Em um dia que era para ser de festa em Mato Leitão – nesta quinta-feira, 20, o município completa 33 anos de emancipação – o sentimento é de indignação e tristeza entre os moradores. Centenas de túmulos do Cemitério Santa Inês, localizado na rua Leopoldo Aloisius Hinterholz, nas proximidades da Unidade Básica de Saúde (UBS) Central e da Seubv, foram alvo de furtos na noite desta quarta-feira, 19.
A situação chegou ao conhecimento da diretoria da Comunidade Católica Santa Inês após o zelador do espaço ir até o local na manhã de hoje. “Tomei conhecimento hoje pela manhã, por volta das 10h, quando o zelador me informou. Ao chegar no cemitério, me deparei com inúmeras pessoas, participantes da comunidade, que estavam conferindo o que aconteceu”, relatou a presidente da Comunidade Santa Inês, Claudete Schuster.
Ela explicou que pela manhã integrantes da diretoria e o pároco Cláudio Kirst estiveram no local para avaliar a situação. Também foi feito um boletim de ocorrência junto à Brigada Militar (BM) do município, que esteve no local. “Assim como as famílias, lamentamos muito o ocorrido, porque o nosso cemitério é muito bem cuidado. Temos pessoas que zelam por ele, mantendo-o sempre limpo. É um lugar onde se busca um pouco de conforto para relembrar e homenagear os nossos entes falecidos. Vemos que o ser humano está perdendo seus valores”, destacou.

Ação
Acredita-se que os criminosos tenham acessado o cemitério pelos fundos, onde as sepulturas apresentam prejuízos maiores, com a retirada de cruzes, molduras, fotos e os letreiros de identificação. Em muitos casos, os túmulos apresentam apenas a marca de onde estava gravado o nome da pessoa. Na parte da frente, o principal dano envolve a retirada de crucifixos em praticamente todas as sepulturas.
A ação dos vândalos aconteceu na noite de ontem, durante a festa de aniversário da Cidade das Orquídeas, realizada na Seubv. “Mais lamentável ainda, que em um dia de alegria e de felicidade para os munícipes, que comemoraram 33 anos dessa cidade que tanto amamos, a gente amanheceu com essa notícia tão triste, que é esse vandalismo. Foi durante a noite, porque no fim da tarde [de ontem] nosso zelador passou pelo cemitério e estava tudo certo”, compartilhou a presidente da Comunidade.
Tristeza e incredulidade
A primeira preocupação da empresária Júlia Grasiela Theisen, 44 anos, moradora do Centro de Mato Leitão, quando ficou sabendo do que havia acontecido no cemitério, pelo grupo de sócios da Seubv, era saber como estava a sepultura do pai. Foi um dos irmãos dela o primeiro a ir até o local. “Quando ele mandou a foto do túmulo do pai foi muito triste. Esse é um lugar onde a gente se conecta um pouco mais com a pessoa. Agora, não temos mais a foto e nem nada do que fizemos com carinho para lembrar dele.”
Do local, foram retirados o crucifixo, o letreiro com o nome e ainda a foto e a moldura dela. Com os olhos cheios de lágrimas, Júlia ressaltou que o abalo emocional pela situação é bem maior do que o prejuízo financeiro. “A perda já é um momento de tristeza para a família. Não faço ideia do valor financeiro, mas o sentimental foi grande”, mencionou.
Ela estava no cemitério na tarde desta quinta acompanhada da mãe, a aposentada Lúcia Maria Theisen, 72 anos. O túmulo dos avós maternos de Júlia também sofreu avarias. “Só ficou as fotos”, mencionou.

Assim como Júlia, a comerciante Liane Andréia Martins, 46 anos, demorou a acreditar no que via. Ela ficou sabendo sobre o fato no Facebook. O túmulo do marido também foi depredado pelos vândalos, que levaram duas fotos e as molduras delas e os letreiros com o nome e as datas de nascimento e falecimento dele. “É um sentimento de tristeza. É levar um pedacinho da lembrança dele. Para o meu filho vai ser bem triste ver isso. Ele vai ficar muito sentido”, mencionou Liane, muito emocionada.
O sentimento de tristeza e incredulidade pela situação é compartilhado entre a comunidade. Durante todo o dia a movimentação foi intensa no Cemitério Santa Inês, especialmente de familiares que foram até o local para conferir a situação dos túmulos de entes queridos sepultados no espaço.
