Pene, Peninha e Isabela: uma amizade diferente

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É em uma chácara no Distrito Industrial de Venâncio Aires que se encontra um pedacinho da ‘colônia’ em meio à movimentação da cidade. Na propriedade com cães, pavão, d’angolas, pombo, tilápias no açude e mais de 100 árvores frutíferas, uma amizade chama atenção: a de Isabela Sackser Kessler, de 9 anos, com as galinhas Pene e Peninha. A menina tem o verdadeiro dom com os animais, que são ‘encantados’ e chegam a dormir no colo da pequena, além de sentirem o carinho e cuidado a ponto de ficarem à vontade com a família.

A história desta amizade começou com a paixão de Isabela por cavalos. A mãe, Joice Raquel Sackser, de 49 anos, explica que desde pequena é apelidada de Valente – fazendo referência à personagem da Disney, Merida, do filme ‘Valente’, pelos cabelos cacheados e ruivos e, claro, o amor pelos cavalos. Em uma negociação entre os pais e a menina, foi decidido que ao invés do cavalo, seria comprada uma galinha. Na chácara de Airton Bade, no bairro Santa Tecla, o animal foi encontrado, mas havia duas opções na raça Sebright: uma na cor dourada e outra na cor prata. Sem conseguir escolher, Isabela ganhou as duas.

Desde o primeiro encontro – o que já faz cerca de quatro anos –, a parceria entre as galinhas e a menina só aumenta. Isabela as alimenta e ajuda no cuidado diário com os bichinhos. Até para a casa de praia, em Balneário Pinhal, a pequena já levou a Pene (a prateada) e a Peninha (a dourada). Em casa, elas dormem em um armário antigo. “Cuidam do pátio como cachorros, mas com a gente são mansas, estão sempre juntas”, afirma Joice. Na propriedade, as galinhas não são carneadas e morrem de velhas. Na família, algumas galinhas já estão com 14 ou 15 anos de vida.

Isabela, que estuda no 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer, diz que o que mais gosta de fazer com as amigas galinhas é pegá-las no colo, fazer carinho e dormir abraçada. Além de andar de balanço e dar comida para elas. “Elas adoram cuca e pão. Se pego algo para comer, elas estão atrás de mim querendo também”, diz. Segundo ela, os colegas acham engraçado ter galinhas de estimação e alguns têm até medo.

De família

O amor pelos animais não foi algo que surgiu com a Isabela. O avô da menina – Astor, já falecido e pai de Claiton Kessler –, tinha dom de amansar terneiros e cachorros. A mãe de Claiton, Leda, de 81 anos, ama os animais, e a família de Joice também é do interior.
Kessler enfatiza que a relação forte com os animais está presente na família há gerações. “Prezamos pela linguagem do cuidado e do carinho. Tem crianças hoje, com 10 ou 12 anos, que nunca viram uma galinha e não têm contato com os animais. Viemos de famílias em que isso é normal.”

Na chácara na qual a família reside há oito anos, já passaram gansos e marrecos. Os colegas de aula de Isabela costumam também visitar o local e ficam impressionados com os animais. “Fazem a festa aqui, acaba virando uma atração”, conta Joice. Apesar de a ideia de ter um cavalo ter sido substituída pela amizade com as galinhas, Isabela ainda não desistiu do sonho.

Hoje, a família reside e trabalha no local. Kessler, de 51 anos, tem uma oficina de restauração e é armeiro, já Joice tem um atelier de costura. Os pais contam que Isabela é uma criança ‘raiz’, pois até tem um celular para manter contato e tem os momentos que se distrai com jogos de tela, mas se for para escolher, ela prefere brincar na rua com os animais.

A amizade com Kessileri e Cabeluda

  • O nome é curioso e tem uma história. Kessileri é mais uma das amizades galináceas de Isabela. Ela foi comprada ainda como pintinho, dentro do ovo, e foi chocada na propriedade. O nome vem de uma situação com o pai, Claiton Kessler, quando em um dia fraturou a costela e teve que ir para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
  • No local, sem perceber, o identificaram de forma errada, como Clairton Kessileri. Após horas de espera, Claiton não entendia o porquê não era chamado para o atendimento, pois a equipe da UPA chamava pelo nome errado e ninguém aparecia. O paciente constava como evadido, no entanto, era Claiton, que aguardava ser chamado pelo nome correto. “A Isabela que percebeu o erro quando viu a etiqueta em mim, e na hora falei que era um bom nome para uma galinha. Caímos na risada.”
  • Pene e Peninha são ciumentas, mas também precisam dividir a tenção de Isabela com a Cabeluda, uma galinha da raça sedosa – cheia de penas –, que ganhou de um casal de amigos. A mais ‘conversadeira’, que interage quando é perguntada.
Kessileri e Cabeluda também dividem a amizade com Isabela. (Foto: Luana Schweikart)

Coqueluche

  • A relação de Isabela com os cavalos também tem ligação com a saúde. Quando a menina tinha 1 ano, teve coqueluche, e segundo a mãe, Joice, há uma lenda que diz que leite de égua reduz a tosse da doença à noite. E assim fizeram. Isabela tomou o leite, que tem gosto forte, e melhorou.

“Elas são muito especiais para mim. Não sei explicar essa amizade, só quero o bem delas e de todos os animais.”
ISABELA SACKSER KESSLER
Estudante de 9 anos



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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