhei desde pequena, sempre foi uma coisa que eu gostei de fazer e eu fazia muito doce com as primas em Venâncio, a gente gostava de fazer brigadeiro. Acho que eu nunca tinha imaginado isso como profissão, surgiu na fase quando eu fazia Geologia na UFRGS que eu não estava me encontrando. Fazendo várias outras coisas pra descobrir, quando pensei que talvez a confeitaria poderia ser a minha profissão. Quando me deu esse estalo, isso foi muito óbvio para mim. E aí eu ‘agarrei com tudo’ e fui seguindo minha carreira. Eu nunca imaginava, quando eu via o vô e a vó com padaria, que de uma certa maneira eu estaria numa área parecida. Então eu acho que faz parte de mim, que faz parte das minhas raízes naturalmente.
Quais teus planos futuros?
Estou abrindo uma chocolateria e confeitaria ‘bean to bar’ no Rio de Janeiro. É uma nova tendência de mercado, trabalhamos com cacau fino e de origem, produzindo o meu próprio chocolate desde o zero. Se Deus quiser no futuro podemos até expandir para Porto Alegre novamente, quem sabe?