A estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua (SAP), Quéren Assis Kroth, de 14 anos, foi contemplada, em dezembro, com uma bolsa de Iniciação Científica Júnior (ICJ) concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O reconhecimento ao projeto ‘Ecoguia: dispositivo de locomoção para pessoas cegas em uma caminhada mais segura’ aconteceu após ela e o colega Matheus Casimiro da Costa apresentarem a iniciativa na Feira de Ciências da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
O trabalho foi desenvolvido pelos dois durante a Oficina de Robótica oferecida aos alunos da SAP e coordenada pela professora de Matemática Fabíola Griesang. Segundo a estudante, que em 2025 cursará o 9º ano do Ensino Fundamental, o projeto surgiu da intenção dela e do colega Matheus de desenvolverem algo que auxiliasse pessoas com deficiência.
Quéren relata que o produto criado por eles consiste em uma bengala com sensor de aproximação. “A cinquenta centímetros de distância ela emite um sinal sonoro mais agudo e mais rápido para que a pessoa saiba que há um objeto muito próximo dela”, explica a estudante. Antes, um alerta sonoro também é gerado quando o indivíduo está a um metro de distância, justamente para que quem estiver usando a bengala se sinta seguro e não tenha medo de se machucar ou sofrer algum acidente.
Preparação
Segundo a estudante, para confeccionar a bengala foram usadas peças como buzzer (destinado à emissão de sinais sonoros pela vibração da cápsula interna), arduino (placa onde é feita a programação) e sensores ultrassônico e de aproximação. “A parte mais difícil foi a programação para fazer a bengala funcionar. Estou muito feliz que o nosso projeto recebeu destaque na Feira de Ciências da Unisc”, ressalta.
Para a professora Fabíola, a conquista dessa bolsa é um reconhecimento para os estudantes, que buscam além dos conteúdos da sala de aula, por meio do trabalho com projetos, e para a instituição de ensino. “Temos alunos que fazem projetos maravilhosos. Também é muito importante para a escola, que tem iniciativas ótimas e isso mostra os projetos maravilhosos que são desenvolvidos no educandário. Para nós como professor é algo muito positivo também, pois mostra que estamos no caminho certo e que aquilo que fazemos está sendo reconhecido”, salienta.
O projeto foi realizado em dupla, mas apenas uma bolsa de iniciação científica foi concedida pelo CNPq. Por isso, as famílias dos dois estudantes envolvidos chegaram ao consenso de a bolsa ser destinada à Quéren.
Passo a passo
- Em um Diário de Bordo, a aluna da SAP anotou o passo a passo do projeto. No dia 6 de agosto, ocorreu a definição da ideia que nortearia o trabalho da dupla.
- Na semana seguinte, no dia 13, iniciou a etapa de pesquisas e formação do referencial teórico e no dia 20 eles começaram efetivamente a montar a bengala.
- Foi em 24 de setembro que os dois alunos, com o apoio da professora Fabíola, concluíram a montagem e a programação.
Planos para o futuro do projeto, a partir da bolsa de iniciação científica
A estudante Quéren Assis Kroth receberá, pelo período de 12 meses, uma bolsa de R$ 300 para dar continuidade ao projeto Ecoguia. Essa é a primeira vez que um estudante da Emef Santo Antônio de Pádua recebe esse tipo de reconhecimento. Mesmo sem ter muitas informações sobre como funcionará ao longo deste ano, até porque a escola está em período de férias, Quéren já projeta algumas ações futuras.
“A ideia é entrevistar uma pessoa com deficiência visual para saber se a bengala realmente ajuda”, cita. Além disso, ela menciona a preocupação com pessoas que sejam cegas e surdas. “Nossa intenção é colocar, além do efeito sonoro, vibração na bengala, para avisar sobre a presença de objetos.” Também é um desejo conseguir apresentar o projeto em outras feiras, que ela e o colega não tiveram a oportunidade de participar no ano passado.
“É uma experiência muito legal. Gosto de fazer os projetos e apresentá-los. Conheço muitos lugares e muitas pessoas por causa das feiras”, compartilha a adolescente. Ela também percebe o quanto essas iniciativas a ajudam a socializar e perder a timidez. “Evolui muito nessa parte”, avalia.
Em 2024, Quéren foi a representante de Mato Leitão no Encontro Regional do Oratória nas Escolas, promovido pela JCI. “Quero participar neste ano de novo e me classificar para a etapa Nacional”, relata. A mãe da estudante, Raquel Tomaz de Assis Kroth, 40 anos, também percebe essa evolução na filha.
“São oportunidades muito boas. A Secretaria de Educação, a escola e os professores sempre estão presentes e apoiam, são muito engajados e se doam pelos alunos. Para nós é um orgulho”, define Raquel. Quéren é a filha mais velha dela e do marido André Luis Kroth, 44 anos. A família, que ainda é composta por Isaac, 12 anos, Hadassa, de 6 anos, e Misael, de 3 anos, mora no Canto dos Dresch, na localidade de Palanque Pequeno, no interior de Mato Leitão.
