Em janeiro, o Governo do Estado anunciou oficialmente os 154 municípios do Rio Grande do Sul contemplados com recursos pelo programa Desassorear RS, que prevê investimento para serviço de maquinário a fim de remover sedimentos de arroios e rios. Entre eles está Venâncio Aires, que tem, desde terça-feira, 18, intervenções em cinco sangas e no arroio Castelhano, a partir do eixo 1 da iniciativa. Além disso, o rio Taquari, que banha a Capital do Chimarrão, em Vila Mariante, no interior, também receberá estudos para prevenção a futuras enchentes.
“O programa surge dessa necessidade de nós darmos condições para o melhor escoamento dos nossos rios. O primeiro eixo trata especificamente de ações que nós fazemos em cursos de pequeno volume de água. Abrimos um edital no fim do ano passado para que os municípios cadastrassem esses recursos hídricos de pequeno porte que precisavam de limpeza, do desassoreamento. O Governo do Estado, então, vai com o seu maquinário e com a sua equipe e executa a limpeza”, explicou a secretária estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann, em entrevista ao programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM. Como a mão de obra é fornecida também pelo Estado, cabe à Prefeitura apenas receber as equipes, indicar o local e acompanhar as obras, segundo ela.
Eixo 2 do programa
Ainda segundo Marjorie, neste momento, a Sema atua mais diretamente no eixo 2 do programa, justamente voltado para recursos hídricos maiores, como é o caso do rio Taquari. Recentemente, o Estado lançou um edital para contratação de estudo de batimetria, que vai diagnosticar o nível do leito dos rios e os pontos em que há acúmulo de sedimentos, para diminuir o perigo de inundações futuras.
Também será aberto, em breve, outro processo de seleção para topografia: “Esses estudos vão poder dar resultados mais precisos com relação à inundação, que é importante para o salvamento das pessoas, e que devem nortear as revisões dos planos diretores das cidades”.
O recurso hídrico tem sua origem na região serrana do Rio Grande do Sul, onde o leito também é bastante estreito, característica que ajuda a explicar por que é tão agressivo nos períodos de cheia. “Por ele ter essa configuração, a gente precisa muito do estudo de batimetria, porque às vezes a gente pensa que o rio está muito assoreado e, em certos pontos, ele acabou, inclusive, ficando mais profundo por essa velocidade”, disse.
Além disso, o Estado trabalha com o projeto Resiliência, Inovação e Obras para o Futuro do Rio Grande do Sul (RioS), que pretende mapear as zonas onde são registradas enchentes com frequência. “Nós devemos ter equipamentos que auxiliem, por exemplo, nessa região onde o rio desce com mais velocidade, para redução dela, com a instalação de obras”, esclareceu. Durante a conversa, a secretária citou alternativas possíveis, como bacias de contenção, diques e áreas de inundação.
Rio Grande do Sul: case na COP 30
Agendada para novembro deste ano, a Conferência das Partes 30 (COP 30) será realizada em Belém, no Pará. No evento, que reúne autoridades de todo o mundo, o intuito do Governo do Estado é apresentar um material relativo à recuperação do Rio Grande do Sul no pós-enchente. Segundo Marjorie, o governo já havia recebido dois convites para participação.
“Nós não queremos levar o estado da tragédia. Nós queremos levar o estado da resiliência, o estado que busca soluções para essa nossa alteração hídrica drástica”, afirmou. Na COP 30, o Executivo deve expôr os avanços na contenção de cheias desenvolvidos. A secretária listou, entre os aspectos que serão apresentados, o aprimoramento na previsão meteorológica, os estudos de topografia e de batimetria para melhorar os diagnósticos.
“A ideia na COP é demonstrar como esse estado, que sofreu tanto, reagiu e rapidamente retomou a sua economia, para que nós possamos auxiliar o mundo, que também vai passar por essas mudanças climáticas na sequência. O Plano Rio Grande é o maior plano de resiliência que existe em termos de dimensão e de áreas que ele tem agrupado”, concluiu.