A Emater/RS-Ascar fez aniversário em junho, quando completou 70 anos, no dia 2. Nesta data, foi fundada a Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar) que, em 1977, passou a atuar de forma conjunta com a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). Atualmente, são 1.670 empregados da Emater/RS-Ascar, que atuam nos 497 municípios gaúchos, beneficiando mais de 200 mil famílias que vivem no meio rural, como agricultores e pecuaristas familiares, comunidades indígenas e quilombolas, pescadores e assentados.
Em dezembro de 2026, o trabalho da Emater/RS-Ascar em Venâncio Aires completará seis décadas. Para o chefe do escritório local, Vicente Fin, mais do que celebrar o aniversário, é essencial lembrar dos colegas que já passaram e ajudaram a construir o caminho e a credibilidade junto aos agricultores. “É importante nos fortalecermos enquanto Emater e continuarmos o trabalho iniciado por outras pessoas. Foi criado, ao longo dos anos, um caminho para entrar nas propriedades das famílias. Assim, encontramos as porteiras abertas e somos acolhidos enquanto profissionais”, argumenta.
Venâncio
Fazem parte da equipe da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires o chefe do escritório local, Vicente Fin; o técnico agrícola Alexandre Kreibich; o engenheiro agrícola Diego Barden dos Santos; a extensionista rural e engenheira agrônoma Djeimi Janisch; a extensionista rural social Viviane Röhrs; e a estagiária Luiza Weyh. O escritório está localizado na rua Barão do Triunfo, número 1.265, no Centro.

Trabalho de extensão rural com a produção de morangos
Desde agosto de 2012, a engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Djeimi Janisch, de 40 anos, integra o escritório local da Emater/RS-Ascar como extensionista rural. Natural da Capital do Chimarrão, desde criança sempre soube que queria trabalhar com agricultura. Filha da professora Sulane e do agricultor Francisco, acompanhava de perto o trabalho da família. A história com a Emater, aliás, também começou na infância, já que a família Janisch era atendida pela equipe local da entidade.
Após se formar, foi aprovada em concurso da Emater/RS-Ascar e retornou ao município para aplicar, na prática, o que aprendeu em Santa Maria. Entre os diversos temas que envolvem o trabalho de um extensionista rural, ela se encontrou principalmente nos morangos, na horticultura e, claro, na erva-mate. Além de realizar visitas e acompanhar de perto as produções das famílias atendidas, também realiza tarefas administrativas.
A reportagem acompanhou uma tarde de trabalho de Djeimi para conhecer parte das atividades de uma extensionista. Na quarta-feira, 25, estava agendada a visita à produtora de morangos Marli Rosângela de Oliveira, de 57 anos, moradora de Linha São João, no interior de Venâncio Aires. Djeimi atende a família há mais de um ano e, segundo Marli, “já é da casa”.
Marli decidiu diversificar a propriedade no último ano e iniciar a produção de morangos. Procurou o escritório local da Emater/RS-Ascar e apresentou a ideia. Ela e o marido, João Aloísio Dörr, de 60 anos, também são produtores de tabaco. “No início, foi um grande desafio. Eu não sabia produzir e muito menos vender. Agora, é uma realização ver que as pessoas gostam e valorizam o meu produto”, relata.
Com as porteiras abertas, Djeimi chegou pelos fundos da propriedade, onde ficam as duas estufas de morango, com cerca de 2,4 mil mudas cultivadas. “Ô de casa, Marli! Cheguei!”, anunciou, batendo palmas ao entrar no pátio.
Prontamente, a agricultora recebeu a extensionista e a equipe de reportagem. O primeiro passo da visita foi verificar a situação das mudas nas estufas. Com olhar atento e cuidado com as plantas, a engenheira agrônoma examinou as folhas, enquanto era acompanhada por Marli, curiosa e dedicada à produção, que aproveitou para tirar dúvidas sobre floração, adubação e o sistema de gotejamento.
Durante a visita, Djeimi recolheu algumas folhas com suspeita de fungo e foi até a casa da produtora para analisá-las com um microscópio digital, equipamento que Marli possui. “Sempre indico que os produtores tenham esse tipo de aparelho, para que possam ser mais independentes no manejo da produção”, comenta a extensionista.
Na cozinha, o cheiro de pão recém-assado tomou conta do ambiente. Também com o chimarrão pronto, Marli ofereceu acompanhado de geleia feita com os próprios morangos. “Aprendi a fazer geleias em um curso da Emater/RS-Ascar. Experimentem com o pão que acabei de fazer”, disse, orgulhosa.
Ao ser perguntada sobre trabalho da Emater/RS-Ascar em sua propriedade, Marli respondeu que com a instituição aprendeu coisas que nunca imaginou ter contato, como cursos de culinária e eventos com o Clube de Mães. “A Emater é tudo. Para nós, mulheres, o trabalho nos clubes de mães é muito importante e, claro, a Djeimi que me ajuda com todas as dúvidas na produção de morangos”, diz.
Djeimi explica que, assim como Marli, produtores interessados em diversificar a propriedade e iniciar uma nova cultura, mas que não sabem por onde começar, devem procurar o escritório da Emater/RS-Ascar para receber orientações e acompanhamento.
Trocas de experiências
Djeimi resume o trabalho de extensionista como dinâmico e baseado na troca de experiências com os produtores. “Ao longo das visitas, além das orientações técnicas que damos para ajudar na produção, também aprendemos muito além da agricultura. É um trabalho social e humano, com muita conversa e escuta. Sou realizada com o que faço”, pontua.
Com a ligação próxima às famílias atendidas, as preocupações também se estendem para além do horário de expediente. “Quando deito na cama, penso: como devem estar as estufas das famílias com essa chuva ou esse vento? Essas e tantas outras são minhas preocupações também”, afirma.
Transformar vidas com o trabalho social
Desde que chegou a Venâncio Aires, há cinco anos, durante a pandemia, a extensionista rural social da Emater-RS/Ascar, Viviane Röhrs, de 41 anos, já tinha em mente o trabalho que seria realizado e o desafio de atender um município com extensa área rural. Com outras experiências anteriores, a bióloga com especialização em Educação Ambiental, natural de Segredo, contabiliza quase 15 anos de atuação na Emater/RS-Ascar.
Na Capital do Chimarrão, o foco do trabalho social está voltado aos grupos de mulheres rurais, aos 26 clubes de mães, às famílias em situação de vulnerabilidade social, à educação ambiental e aos encontros gastronômicos.

Viviane Röhrs é a caçula dos agricultores Ivo e Eronita e, desde a infância, mantinha relação com a empresa, já que os pais eram atendidos pela equipe na época. “Sou completamente realizada pelo trabalho que realizo no município. Meu propósito é transformar vidas, e é muito gratificante receber o retorno da comunidade e ver que o trabalho está dando certo”, afirma.

Entre as ações realizadas, estão os intercâmbios entre clubes de mães, com o objetivo de promover integração e trocas de experiências entre as mulheres; cursos de artesanato e gastronomia; e viagens que proporcionam novos aprendizados. Também se destaca a organização do Encontro da Mulher Rural, com a escolha da Agricultora Destaque. Neste ano, o evento reuniu mais de 800 pessoas na Suib, em Centro Linha Brasil, com o intuito de promover autoestima e protagonismo feminino entre as participantes. O trabalho social também abrange o atendimento a dois grupos, Linha Cachoeira e Linha Paredão Pires, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município.

“Fui aceita pela comunidade de Venâncio Aires. Sempre busco melhorar os eventos e trazer coisas novas para as mulheres rurais.”
VIVIANE RÖHRS