Entregadores: a ponte entre a compra e a entrega na porta de casa

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As compras pela internet aumentaram expressivamente nos últimos anos. O comércio eletrônico foi impulsionado ainda mais a partir da pandemia de Covid-19. Com o crescimento das compras nesse formato, as entregas se tornaram parte essencial para garantir a logística das mercadorias. Isso vale para a rotina de quem compra e daqueles que vendem e compram os produtos. Assim também surgiram novas oportunidades de geração de renda.

Natural do interior de Venâncio Aires, Alexandre Mello trabalhava como frentista em um posto de gasolina e atuava como entregador no tempo livre. Com o passar do tempo, viu uma oportunidade e o serviço se transformou na sua principal atividade profissional. “No começo era só um dinheiro extra, mas fui me dedicando, me identifiquei com a área e decidi trabalhar como entregador pra mim mesmo”, relembra Mello. O início, segundo ele, foi marcado por desafios. “Era difícil porque eu não conhecia as ruas da cidade e as pessoas também não me conheciam.”

Um período depois, Mello abriu a própria empresa. Hoje, ele e mais um funcionário são responsáveis pelas entregas menores, realizadas com motocicletas. Já os pacotes maiores são entregues pela esposa.

Alexandre Mello viu na área a oportunidade de abrir um negócio (Foto: Ismael Stürmer/Folha do Mate)

A rotina de Alexandre começa entre 4h e 5h, quando se desloca até Estrela para buscar as mercadorias em um centro de distribuição. De volta para Venâncio, define as rotas, que precisam ser concluídas até as 17h. Caso alguma entrega não seja realizada dentro do prazo, o pacote precisará ser devolvido no mesmo dia em na cidade vizinha. “Se não der conta, eles entendem que eu não tenho capacidade para tantas entregas e diminuem o meu nível na plataforma”, explica.

Júnior Maciel Dias, 31 anos, morador do bairro Battisti, também aposta nas entregas do Mercado Livre como trabalho. Além de trabalhar na cidade, ele distribui remessas em municípios da região, como Estrela e Lajeado. Com o próprio carro, realiza entregas conforme a demanda: cerca de 35 pacotes por viagem.

Ele já atuou como motorista e vendedor, mas encontrou na área de entregas uma forma de conquistar autonomia sobre o tempo e o rendimento. “A gente faz as entregas, e quando elas terminam, temos tempo livre para fazer outras coisas. É uma rotina tranquila, em que buscamos os pacotes e entregamos. É corrido, mas bastante produtivo, sem falar que temos a possibilidade de ganharmos adicionais também”, explica.

Junior Dias trabalha entregando pacotes para o Mercado Livre (Foto: Júnior Posselt/Folha do Mate)

Formalização é essencial para quem atua na área

Assim como outras plataformas, o Mercado Livre exige que o entregador parceiro tenha o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Em Venâncio Aires, a Sala do Empreendedor já percebe um crescimento significativo no número de autônomos que buscam regularização ou orientação sobre a atividade. “Nosso papel aqui é justamente oferecer esse suporte, para que esses trabalhadores tenham acesso à informação, possam se regularizar e ter mais oportunidades e proteção no exercício da atividade”, afirma a coordenadora Liliane Wagner.

Na maioria dos casos, os profissionais se enquadram como Microempreendedores Individuais (MEI), na categoria de serviços de entrega de mercadorias. “Mas é importante avaliar cada caso, já que o tipo de transporte e a forma de contratação impactam no enquadramento correto”, pontua Liliane.

  • Benefícios da formalização como MEI: A formalização como Microempreendedor Individual (MEI) traz uma série de benefícios importantes, como cobertura previdenciária (auxílio-doença, aposentadoria, salário-maternidade), acesso a microcrédito com melhores condições, possibilidade de emissão de nota fiscal e mais segurança jurídica para atuar no mercado.

Compras online continuarão crescendo

O comércio eletrônico teve o crescimento impulsionado durante a pandemia de Covid-19. Com o avanço da tecnologia e a mudança de hábitos de consumo, o comércio local também está se reinventando. Muitas lojas físicas em Venâncio Aires e região passaram a oferecer produtos em sites, redes sociais e outros aplicativos. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), os itens mais procurados incluem eletrônicos, eletrodomésticos, produtos de limpeza e decoração.

Para a doutora em Desenvolvimento Regional Cíntia Agostini, a expansão das vendas digitais e do serviço de entregas está diretamente ligada a melhoria no acesso à informação, confiança nos meios de pagamento e facilidade proporcionada pelos celulares. “Hoje em dia a maioria das pessoas já fez algum tipo de compra pela internet. Mesmo que a gente compre presencial, muitas vezes consultamos as plataformas para comparar”, diz.

Ela ressalta que o setor logístico seguirá em crescimento e exigirá cada vez mais profissionalização. “São as pessoas que entregam, vinculadas a essas grandes plataformas, que cumprem metas e são remuneradas. Caso não fizerem, podem ser punidas. O entregador entende que isso é o negócio dele. Quanto mais trabalhar, melhor o resultado que vai ter”, pontua.

“Teremos aumento muito grande das vendas pela internet. A inteligência artificial vai qualificar mais ainda as ferramentas, com melhores informações para tomada de decisões, demandando ainda mais pessoas trabalhando na parte logística.”

CÍNTIA AGOSTINI
Doutora em Desenvolvimento Regional

Oferecido por Taboola

    

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