Frente parlamentar inicia visitas em agroindústrias de Venâncio Aires

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Grupo criado no Legislativo quer colher informações em todas as agroindústrias. Reclamações relacionadas à fiscalização mobilizaram a ação.

A Frente Parlamentar em Defesa da Agroindústria, instituída no Legislativo de Venâncio Aires, começou ontem o roteiro de visitas às agroindústrias do município. O grupo vai percorrer os mais de 20 empreendimentos atualmente em funcionamento no interior, tanto de origem vegetal quanto animal, todas as segundas-feiras.

A primeira visita teve como destino a agroindústria da família de Ademir da Silva, em Linha Tangerinas. É lá que ele abriu, em 2008, a Embutidos Coloniais Tangerinas, que produz linguiças suína e mista, salsichão, banha e torresmo. Sete dos 10 vereadores que integram a frente parlamentar estiveram na propriedade: o presidente Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), o vice-presidente, Ezequiel Stahl (PL), e os membros Alessandra Ludwig e Éverton Dias (ambos do PDT), Diego Wolschick e Jeferson Schwingel, o GP (os dois do PP) e Gilberto dos Santos (MDB).

Objetivos da frente parlamentar

“O objetivo é visitar todas e conhecer a realidade de cada uma. A partir disso, construir uma alternativa para as existentes evoluírem e dar mais segurança para quem pensa em abrir. Queremos ouvir as necessidades e saber se tem havido apoio do poder público quando é solicitado”, explicou Muchila. Segundo o vereador, a motivação partiu de relatos que chegaram aos parlamentares e também de reportagem da Folha do Mate de dezembro passado, a qual mostrou a frustração e preocupação de empreendedores em relação à Vigilância Sanitária e ao Sistema de Inspeção Municipal (SIM). As maiores queixas são sobre excesso de exigências e rigidez da fiscalização.

Além das reclamações, o vice-presidente da frente parlamentar, Ezequiel Stahl destacou outro fator que lhe preocupa. “Tem gente querendo fechar e precisamos chegar num consenso para manter. Além disso, muita gente não tem coragem de legalizar e acaba trabalhando ‘frio’, e vira concorrente de quem está regularizado.”

Já o vereador Diego Wolschick, que levantou o assunto ainda em 2024, reforçou a ideia de uma audiência pública. “Ninguém é contra a fiscalização, mas como está sendo feito, torna inviável. Por isso estamos propondo a audiência.” Segundo ele, o encontro será na última semana de fevereiro.

Foto: Débora Kist/Folha do Mate

“Se não tiver apoio, vão terminar as agroindústrias”

Ademir da Silva, 58 anos, conhecido como Zica, valorizou a iniciativa dos vereadores. Ontem, recebeu os parlamentares ao lado da esposa, Sandra, 55 anos. Ele afirmou que não tem queixas relacionadas diretamente à Prefeitura, porque sempre que precisou, desde que abriu o empreendimento, há 17 anos, foi atendido. Mas ao ser questionado sobre a fiscalização, se mostrou preocupado. “Se não tiver bom senso da fiscalização, não abre mais agroindústria em Venâncio. O que eles [vereadores] estão fazendo é muito importante, porque se não tiver apoio, vão terminar as agroindústrias.

Zica também revelou que já foi abordado em outros municípios gaúchos onde participa de feiras. “Outros fiscais, de outros municípios, quando veem que sou de Venâncio, me perguntam porque aqui é tão rígido.” O empreendedor observou que, com todo o investimento que fez nos últimos anos – em 2021 ampliou o espaço físico para aumentar a linha de produtos – , o estabelecimento não tem maiores exigências. Mas, recentemente, lhe foi solicitada a troca de portas que estão enferrujando por aberturas de inox. “Tem nove portas ao todo e cada uma custa R$ 3,5 mil. Disse que tenho condições de fazer uma por mês e é isso que estou fazendo.”

Mercados maiores

Para março, a família Silva revelou que quer ter tudo encaminhado para abrir um CNPJ, como empresa administrada pelas filhas Rafaela, 26 anos, e Luisa, 20, que já trabalham na agroindústria iniciada pelos pais. “A agroindústria do pai será mantida e ele vai beneficiar o serviço para a gente. Com isso, teremos condições de vender para mercados maiores”, detalhou Rafaela. Há pouco mais de três anos, a família conquistou o selo do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-RS). Com isso, receberam autorização para vender em todo estado.

Rafaela e Luisa já garantiram a sucessão familiar da Embutidos Coloniais Tangerinas, agroindústria iniciada pelos pais Ademir e Sandra da Silva (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)


Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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