Eliane Brum é uma das maiores jornalistas do Brasil. Gaúcha de Ijuí, despontou na reportagem na Zero Hora, atuou por anos na revista Época e inspirou uma geração de jornalistas, assim como eu, com seu texto sensível, a reportagem aprofundada e o trabalho dedicado em dar voz a pessoas que, na grande maioria das vezes, passam despercebidas e carregam histórias invisibilizadas. Eliane trabalha com cobertura jornalística na Amazônia há cerca de 25 anos e, desde 2017, mora em Altamira, no Pará. Tornou-se referência em jornalismo ambiental e, mais do que isso, na defesa do meio ambiente e dos povos originários.
No início desta semana, tive o privilégio de conhecê-la, ao lado das colegas da Redação da Folha do Mate, Débora Kist e Luana Schweikart, e da minha irmã Sabrina – todas nós, grandes admiradoras do trabalho da jornalista, escritora e documentarista, que abriu o IX Simpósio Internacional Diálogos da Contemporaneidade da Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado.
Quase um ano depois da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul, com grande impacto na região, o evento realizado na segunda-feira, 14, teve como tema ‘Por outros modos de pensar – A vida, a terra e o nosso jeito de estar no mundo’, com foco nas questões ambientais. A participação de Eliane foi emocionante. Sua fala, impactante. Um alerta sobre a necessidade de ações urgentes para frear a destruição da Floresta Amazônica, o aquecimento global, a exterminação da vida nas suas mais diversas manifestações – dos humanos aos animais, rios e plantas.
Eliane também compartilhou o sentimento de frustração com relação às lutas ambientais, especialmente pela negligência dos governos. Para ela, é como se escrevesse cartas que se extraviam antes de chegar aos destinatários. Quando chegam, são rasgadas ou deixam de ser lidas. O negacionismo é, sem dúvida, um dos maiores perigos. Ao encontro disso, a informação é uma aliada poderosa. Como jornalista, sinto a responsabilidade de dar voz às pautas ambientais na nossa região. Sejam problemas, boas iniciativas ou estratégias possíveis.
Por isso, este texto tem como título uma fala de esperança compartilhada por Eliane Brum no bate-papo realizado no Teatro Univates. “Fazer pouco é muito diferente de fazer nada”, disse ela. Anotei essa frase para lembrar todos os dias.
Se a emergência das questões ambientais preocupa e às vezes parecemos estar de mãos amarradas, cabe lembrar o poder das pequenas ações. Elas podem parecer insignificantes na nossa rotina, mas fazem, sim, a diferença – para dormir de consciência tranquila, para inspirar outras pessoas, para agir por um futuro melhor para nossos filhos. Utilizar uma sacola retornável ao ir ao supermercado, plantar uma árvore, ter composteira em casa. Trocar o copo descartável pela xícara de café. Repensar e reduzir o consumo. Separar e destinar corretamente o lixo. Realmente, parece muito pouco. Mas é bem diferente do que ficar de braços cruzados. Obrigada, Eliane Brum, por este e por tantos outros ensinamentos.