Adubação verde e os bons resultados para a agricultura

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Uma prática que tem se tornado cada vez mais comum entre os agricultores, a adubação verde tem papel fundamental no enriquecimento do solo, especialmente das lavouras. “É como se ela tornasse uma terra dura em uma mais ‘fofa’, mais maleável”, exemplifica o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Mato Leitão, Rudinei Pinheiro Medeiros.

Segundo ele, muitos produtores rurais têm o hábito de cultivar trigo no inverno para vender o grão, mas também aproveitam a planta para deixar uma palhada no solo, ou seja, uma camada de resíduos vegetais, que deixa o solo mais protegido e saudável para as safras de verão. Também existem outras alternativas de plantas que são utilizadas com frequência.

No caso da Cidade das Orquídeas, há 20 anos existe uma legislação municipal que prevê incentivo aos agricultores para a realização da adubação verde. O programa, inclusive, foi remodelado em 2023. Conforme a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, neste ano, 83 produtores serão beneficiados com a política pública.

As inscrições aos interessados em receber os insumos aconteceram em janeiro e a entrega dos produtos deve iniciar no fim deste mês. Foram encomendados pelos agricultores 15 sacos de ervilhaca, 247 de aveia preta e 186 de azevém, além de 250 quilos de formicida. Esses tipos de plantas são utilizados para preparar a terra para as culturas de verão, como a soja e o milho. Outra opção é o nabo forrageiro. Esse, entretanto, não é oferecido pela Prefeitura. Já no verão, uma das plantas mais utilizadas é a crotalária, semeada entre outubro e novembro.

De acordo com Medeiros, o programa de incentivo à adubação verde já está consolidado em Mato Leitão e é um exemplo para outras cidades. “Poucos municípios têm isso”, comenta.

Importância

O chefe do escritório da Emater de Mato Leitão destaca que a adubação verde também auxilia muito no desenvolvimento de pomares e em meio à erva-mate, para amenizar o aumento da temperatura. Segundo ele, ela também é relevante para manter a umidade do solo em período de estiagem. “O solo não fica exposto e o sistema radicular das plantas de cobertura facilita a penetração da água”, explica.

O extensionista rural ainda ressalta que a adubação verde precisa ser feita todo o ano. “Ela é feita tanto no inverno quanto no verão”, observa.

O profissional ainda salienta que a adubação verde enriquece a biologia do solo. “Ele fica mais rico em macro e micro nutrientes, absorve mais o adubo químico e orgânico colocado nas lavouras e ajuda na descompactação do solo, o que é bem importante para o nosso município e a região de Venâncio, que tem um teor de argila alto”, compartilha.

“A lavoura melhorou em 50%”, afirma produtor rural

Produtor de leite de Linha Boa Esperança Alta, no interior de Mato Leitão, André Luís Schorr, 52 anos, iniciou o trabalho com a adubação verde há 15 anos. Ao longo deste período, no entanto, ele deixou de realizar esse trabalho durante sete anos. No ano passado, contudo, decidiu voltar a usar a técnica e já vê resultados expressivos nas lavouras.

“A lavoura melhorou em 50% no que diz respeito à qualidade da terra”, avalia. A decisão de retomar a adubação verde foi tomada após ele assistir a algumas palestras on-line sobre o assunto e entender que é possível obter resultados positivos, apesar do curto intervalo entre o plantio da safra e da safrinha de milho – utilizado para a produção de silagem que alimenta o rebanho formado por 118 cabeças, das quais 58 estão em lactação.

O período entre um plantio e outro do grão é de dois meses. Ele explica que para otimizar a adubação verde, adiantou metade do adubo que seria utilizado nas lavouras. “Isso ajudou para que ficasse uma palhada mais volumosa”, menciona. No ano passado, Schorr utilizou um mix de plantas – ervilhaca, nabo forrageiro e aveia preta – que, segundo ele, são os mais indicados para a cultura do milho.

Para este ano, a intenção é retirar a aveia preta e aumentar a quantidade de nabo forrageiro. A ideia também é tornar a área de plantio como uma unidade de observação para que outros produtores possam conhecer os benefícios da adubação verde para a agricultura.

Benefícios

Segundo o produtor, enquanto muitos agricultores tiveram problemas com a erosão do solo em razão da chuva, mas na lavoura dele isso não aconteceu. Além disso, foi mais fácil fazer a semeadura do milho safrinha. No pós-colheita, também foi possível ver diferenças. “O solo estava mais macio, não estava tão impactado”, cita.

Ele também percebe os pontos positivos em relação à minimização dos efeitos da estiagem. “A terra está muito mais resistente e com mais umidade.” Além da melhora do solo, ele alcançou um aumento de 10% na produtividade da lavoura.

Schorr já realizou análises do solo de todas as áreas em que cultiva – são oito hectares destinados ao cultivo de milho para produção de silagem – e pretende deixar todas elas com o máximo de correção. No momento, ele está com o milho safrinha plantado e pretende colhê-lo no fim de maio. Em seguida ele fará o plantio da adubação verde e, no início de agosto, semeia o milho novamente.

Agricultor André Schorr e chefe da Emater de Mato Leitão, Rudinei Medeiros, destacam os benefícios da adubação verde. (Foto: Taís Fortes)

Manejo de solo

1 O extensionista rural da Emater de Venâncio Aires, Diego Barden dos Santos, também ressalta a importância do manejo do solo. “Qual o principal lugar armazenador de água que nós temos para os produtores? Não é no açude, é no solo”, esclareceu durante entrevista ao programa jornalístico Folha 105 1ª Edição.

2 Segundo ele, para se ter um solo com capacidade de armazenamento de água e nutrientes de uma maneira adequada, é preciso se atentar a alguns aspetos. Um deles é a estrutura. “Um solo descompactado tem a capacidade de reter mais água”, explica.

3 Outra característica importante do solo para armazenar água é ter uma boa quantidade de matéria orgânica em decomposição. “Quando temos uma boa palhada de solo, com um bom volume de cobertura, teremos temperatura mais baixa e reservação de água maior”, destaca.

4 Nesse sentido, ele reforça a necessidade de um olhar atento ao manejo da terra. “Quando se tem o solo estruturado e com uma boa palhada em cima percebemos que as culturas sofrem muito menos do que onde temos lavouras com o solo todo mexido, compactado e que não tem a palhada com reserva de umidade”, analisa.

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