Sexta-feira, 27, é noite para sair de casa e assistir um espetáculo não inédito, mas raro na Capital Nacional do Chimarrão. Pela terceira vez, pontualmente a partir das 20h, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) se apresenta na Igreja Matriz São Sebastião Mártir. O concerto Paisagens Virtuosísticas marca os 75 anos do grupo. E, por incrível que pareça, sua história tem presença marcante de cinco virtuosos venâncio-airenses.
Um deles, César Lenhardt, é trompetista. Concursado, segue trajetória semelhante à de Nélio Bencke, violinista por 10 anos na orquestra. Também passaram pela Ospa os jovens Tiago Schwingel, Rondinele Lopes e Edenir Ströher, todos com histórico na banda do Colégio Gaspar Silveira Martins e, hoje, com uma trajetória de muito estudo e conquistas na música.
O espetáculo desta sexta-feira é gratuito e integra o projeto Ospa na Comunidade, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Será o mesmo concerto oficial, agendado para sábado, 28, na Casa da Ospa, em Porto Alegre. Tem na regência o maestro Manfredo Schmiedt e, como solista, o clarinetista tcheco Milan Rericha, que integrou a Südwestphalen Philharmonie, de Seigen, na Alemanha. Em Venâncio Aires, a organização conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Esportes, Museu e Paróquia São Sebastião Mártir. No repertório, clássicos de Beethoven, Mendelssohn, Camille Saint-Saëns e outros.
O pioneiro e mestre do violino
O primeiro venâncio-airense, que se tem conhecimento, a atuar na Ospa, foi Nélio Edgar Bencke. Sua família tem importante trajetória na música. Em matéria postada no site do jornal Extra Classe, em 1998, o irmão de Nélio, Luiz Alberto, lembra que o pai, autodidata, os iniciou na música, no interior de Santa Cruz do Sul, onde moraram. Diariamente, tinham que tocar por meia hora, antes de sair para a escola. Todos, na família, dominavam algum instrumento e, aos domingos, se reuniam com alunos do pai para fazer música.

Luiz também lembra do irmão, que lhe presenteou com um violino. Na época, já atuava na Ospa e residia de Ivoti, onde ministrava aulas. Nélio, inclusive, é citado em trabalho de conclusão do Programa de Pós-Graduação e Teologia pela Faculdades Est, de São Leopoldo, em 2008, intitulado ‘Música na formação dos alunos do Instituto de Educação Ivoti: um século de história’. Irving Feldens cita a atuação do venâncio-airense como professor de violino, nos anos de 1980.
Em julho 2024, o violinista foi lembrado em apresentação da Orquestra no Teatro da Univates, em Lajeado, na presença da viúva Ruth Bencke, então com 87 anos. Seu nome e parte de sua obra estão registrados em, pelo menos, oito discos gravados pela Ospa e em participações, como os volume 1 e 3 da série Concertos Zaffari, como violinista da Orquestra da PUC, respectivamente em 1999 e 2001.
Os sucessores
César Lenhardt também é músico concursado da Ospa. Atua como segundo ou quarto trompetista desde 1994. O terceiro filho, de quatro, de Hélio e Noely Lenhardt morou em Vila Terezinha até os 12 anos. Teve seus primeiros contatos com a música, acompanhando o pai nos ensaios d’Os Siderais. Em Venâncio Aires, estudou no Colégio Gaspar, onde participou da banda. Aos 17, foi estudar em Porto Alegre, na Escola de Música da Ospa. Cinco anos depois, formou-se bacharel em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Edenir Ströher é professor de música e trompetista na Orquestra de Teutônia. O filho de Edi e Alcidio Ströher e irmão da Monia deixou a terra natal aos 18 anos. Iniciou na música aos 10, por incentivo do pai. Também passou pela banda do Colégio Gaspar, mas foi buscar formação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1999. Graduado em 2004, ingressou na Escola da Ospa para estudar com José Maria Barrios entre 2005 e 2006, período em que participou de alguns concertos como convidado, indicado pelo professor. O pai do Miguel e da Beatriz chegou a tocar ao lado César Lenhard. Fora do Brasil, se apresentou com a Orquestra de Teutônia na Alemanha, em 2023.

Rondineli Lopes passou a infância no Bairro Aviação. O filho de Delmar João e Rosane Dornelles Lopes e irmão do Samuel, que é músico da Banda da Marinha do Brasil, em Rio Grande, por incentivo da família, ingressou na banda do Colégio Gaspar. Formou-se bacharel e é licenciado em Música, com pós-graduação em Educação Musical. Professor concursado da rede municipal de ensino da cidade de Campo Bom, onde reside com a esposa, também atua como regente da Banda Marcial da Escola Presidente Vargas e maestro da Banda Municipal e da Orquestra Jovem. Ainda, integra a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo e atua como músico convidado da Ospa como trompista.

Tiago Schwingel é filho de Rubens (popular Brama) e Isabel Maria Alles Schwingel e irmão da Luana gostava de ouvir música na infância. A prática iniciou na banda do Colégio Gaspar, tocando trompete aos 9 anos. Neste mesmo ano começou a ter aulas teóricas com a professora Lia Knies Pochmann. Nos anos seguintes, dividiu seus aprendizados entre a UFSM e a Escola da Ospa. Em 2002, participou de intercâmbio com a University of Georgia, em Athens, nos Estados Unidos, onde desenvolveu a performance do trompete com o renomado Fred Mills. Vencedor do Concurso Jovens Solistas, em 2001, 2002 e 2003, organizado pela Fundação Ospa, seguiu participando de vários concertos como músico convidado da Orquestra. Em 21 de março de 2002, se apresentou em Venâncio Aires ao lado Cesar Lenhardt. Em outras ocasiões, tocou com o trompista Rondineli Lopes e o violinista Nélio Bencke. Seu último concerto com a Ospa foi em 2015. Em Goiânia, onde reside, atuou na Orquestra Sinfônica até 2019, quando se tornou professor de Artes/Música no Instituto Federal de Goiás.