A Câmara de Vereadores de Venâncio Aires retomará as suas atividades, após os festejos de Carnaval, com intenso debate entre os parlamentares da base governista e de oposição. Já na sua primeira sessão ordinária, marcada para o dia 10 de março, será instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o suposto desaparecimento de colchões do Almoxarifado Municipal. Nos bastidores, ela já ganhou o nome de ‘CPI dos Colchões’, algo natural quando o Poder Legislativo instala comissões desta natureza.
De um lado, os que querem explicações sobre 1.782 unidades que não foram encontradas durante verificação da Coordenadoria de Controle Interno, isso ainda em novembro do ano passado. De outro, simpatizantes da Administração que entendem que os parlamentares de oposição estão se aproveitando de uma inconsistência de notas fiscais e trocas de unidades de solteiro por casal para fazer o que classificam como politicagem. No fim das contas, todos concordam que é preciso elucidar o que aconteceu e, por isso, teremos procedimentos correndo de forma concomitante na Câmara e na Prefeitura: CPI no Legislativo e sindicância no Executivo.
O mais importante é que o debate – que será inevitável, pois há divergências de opiniões em relação ao assunto – não descambe para o baixo nível, acusações pessoais sem provas ou tentativas, de um lado ou de outro, de desqualificar as pessoas. Se houve erro, precisa ser corrigido. Se foi culposo, é necessário alertar os envolvidos e, em caso de dolo, a punição terá de ser rigorosa. Mas lembrando que, antes de um veredito, é extremamente importante atentar para a ampla defesa e o contraditório, algo que parece normal, todavia muitas vezes não é observado.
Ao mesmo tempo que podemos estar diante de um grave problema para a Administração, também é possível que a tese inicialmente apresentada pelo Poder Executivo – de inconsistência de notas fiscais e trocas de modelos – se confirme. É aquela coisa: temos que buscar uma resposta, mas sem atropelar os trâmites e a honra de quem quer que seja. Ainda mais se este atropelamento ocorrer por conta de interesse político. Repetindo, para que fique claro: perseguir a verdade é inegociável, mas aceitar quando a verdade não é aquela que você queria, também faz parte do processo. Que todos sejam responsáveis e a verdade e a transparência imperem neste episódio dos colchões.