No domingo, 9, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou que a volta às aulas na rede estadual de ensino será adiada em uma semana. A decisão atende a um pedido do Centro dos Professores Estaduais do RS (Cpers Sindicato), que argumenta que as previsões meteorológicas preveem dias de calor extremo sobre o estado nesta semana. Segundo o sindicato, a maioria das escolas não é equipada com ar-condicionado e, quando possui, enfrenta problemas com a rede elétrica para sustentar o uso dos aparelhos. O Estado recorreu da decisão para antecipar o início do ano letivo.
Em Venâncio Aires, sete das oito escolas urbanas disponibilizam ar-condicionado em todas as salas de aula, segundo levantamento feito pela reportagem. A exceção é a Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Monte das Tabocas. Segundo a diretora Marinêz Ferreira Weizenmann, neste momento são oito salas com climatizadores, faltando ainda cinco. O objetivo é ter ar-condicionado em todos os espaços até o meio do ano.
No entanto, a dificuldade vai além da climatização. A gestora conta que a rede elétrica deixa bastante a desejar, o que também dificultaria o uso concomitante de todos os condicionadores de ar. “O problema é que nossa demanda é maior do que aquilo que a nossa rede elétrica comporta. Estamos esperando a instalação de uma subestação. Esta demanda está com Seduc [Secretaria de Educação do Estado] desde 2018, parece que só falta a licitação da empresa. Estes processos são muito demorados, enquanto isso temos que esperar”, explica.
Quedas de luz: consequência do ar-condicionado
A dificuldade na capacidade energética não é uma questão que se restringe à Escola Monte das Tabocas. Em contato com a reportagem, outras cinco instituições relataram problemas: as Escolas Estaduais de Ensino Fundamental (EEEFs) Brígida do Nascimento, Zilda de Brito Pereira e Professora Leontina e as Escolas Estaduais de Ensino Médio (EEEMs) Crescer e Cônego Albino Juchem (CAJ). Apenas a EEEF 11 de Maio e a EEEM Wolfram Metzler afirmaram que a rede dá conta da demanda.
No caso da Escola Zilda, a diretora Larissa Bittencourt ressalta que os climatizadores instalados já não são muito potentes para evitar o comprometimento elétrico. Mesmo assim, às vezes, há interrupção por sobrecarga. Já a gestora da escola Professora Leontina, Liviele Lúcia Lipke, lamenta que a fiação precária exige um revezamento entre as salas para evitar as quedas. Segundo ela, a direção já solicitou verba para solucionar o problema.
Coordenadoria avalia
A 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), de Santa Cruz do Sul, reconhece que há ainda escolas com problemas na fiação elétrica. No entanto, o coordenador Luiz Ricardo Pinho de Moura, em entrevista ao programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição de ontem, ressaltou que, antes do período que marcaria o início das aulas, foi enviado às escolas um documento sobre a infraestrutura geral das instituições de ensino.
“Nenhuma escola apontou que não teria condições para iniciar. A grande maioria tem se adequado para aquisição de ar-condicionado, tem ventiladores, mas também temos que ver todas as condições de fiação da parte elétrica. Não adianta ter só o equipamento”, disse.
Cpers se manifesta
Em contato com a reportagem, a diretora do 18º núcleo do Cpers Sindicato, que engloba Venâncio Aires, Cira Kaufmann, afirmou que ainda na quinta-feira, 6, a classe já havia solicitado o adiamento em audiência na Casa Civil.
Além da climatização precária nas salas, ela citou também “as dificuldades que passariam professores, funcionários e alunos no deslocamento da sua casa até a escola, seja caminhando ou usando o transporte escolar“. Segundo ela, há, na região, várias escolas não climatizadas.